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sábado, 31 de janeiro de 2015

“IMPERDOÁVEL” RESPONDE A DR.ª ANA PAULA MARQUES ÀS DECLARAÇÕES DE CARLOS ÁVILA SOBRE A RECUPERAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DAS FURNAS

In, Jornal Correio dos Açores, 30 de Janeiro de 2015

Carlos Ávila, presidente da Câmara Municipal da Povoação eleito pelo PS/Açores

Com oito milhões de euros (Plano das Furnas) nós teríamos feito um melhor trabalho na massa de água na Lagoa das Furnas do que foi feito até hoje. (…) O relatório de avaliação da Lagoa das Furnas é pobre do ponto de vista técnico. Apesar de eles virem dizer que trabalharam muito, mas eu digo que vocês não sabem como é que se trabalha”.

Esteve mal o Senhor Presidente da Câmara Municipal da Povoação nas declarações proferidas hoje (anteontem) numa cerimónia pública de apresentação dos resultados da implementação do Plano Especial da Bacia Hidrográfica das Furnas, pois não conhece o trabalho realizado ao longo destes últimos dez anos. Senão vejamos, só a aquisição dos terrenos, cerca de 300 hectares, foram um investimento de aproximadamente sete milhões de euros. Para além disso, fizeram-se bacias de retenção de caudal sólido para evitar a entrada de nutrientes na bacia. Tive o gosto de liderar uma equipa de gente trabalhadora, tecnicamente competente e estas afirmações constituem um insulto a quem lá trabalhou e trabalha. Eu, em particular, sinto-me muito honrada pelo que aprendi e pelo trabalho que os técnicos realizaram.

A equipa da antiga Direcção Regional do Ordenamento do Território, os Recursos Hídricos e os funcionários da Azorina, anterior SPRA Açores implementaram o Plano que foi objecto de discussão pública e aprovado pelos órgãos de gestão local. A florestação daquele vasto território levada a cabo sobre a coordenação do engenheiro florestal, Miguel Ferreira, pode hoje ser visitada e constituiu o orgulho dos muitos que se associaram aquele projecto que tem vindo a merecer destaque em concursos internacionais de boas práticas de intervenção. Muito poderia dizer sobre o que a história se encarregará de fazer justiça. Cá estou, humildemente, para conduzir numa visita guiada o Senhor Presidente da Câmara da Povoação à zona de intervenção e verificar, in loco, o que se fez e o que se está a fazer, nomeadamente uma visita aos terrenos adquiridos e, entretanto, valorizados. A natureza levará muitos anos a reparar os erros cometidos durante algumas décadas. O povo das Furnas saberá julgar porque acompanhou todo o processo. É fácil hoje chegar lá e dizer que fazia melhor!

Enquanto por lá andei nunca tive o gosto de constatar a presença de tão ilustre pessoa, nem sequer pedidos de esclarecimento ou opinião. Lamento muito o que ouvi e faço aqui um apelo aos que lá trabalham para não desistirem de continuar a abraçar as causas em que acreditam e lutam todos os dias. Falei nos últimos minutos com alguns desses intervenientes senti a tristeza pelo descrédito do seu trabalho. É triste! Deixo uma frase que me habituei a usar nas minhas aulas “ só se preserva o que verdadeiramente se conhece e ama”. Peço-vos que sejam guardiões desse santuário, pois as gerações vindouras hão-de apreciá-lo...bem hajam e contem sempre, mas sempre com a minha solidariedade, admiração e respeito.

Reacção da Dr.ª Ana Paula Marques a algumas manifestações de apoio ao seu texto na sua página do Facebook: - Caros amigos, como sabem, o que não me falta é sentido de justiça e sempre detestei a ignorância. Não a desculpo nem aos do meu partido nem aos outros e gosto de respeitar o trabalho. Fui assim educada por um homem que não tinha muita instrução, mas ensinou-me a aceitar a crítica e a exercê-la quando é necessário. Neste caso em particular não me calo, pelo respeito e admiração que tenho pelos profissionais daquele departamento do governo. Ainda me lembro do dia em que recebi com determinação e sentido de responsabilidade a ordem do Senhor Presidente do Governo para adquirir aqueles terrenos. As margens da Lagoa estavam a ficar azuis, tal era a carga de poluição e nesse dia saí de lá alagada até ao joelho e lembro-me dos que lá estavam comigo, e dos homens alagados em lama e a suportarem um cheiro nauseabundo. Nesse dia notei a ausência do Senhor Dr. Carlos Ávila. Também quero aqui deixar testemunho do papel determinante do Secretário Regional da Agricultura e Florestas, Dr. Noé Rodrigues, pelo apoio e ajuda neste processo difícil mas vencedor. O mesmo posso dizer do Presidente da Associação Agrícola, o senhor Jorge Rita no apoio incondicional à resolução deste assunto. A Lagoa das Furnas não será um pântano como aconteceria se esta decisão não fosse tomada.

“Este senhor não me ofendeu. Maltratou, sim, os funcionários”, palavras de Ana Paula Marques quando pedimos autorização para publicar o seu texto no ‘Correio dos Açores’.

*ex-Secretária Regional do Ambiente de um dos Governos Regionais do PS Texto publicado na sua página do Facebook

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