Terminou
em tragédia a passagem do milénio no concelho da Povoação, freguesia de Ribeira
Quente, com um terrível incêndio que infelizmente vitimou duas crianças.
Este
não é um acontecimento bom passado no nosso concelho, foi uma autêntica
desgraça, mas vimos aqui recordá-lo para que estes nossos irmãos não sejam
esquecidos, pois partiram ao encontro do Senhor tão prematuramente, um rapaz de
quatro anos, Marcelo Linhares, e uma
rapariga de sete, Diana Linhares, estavam a dormir
tranquilamente juntamente com o pai, Carlos Silva Linhares, num quarto de
pequenas dimensões na sua humilde casa de madeira e cal. A mãe, Ana Maria
Medeiros Pacheco Linhares, tinha saído para comprar pão.
Foi
por volta da 9h00 da manhã que deflagrou o incêndio de grande envergadura e sem
qualquer controle possível. O pai ao ver-se envolto no fumo intoxicante tentou
salvar os filhos, mas sem qualquer sucesso. Embora sofrendo queimaduras,
conseguiu sair pelas traseiras.
Alguns
Populares tentaram apagar o fogo, mas em vão. As crianças já estavam sem vida e
o fogo continuava na sua plenitude.
Nessa
altura era eu membro efetivo do corpo de Bombeiros Voluntários da Povoação,
seguimos para a Ribeira Quente sabendo que era fogo numa moradia, mas sem
imaginar o cenário que iriamos encontrar. Fomos o mais rápido que podia-mos,
com uma distância aproximada de 16,8 km e uma estrada pela frente com muitas
curvas e os condicionalismos que todos conhecemos. Ao chegarmos ao local um amontoado de populares desesperados aguardavam-nos e berravam pelas crianças
que se encontravam dentro da moradia, foi realmente um cenário terrível que só
quem passa por estes momentos a que sabe.
Pouco
havia a fazer pela vida das crianças, a rapidez com que o fogo se alastrou, os
muitos produtos inflamáveis que se encontravam dentro da habitação e a
distância entre o quartel de bombeiros e a freguesia da Ribeira Quente foram
condicionantes adversos ao desfecho trágico que se veio a registar na manhã de
31 de dezembro do ano de 2000.
As
duas crianças ribeiraquentenses morreram asfixiadas e carbonizadas, sendo a
provável causa deste devastador incêndio um curto-circuito, que incendiou a
casa rapidamente, uma vez que na dita moradia encontravam-se muitos produtos
inflamáveis, não existindo quaisquer hipóteses de sobrevivência para aquelas
crianças.
Devido
a razões óbvias, as autoridades dispensaram a autópsia. O velório também foi
dispensado e os dois irmãos foram sepultados no próprio dia no cemitério da
Ribeira Quente.
A
freguesia esteve de luto pelo sofrimento em causa e na altura cancelou todas as
festividades de passagem de milénio que estavam programadas.
Infelizmente,
este foi mais um entre outros acontecimentos trágicos no nosso concelho. A dor
dos seus pais é inconsolável e jamais se apagará dos seus corações. Estas
crianças ribeiraquentenses, povoacenses, partiram precocemente e hoje vimos
aqui recordá-las, porque são membros da nossa comunidade e não estão
esquecidas.
Que
as suas almas descansem em paz! Ámen!
Fotos:
José Linhares
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