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terça-feira, 20 de agosto de 2013

MEMÓRIAS DO PASSADO: ILUSTRE POVOACENSE REVERENDO JOÃO DE MEDEIROS

O quadro Memórias do Passado pretende relembrar e dar a conhecer aos Povoacenses desta geração conterrâneos nossos que de algum modo marcaram a nossa comunidade. O Reverendo João de Medeiros foi um destes homens.

Reverendo João de Medeiros partiu em 1938 para a América para assistir religiosamente os emigrantes açorianos. Este conterrâneo Filho dos Povoacenses João Jacinto de Medeiros e de Dona Maria Isabel do Carmo Medeiros, foi o fundador da Fundação com mesmo nome de sua mãe. Ainda em vida doa à sua fundação 2.500.000$00 para a construção de um estabelecimento de ensino para o 1.º e 2.º ciclos do Liceu, que não existia no seu concelho, e ainda 35 alqueires de terra para precaver o futuro da mesma. Dotar os jovens de sua terra natal com formação adequada era seu desejo e prioridade, bem como, contribuir positivamente para o desenvolvimento da terra que o viu nascer. Foi o seu sonho, e poderão os Povoacenses dizer em voz alta, com toda a firmeza, OBRIGADO, pela realização de tão brilhante sonho que a todos nos beneficiou. Correspondendo assim à vontade do Padre João de Medeiros, a Fundação Maria Isabel do Carmo Medeiros tem três grandes desígnios estatutários:


- Educação, Cultura e Formação Profissional.


- Protecção à Infância, Juventude e Terceira Idade.



- Colaboração na obra paroquial de Catequese e realização de outras actividades julgadas convenientes à prossecução de fins espirituais. 

A maqueta inicial sobre a qual fora lançada a primeira pedra do Externato, acabou por não ser aprovada 
pelo Governo Regional. Monsenhor João Maurício de Amaral Ferreira, então presidente da Fundação teve que encontrar outra solução ao projecto inicial. Feitas as alterações e aprovado o novo projecto que ultrapassava os 2.500.000$00 previstos para o primeiro, que davam e sobravam, acabou o Governo Regional por assumir o excedente. 

Relembro ainda que os 2.500 contos que o Padre João de Medeiros doou à fundação com o fim de ser construído o Externato, foi distribuído em vida por partes, e os primeiros 1.000 contos acabaram por ir para a construção do Campo de Jogos da Povoação – Mira Mar – mas esta é outra história que será desenvolvida na próxima publicação. 

Caros leitores, aqui vos deixo os textos escritos na primeira pessoa pelo Padre João de Medeiros e Monsenhor João Maurício de Amaral Ferreira.

O JORNAL AÇORIANO ORIENTAL EM 31 DE AGOSTO DE 1963 TINHA COMO
DESTAQUE DE PRIMEIRA PÁGINA O SEGUINTE:

A POVOAÇÃO
__________________________________________________________
Graças ao benemérito PADRE JOÃO DE MEDEIROS vai assistir-se depois de amanhã ao lançamento da primeira pedra do
“EXTERNATO MARIA ISABEL DO CARMO MEDEIROS”
__________________________________________________________
No valor de DOIS MIL E QUINHENTOS CONTOS
__________________________________________________________
O VERBO DAR E O VERBO DEIXAR

A VALORIZAÇÃO DE UM CONCEITO:

Escrevia assim o Padre João de Medeiros na primeira página do jornal Açoriano Oriental: 


Há 25 anos parti para a América do Norte! Partia não em busca de riquezas, como aliás todos os padres, mas para assistir religiosamente aos emigrantes açorianos e conservar aceso o facho do amor da Pátria. É nas escolas paroquiais que ensinamos a linda harmoniosa língua de Camões e de Vieira, para que os portugueses rezem na língua da Pátria distante. Sou Pastor da Igreja da Rainha Santa Isabel, e este orago fala-lhes das gloriosas tradições portuguesas, lembra-lhes que a grandeza de Portugal está vinculada ao maior florescimento da religião.

A Fé, ligando mais intimamente o homem com Deus, é a fonte única e inesgotável do espírito, de dedicação e sacrifício.

Ensinando as nossas tradições portuguesas, plantamos nos corações dos Açorianos o verdadeiro amor da Pátria. A sua lembrança aumenta as inclinações no nosso espírito, faz-nos sentir que somos alguma coisa mais do que vida breve. Somos o prolongamento de outras vidas, como dizia Barres, “o instante duma coisa imortal”.

Queira Deus, que em presença do perigo que agora ameaça Portugal, saibamos estar com os nossos chefes que nos procuram o verdadeiro sentido da vida da nação.

Para quem souber olhar o mapa da Europa, onde linhas de sangue marcam o curso dos rios, e se der conta da inquietação interior que nos vai lavrando e consumindo como uma chaga, por força duma injustiça internacional, vê o perigo que nos ameaça iminente!

Nesta época de crise intelectual, moral e política, quando tudo é incerteza, habilidade ou oportunismo, mais do que nunca se torna necessário acordar todos os valores morais do patriotismo, sujeitando-nos à mais estreita disciplina.

Os períodos de crença mais viva são os mais belos e construtivos.

Fundar ambições na terra, é levantar castelos para a morte. Só as grandes raças dominadas por um grande ideal possuem a força e a frescura duma eterna juventude.

Tenhamos o Amor da Pátria no coração e não no estômago, para que não deixemos que varões, de má fé nos tirem os anéis dos dedos, e as arrecadas das orelhas, para com elas fazerem ídolos de oiro aos seus súbditos.

A grandeza de Portugal é o ideal que anima o clero que trabalha na América.

A gratidão que nós, o clero e emigrantes, devemos à América, não diminui em nada o Amor que devemos à terra que nos viu nascer, às fontes onde fomos regenerados pelo Baptismo, aos altares onde fizemos a nossa primeira comunhão, à cruz das sepulturas dos nossos antepassados. Tudo isto é como a voz de Deus que nos chama ao cumprimento dos nossos deveres, nos guia aos nossos gloriosos destinos. 

Padre João Medeiros 

GRATIDÃO E LOUVOR:

Escrevia assim Monsenhor João Maurício de Amaral Ferreira na primeira página do jornal Açoriano Oriental:


Vai o «Açoriano Oriental» o decano dos jornais portugueses, publicar um número especial dedicado à grande obra que o Reverendo Padre João Medeiros, filho de João Jacinto de Medeiros e de Dona Maria Isabel do Carmo Medeiros, pastor da igreja de Santa Isabel da cidade de Fall-River, Mass., América pretende levar a efeito na sua terra natal, a vila da Povoação. Da melhor vontade colaboro no referido número, por tratar-se de glorificar um generoso e notabilíssimo gesto, tão raro nos nossos dias, que merece o meu louvor de Padre e de Povoacense.

A “Fundação Maria Isabel do Carmo Medeiros”, com objectivos de ordem assistencial, cultural e espiritual, é uma instituição que espero revolucione, em marcha progressiva, este meio, imortalizando o Reverendo Fundador. Nos seus estatutos nada nos parece fora esquecido! Permita Deus que desperte em outros povoacenses bafejados pela sorte o interesse por esta causa de amor a Deus, à Pátria e à Família, de modo a poder dar-se seguimento a todas as actividades estatutárias. 

Vivendo num país onde a juventude normalmente se matrícula nos estabelecimentos de ensino secundário e vendo perfeitamente a necessidade dessa cultura, o Reverendo João Medeiros quis iniciar as actividades da Fundação pelo Externato para o 1.º e 2.º ciclos do Liceu, o qual já funcionou, no ano findo, em edifício provisório pertencente à Câmara Municipal, com 22 alunos do 1.º ano. Na minha qualidade de director, aproveito a oportunidade para agradecer publicamente à ilustre Edilidade o interesse que há dedicado a esta causa, na cedência gratuita do edifício provisório, do mobiliário e um subsídio para as obras de adaptação.

A planta do Externato, de que, no dia dois de Setembro próximo, se procederá à bênção e ao lançamento

da primeira pedra, é da autoria do Con. Dr. António da Costa Tavares, que actualmente se encontra nos Estados Unidos a frequentar um curso de arquitectura na cidade de Providence, havendo sido os cálculos confiados ao Eng.º José Ângelo Vasconcelos de Paiva, oriundo desta vila.

Não é difícil prever a soma de benefícios que a referida construção, estimada em 2.500 Contos, lançada em linhas modernas e elegantes, proporcionará à juventude destas paragens. Foi em atenção aos filhos da terra que o viu nascer e que muito se honra de lhe haver dado o berço, que o Reverendo Padre Medeiros, de um coração Diamantino, se privou, em vida – acto raríssimo, pois os benfeitores geralmente deixam mas não dão – de tudo quanto possuía, para que se eduquem e se preparem para os árduos labores da vida.

Não basta construir. A prudência aconselha que se pense na continuidade da obra, e, por isso, o Reverendo Padre Medeiros já doou à Fundação 35 alqueires de terra de cultura para a manutenção da mesma. São desta têmpera os padres açorianos que, demandando o grande país da América, levam na alma o desejo de dilatar o Reino de Deus, e mediante sacrifícios, por vezes, e sem perder o amor ao torrão natal, o enriquecem como vem sucedendo nos últimos tempos: favorecem as igrejas, erguem salões paroquiais, patrocinam vocações, etc. É o caso do Reverendo Padre Medeiros que, além do Externato, pavimentou, com madeira de bissilon, a capela-mor da igreja matriz desta vila e enriqueceu-a com o artístico cadeirado, em sucupira, e tem auxiliado seminaristas pobres. 

Também, no dia dois de Setembro próximo, vamos inaugurar o campo de jogos do Externato tão necessário nos nossos dias para a juventude carenciada de actividades lúdicas bem orientadas e dirigidas, cultivando o vigor físico.

A «Fundação Maria Isabel do Carmo Medeiros» é uma homenagem de gratidão do filho à mãe. Os Povoacenses têm o dever de serem gratos ao filho, correspondendo com a sua compreensão a tanto que se passa a pertencer ao Património local.

Padre João Maurício de Amaral Ferreira 

Trabalho de pesquisa elaborado por Pedro Damião Ponte
Fontes: Jornal Açoriano Oriental
Pe. José Fernandes de Medeiros






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