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sábado, 24 de agosto de 2013

POEMA SOBRE A CHEIA DA POVOAÇÃO EM 1986

I
Com tristeza no olhar
Da Lomba desci sentido
Olhando para o mar
Fiquei logo comovido

II
Tanto rolo de madeira
Que vi naquela hora
Foi a coisa primeira
Que vi pelo mar fora

III
Entrando naquela ocasião
Para mim não era erro
A Vila da Povoação
Deveras era um desterro

IV
Casas inundadas
Pessoas comovidas
Era rio suas estradas
E pontes destruídas

V
Para não perder a fama
Mulheres e homens em fila
Limpando com pés na lama
As casas da sua vila

VI
Os destroços muitos havia
A chuva ameaçava
Pela ribeira ia
O castigo que Deus mostrava

VII

Foi uma grande tristeza
Também a mim me chocou
Povoação não tinha beleza
Mas tudo se acalmou

VIII
Carros encalhados
Muitos na rua havia
Pela água foram levados
A noite ainda caia

IX
Disto nunca me lembro
Não é para esquecer
No dia dois de Setembro
Vila querias desaparecer

X
Muitas pessoas choravam
Gritavam já a fundo
Todas elas pensavam
que era o fim do mundo

XI
Foi uma noite de terror
Ninguém podia sair
Com gritos cheios de dor
Quem podia acudir

XII
Deus nos manda castigos
Pr’a gente se lembrar
Quando estamos em perigo
É que queremos rezar

XII
O meu voto de pesar
Com dor no coração
Foi mesmo para louvar
A cheia da Povoação

Daniel Amaral – Lomba do Cavaleiro

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