O São João de Braga é uma
festa popular, que tem lugar no mês de Junho em Braga, Portugal, que celebra o
nascimento de São João Batista. O culminar da festa é na noite de 23 para 24 de
Junho.
A origem do São João de
Braga é difícil de determinar, existindo referências a celebrações religiosas
no século XII, estando documentada a organização municipal das mesmas desde
1517 (século XVI).
Existe uma igreja
paroquial dedicada a São João, desde o século XII, e uma capela (da Ponte)
desde 1616.
Ao longo do século XVI o
São João já fazia parte das celebrações estatutárias da cidade, detendo até um
estandarte oficial. Por este tempo, temos conhecimento da existência de algumas
tradições. Uma delas é o Candeleiro, em que uma vela votiva era transportada
pelas ruas da cidade. Associada a esta antiga usança estavam outras tradições
como a dança das pélas (as padeiras da cidade, transportadas aos ombros,
executavam uma coreografia); os espingardeiros, que deveriam disparar para o ar
durante o percurso; e, ainda, uma dança de espadas, espécie de pauliteiros que
deveriam secundar o Candeleiro. A corrida do porco preto era outra das grandes
tradições sanjoaninas. Um porco era soltado do Picoto, e perseguido até às
margens do rio Este, onde se encontrava, sobre a ponte, um grupo de moleiros
que tentavam impedir a passagem do animal. Se o porco resolvesse atravessar o
rio era pertença dos moleiros, se conseguisse atravessar a ponte ficava a
pertencer aos cavaleiros. Outra das tradições associadas ao São João era a
serpe, símbolo do pecado que se insinua aos humanos, e restituída às festas no
Encontro de Gigantones e Cabeçudos.
Pelo relato de um monge
francês, que passou o dia de São João em Braga no ano de 1699, sabemos ao
pormenor como seria a Procissão dos Santos do Mês de Junho, que ainda hoje se
faz na tarde do dia 24. Antes da reforma litúrgica que ocorreu poucos anos
depois deste relato, não faltavam danças e lutas durante o percurso,
assemelhando-se mais a um corso carnavalesco do que a um cortejo religioso. A
procissão vai ser reformulada com manifestações de teatro sacro. A “Relação do
Festivo Aplauso”, documento que descreve a do ano de 1754, fala-nos já de uma
exibição similar ao carro dos pastores, onde figuravam seis carros relativos a
algumas passagens da vida de São João Batista. Nesta descrição é referido que
Braga era «sempre a primeira (cidade) nos cultos do mesmo Santo», o que atesta
que estas festas teriam uma dimensão significativa.
A dança do Rei David e o
Carro dos Pastores continuam a ser o momento de maior originalidade das festas.
São acompanhados pelo Carro das Ervas, uma memória das procissões medievais que
exigiam este tipo de carros de cheiro, vai abrindo o cortejo “despejando”,
pelas ruas, as ervas para perfumar as ruas. A dança do Rei David, reformulada
no século XIX, deriva provavelmente da Mourisca, uma dança associada à procissão
do Corpo de Deus.
Outra das tradições dos
festejos é os quadros bíblicos representados no rio Este, que têm origem no
século XIX. De um lado da ponte está a representação do baptismo de Cristo, e
do outro um gigantesco S. Cristóvão.
Um dos pontos centrais do
festejo é em torno da Capela de S. João da Ponte, edificada no século XVI a
mando de D. Diogo de Sousa. Apesar dos mais antigos documentos datarem do
século XIV é provável que estes festejos tenham origem prévia.
A cidade é extensamente
decorada, desde as mais importantes ruas do centro histórico, passando pela
principal artéria da cidade, a Avenida da Liberdade, e culminando no parque da
Ponte.
Na noite de S. João
milhares de pessoas ocupam as ruas da cidade com martelinhos e o alho porro. O
rio Este, qunado cruzado pela Avenida da Liberdade, serve de palco a
tradicionais quadros bíblicos referentes a São João Batista. De um dos lados da
ponte está representado o baptismo de Cristo e do outro lado S. Cristóvão, com
o menino Jesus aos ombros, sobre as águas do Este.
Na cultura popular abundam
canticos referentes ao festejo:
Ó meu S.João da Ponte
A vossa Capela cheira
Cheira a cravo, cheira à
rosa
Cheira à flor da
Laranjeira
S.João vem cá abaixo
Que tu chegas cá num ai
No céu nem fazes ideia
Do que cá por Braga vai
Dança
do Rei David
Carro
dos Pastores
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