A pensar nas crianças marroquinas sem acesso a luz para estudarem à noite, um grupo de estudantes da Universidade de Aveiro (UA) criou a Lampe. Assim se chama a lanterna portátil e impressa em 3D que as crianças das aldeias mais remotas vão poder carregar na escola e levar para casa, não só para se manterem iluminados durante o caminho a pé, como também para poderem estudar à noite. As lanternas vão ser entregues em Marrocos pelos próprios estudantes da Academia de Aveiro.
A lanterna utiliza um power bank recarregável ligado a um conjunto de cinco leds. Juntamente com as lanternas, os estudantes da UA vão entregar também dois carregadores comunitários, que serão instalados nas escolas. Assim, durante as aulas, as crianças vão poder carregar diariamente as lanternas que têm uma autonomia de seis horas.
“Não se trata de uma tentativa de mudar o mundo, mas sim de o tornar um pouco mais brilhante”, aponta Pedro Magalhães. O estudante do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e mentor da ideia sublinha que os estudantes da UA vão “oferecer algo tão simples para nós, mas tão luxuoso para quem o recebe e também precisa dele”. Já que “não podemos mudar o mundo”, sublinha, “podemos mudar pequenos mundos”.
A ideia surgiu durante o Uniraid, uma viagem automobilística para estudantes universitários portugueses e espanhóis e que anualmente se realiza em Marrocos. A ideia do projeto Lampe foi ganhando forma durante as duas últimas edições em que participou Pedro Magalhães.
“Ir a Marrocos e conhecer a realidade daquelas crianças alertou-nos para muitas necessidades. É impossível colmatar todas, no entanto é sempre possível fazer alguma coisa”, aponta o estudante da UA.
Dar à luz a esperança
“Um dos grandes problemas que vimos no terreno é que há muitas crianças a deslocarem-se a pé para as escolas. Em muitas zonas remotas não há estradas, muito menos passeios ou iluminação pública decente. Quando anoitece há muitos acidentes, porque as crianças não têm material refletor nem estão visíveis, estejam elas a pé ou de bicicleta”, descreve. Por essa razão, e porque “em muitas aldeias a iluminação pública é bastante deficiente achámos por bem construir esta lanterna facilmente recarregável e com muita versatilidade na aplicação”.
Para ajudar a dar à luz a ideia do Pedro Magalhães, juntaram-se ao projeto solidário os estudantes Amélia Ramos, Diogo Helena, Tomás Aires, Gabriel Aires, Bruno Vilarinho, Vasco Silva, João Lopes, Frederico Cardoso, José Martins, Miguel Felisberto, Cátia Silva e Olavo Abrantes e Lidório Moreira (dos Departamentos de Electrónica, Telecomunicações e Informática, de Engenharia Mecânica, de Engenharia de Cerâmica e Vidro, de Comunicação e Arte, de Línguas e Culturas, da Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da Produção Aveiro-Norte e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda).
Todos eles vão levar 30 lanternas para serem distribuídas durante a próxima Uniraid que se realiza de 15 a 23 de fevereiro.
Com mais apoios, a vontade é que nos próximos tempos consigam entregar mais. “Será, sem dúvida, um projeto que poderá ter facilmente continuidade dada a abrangência e impacto que pensamos que terá”, diz Pedro Magalhães.
Para além do apoio do Departamento de Electrónica Telecomunicações e Informática da UA, os estudantes contaram com apoios de várias empresas da região. A Mauser, uma empresa de eletrónica, que forneceu-lhes o material indispensável para a realização deste projeto. Sensível à causa solidária, a empresa doou ainda material como canetas e lápis para serem entregues às crianças.
Outra comunidade que abraçou o projeto sem pensar duas vezes foi o Hardware City, uma comunidade de empreendedores, que ajudou os estudantes da UA ao longo do desenvolvimento do protejo Lampe. Uma vez que a lanterna é construída através da técnica de impressão 3D, a parceria com a 3Dways permitiu construir as lanternas, num tempo útil muito curto, facilitando toda a logística do projeto.
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