O Diário dos Açores, neste dia 5 de fevereiro de 2020, completa a bonita idade de 150 anos, já que o seu fundador, Manuel Augusto Tavares de Resende (1849-1892), iniciou a sua publicação em 1870.
Este Jornal é o mais antigo diário a ser publicado nos Açores e mais concretamente em Ponta Delgada. Segundo nos é transmitido por alguns analistas, este Diário foi criado justamente com a missão de elevar o nível cultural dos micaelenses e dos açorianos, ligando o arquipelago ao mundo através da informação dos eventos que estavam a acontecer por todo o lado e principalmente na Europa. É possível lerem-se relatos sobre a história do Diário dos Açores que referem ter sido este jornal a publicar nos Açores as primeiras notícias sobre a guerra franco-prussiana que teve o seu inicio justamente em julho de 1870 e se porlongou até 10 de maio de 1871, tendo como vencedora a Alemanha. Como é sabido esta guerra deixou muitas sequelas, que tiveram consequências e ajuste de contas na primeira Grande Guerra e na segunda Guerra Mundial, saldando-se agora numa derrota da Alemanha.
Tavares Resendes marcou profundamente o jornalismo do seu tempo, foi uma referência na resiliência pela forma como resisistiu cerca de 22 anos à frente de um Jornal numa ilha remota, com dificuldades a todos os níveis, e em que tudo era conquistado com muita inovação e a pulso.
A segunda fase do Jornal esteve a cargo de um seu familiar, Manuel Resende Carreiro, e seu irmão, que, também segundo a informação disponível, deram um importante impulso a este jornal, sobretudo renovando-o tecnicamente e também tiveram de enfrentar muitas dificuldades para manter a sua publicação, num contexto de grande taxa de analfabetismo do povo açoriano, baixíssimos rendimentos disponíveis e clima de privação de liberdade, que como sabemos é castradora do progresso e da iniciativa.
A História mais recente é também de uma luta diária do Américo Viveiros e do Paulo Viveiros para manter o Jornal, apoiados pela esclarecida direção do seu Diretor Executivo o Osvaldo Cabral e do restrito corpo editorial e técnico, e levar o jornal quase todos os dias aos açorianos e aos quatro cantos do mundo através da sua disponibilização por correio electrónico. Os desafios de hoje são bem diferentes das fases anteriores porque passou o Diário dos Açores, e são principalmente de dimensão e de concorrência. É sabida a dificuldade porque passa a Imprensa nacional e internacional. Imaginem agora o que não serão os problemas numa Região Ultraperiférica.
Termino desejando ao Diário dos Açores longa vida e, por experiência própria, posso testemunhar que o Diário dos Açores vale muito mais do que a dimensão das suas tiragens, já que é atentamente lido cá dentro nos Açores, mas também em Lisboa, em Bruxelas, em São Paulo, em Washington, e para referir só alguns exemplos.
Gualter Furtado
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