Dados Biográficos (105)
Filho
de Manuel de Sousa Calouro, natural da paroquial de Nossa Senhora da Conceição,
Ribeira Grande e de Margarida Júlia, natural da paroquial de Nossa Senhora da
Graça, do lugar do Porto Formoso, neto paterno de Manuel de Sousa Calouro e de
Jacinta Plácida e materno de José Francisco da Graça e de Helena Rosa.
Foi
batizado na paroquial de Nossa Senhora Mãe de Deus, pelo Cura Bento José
Pacheco, aos 5 de abril de 1858. Foram seus padrinhos “José, filho familiar
dito José Francisco da Graça e de Maria de Jesus Graça, e Maria, filha familiar
do dito Manuel de Sousa Calouro e de Antónia de Jesus Cabral”.
Depois
de completar os estudos teológicos, foi ordenado sacerdote por Sua Ex.cia
Rev.ma D. João Maria Pereira de Amaral e Pimentel, aos 17 de setembro de 1880.
Sobre
a sua passagem pelo Seminário de Angra, o Cónego Cristiano de Jesus Borges escreveu
que, embora o Padre José Lucindo pertencesse a uma geração anterior à sua, ali
deixara: “… a fama da sua inteligência considerada […] como uma das mais
brilhantes que se manifestara naquela casa de ensino. Boa cultura geral,
critério lúcido, conselho seguro, bondade de santo, quem o procurasse e
ouvisse, ouvia um mestre”. (106)
Atividade Pastoral
Após
a sua ordenação exerceu o múnus sacerdotal, no Pico da Pedra (107), até Abril de 1887. O Padre Mendonça (108) considerou o Padre
José Lucindo como “o melhor pároco que aqui passara” [Pico da Pedra]. O Padre
Mendonça acrescenta que: “… este excelente sacerdote estreando nesta freguesia
o ministério paroquial deu no exercício dele as melhores provas das suas
aptidões sacerdotais e espírito eclesiástico. Cabem-lhe ainda as honras de
melhor pároco desta freguesia, concorrendo grandemente para a reforma dos
costumes morais e religiosos dos seus habitantes […]. A ele a igreja paroquial
deve bons serviços. Reformou a sacristia, construiu a capela de Nossa Senhora
do Rosário, fez uma nova casa para o arquivo paroquial e adquiriu fora da
freguesia os donativos para a recuperação da capela do Santíssimo.” (109)
No
mês de abril de 1887 – transitou
para São Pedro de Vila Franca do Campo, onde permaneceu até dezembro de 1890.
Apesar do pouco tempo que aqui paroquiou – apenas três anos e meio -,
desenvolveu um bom trabalho, tendo desempenhado o cargo de Ouvidor
Eclesiástico.
Em
janeiro de 1891 foi colocado na
Matriz de São Jorge, Vila do Nordeste, primeiramente como Vice-Prior e, depois,
como Prior. Aqui permaneceu até à sua morte
ocorrida no dia 20 de dezembro de 1937.
Para
além de exercer o múnus sacerdotal, foi também professor, formando muitos
jovens para a vida ativa, dada a ausência de professores habilitados naquela
época. Aliás, na própria certidão de óbito consta que era “professor aposentado
e padre”.
Fez
parte da Comissão Instaladora da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste, tendo
vindo a exercer o cargo de Vice-Provedor e de Provedor da mesma desde 22 de
fevereiro de 1935 até 31 de dezembro de 1937.
Faleceu
na Vila do Nordeste a 20 de dezembro de
1937, com testamento. Nele, deixou para passal da igreja matriz a sua casa,
como o quintal e à Misericórdia deixou o seu prédio de vinha sito na Ribeira
Quente e a diferença dos seus vencimentos de professor que estavam por receber
e orçados aproximadamente em quinze mil escudos (cf. Gerações, p. 15).
Sobre
os quarenta e seis anos que o Prior José Lucindo da Graça e Sousa dedicou à
população da Vila de Nordeste, escreveu o Padre Ernesto Ferreira: “… ali
trabalho obscura mas frutuosamente. Todos lhe queriam como pai extremoso […]
porque ele espalhava os sorrisos da bondade, os benefícios da caridade e os
perfumes da piedade”. (110)
O
seu nome continua a ser uma referência no Nordeste e está ligado não só à
Misericórdia de que foi um dos fundadores, mas também à Fundação Padre José
Lucindo da Graça e Sousa e à toponímia da Vila.
Como
se pode ler no Livro do Tombo da Igreja Matriz de São Jorge: “no dizer unânime
de todos os que com ele privaram, aliada a uma grande cultura, uma grande
bondade de que deu muitíssimas provas durante a sua longa vida, não falando do
seu amor à Santa Igreja e às almas”. (111)
________________________
105 Cf. Eduardo Jorge Lima Melo, Os
Provedores da Misericórdia de Nordeste, Nordeste, Santa Casa da Misericórdia de
Nordeste, 2006, pp. 23-24.
106 A Crença, 18 de dezembro de 1938,
p.3.
107 Veio substituir o Padre Francisco
José de Amaral e Melo, falecido no Pico da Pedra no dia 28 de outubro de 1880.
(cf. G. Bernardo, O Padre José Lucindo da Graça e Sousa e a primeira procissão
de Nossa Senhora dos Prazeres, A Crença, 7 de outubro de 2011, p.6).
108 Padre António Furtado de Mendonça,
Memórias do Pico da Pedra, Junta de Freguesia do Pico da Pedra, 1993, p.20.
Poderá ler-se também o jornal A Crença, 18 de dezembro de 1938. Neste número
existem vários artigos e em especial um do Padre Ernesto Ferreira, com alguns
dados biográficos do Padre José Lucindo.
109 Padre António Furtado de Mendonça,
Memórias do Pico da Pedra, Junta de Freguesia do Pico da Pedra, 1993, p.20.
110 A Crença, 18 de dezembro de 1938,
p.7.
111 Cf. Idem, p. 24.
Fonte:
Clero da Ouvidoria da Povoação de Octávio Henrique Ribeiro de Medeiros (2ª Edição
revista e atualizada, ano de 2014).
Povoação,
quarta-feira, 06 de março de 2019.
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