Sou do Benfica desde que me conheço, mas sempre vibrei com o Santa Clara, embora nunca tivesse praticado nenhuma modalidade desportiva neste clube, já que fui atleta do União Micaelense, Vale Formoso, Marítimo e Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada.
Esta costela encarnada herdei-a dos encontros de criança a ouvir os relatos na oficina de sapataria do benfiquista mestre José Casado no Vale das Furnas. Hoje, tal como há 60 anos, ouvi o relato do jogo do Benfica com o Santa Clara pela rádio, passei por momentos de alegria e de tristeza, mas o saldo final pendeu mais para a alegria, e por uma razão muito simples - é que sou açoriano sempre, e sempre em primeiro lugar. Dezenas de anos se passaram desde a mata da doca e do velhinho campo de jogos pelado, Marquês Jácome Correia, para hoje, tantos anos depois, sentir uma alegria imensa pela minha terra e assistir a uma vitória de uma equipa açoriana na catedral da luz e logo sobre o Benfica.
Muitos anos se passaram sobre a vinda do Benfica aos Açores para jogar contra o Angrense. Eu também estava lá, depois de uma viagem épica à ilha Terceira com o meu Avô e mais alguns Furnenses onde assisti à derrota dos encarnados de Angra do Heroísmo, frente ao Benfica, por 6-1.
Naquela altura era muito jovem e apercebi-me que, ao contrário do que era expetável, que era tirar parte pelo meu Benfica, dei por mim a sofrer pelo Angrense. O resultado de hoje, numa partida de futebol também com 7 golos, e que golos do Santa Clara, soube a um encontro de contas 53 anos depois.
Neste tempo de chumbo e de incertezas, este resultado soube bem. Mas como sempre: Cabeça fria e nada de excessos.
Gualter Furtado
23 de junho de 2020
Sem comentários:
Enviar um comentário