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sexta-feira, 12 de junho de 2020

FEZ ONTEM 60 ANOS QUE ACONTECEU UMA VIOLENTA EXPLOSÃO NA VILA DA POVOAÇÃO

Estava eu ontem nas imediações da Igreja Matriz quando o povoacense Gil Cosme abordou-me no sentido de informar que precisamente ontem, 11 de junho, fazia 60 anos da violenta explosão do paiol de pólvora na Vila da Povoação, sito “Cruzeiro” ou praça do Município, praça ampla que constitui a “sala” de entrada da Vila e que faz a ligação entre dois arruamentos do núcleo mais antigo da Povoação e a rua que dá acesso à Igreja Matriz. Nela se localiza o vetusto edifício dos Paços do Concelho, que se ergue fronteiriço à entrada de quem chega, e que tem à sua frente uma casa de três pisos, com janelas rasgadas em arco. Foi em tempos conhecida como a casa do Senhor Bonança, antigo comerciante da Vila, que tinha aberto no rés-do-chão da sua moradia uma loja de fazendas. Mais tarde, funcionou nestes baixos a Conservatória do Registo Civil.

Todo o resto do casario que documenta o quadro pintado pelo pintor autodidata povoacense, Luís Dinis, desapareceu ou foi alvo de profundas alterações. No entanto, a grande transformação da praça ocorreu na sequência da violenta explosão do paiol da pólvora, a 11 de junho de 1960, e que, além de ter provocado grande destruição em toda a Vila, destruiu completamente um quarteirão de casas que se alinhavam a partir da zona mais alta da praça, ao longo da ribeira, e fez cinco vítimas mortais, a saber: as duas irmãs Dulce e Luísa Cosme, que viviam na casa representada no 2º quadro, a seguir aos Paços do Concelho; Ângelo Vasconcelos, co-proprietário do armazém de atacado Ângelo Dâmaso Vasconcelos, Suc., existente na zona do sinistro e que hoje deu lugar à casa DAP; Francisco Jacinto Raposo, conhecido por mestre Chico Inocêncio, marceneiro de profissão, e a idosa invisual, conhecida por Beatriz ceguinha, mulher muito versada na recitação de orações e que era por isso requisitada para rezar por alma dos defuntos, uma prática que caiu em desuso e que tinha lugar em casa da família enlutada, após a missa de anojados, celebrada às 7 horas da manhã do dia a seguir ao funeral, em que todas as pessoas que haviam participado na missa de sufrágio se reuniam com 12 crianças dispostas em redor duma mesa, com um pão de trigo à frente. 



Fonte e Fotos (quadros 1 e 2) - Livro Quadros da Povoação Álbum de Memórias da Minha Terra do povoacense Luís Donis, com introdução e notas do povoacense José Luís Brandão da Luz.


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