A
Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM), em parceria e com o apoio dos
Serviços de Ambiente e Parques Naturais de Ilha, está a promover a realização
de mais uma edição do Censo de Garajaus no arquipélago dos Açores, que decorre
até 23 de junho.
Este
recenseamento, segundo o Diretor Regional dos Assuntos do Mar, tem como
objetivo “quantificar as populações das duas principais espécies de garajaus
que nidificam na Região”, o garajau-comum (Sterna hirundo) e o garajau-rosado
(Sterna dougalii).
“A
contagem de ninhos e de posturas é realizada pelos técnicos dos Parques
Naturais de Ilha e da DRAM”, afirmou Filipe Porteiro, acrescentando que, no
caso de colónias “mais inacessíveis”, em particular nos ilhéus costeiros,
refúgio para aves marinhas, “a contagem é feita pelo mar, sendo necessário
recorrer a binóculos e telescópio”.
São
também realizadas viagens de barco à volta de todas as ilhas que, segundo
Filipe Porteiro, “permitem estimar o número de adultos, despoletando uma buzina
que os faz levantar voo”.
O
Censo de Garajaus iniciou-se em 1989, decorrendo com uma periodicidade anual
desde 1993 nas principais colónias, por iniciativa dos investigadores de aves
marinhas do IMAR e do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos
Açores.
“Na
última década tem havido um esforço crescente para se monitorizar na íntegra as
colónias de todo o arquipélago”, frisou o Diretor Regional, acrescentando que,
desde o ano passado, “o Governo dos Açores assumiu a coordenação deste censo”.
No
censo de 2016, estimaram-se cerca de 538 casais reprodutores de garajau-rosado
em 23 colónias e 2.442 casais de garajau-comum, distribuídos por 105 colónias
por todo o arquipélago, concentrando-se mais de 50% da população de cada
espécie apenas no Grupo Central dos Açores.
Os
investigadores estimam que cerca de 50% dos garajaus-rosados em toda a Europa
nidifiquem nos Açores, sendo esta espécie protegida considerada uma das 30 mais
raras da Europa.
No
arquipélago dos Açores, as principais colónias de garajaus rosados (entre 75 a
80%) concentram-se em três ilhas, nomeadamente Graciosa, Flores e Santa Maria.
No
ilhéu da Praia, na ilha Graciosa, encontra-se a segunda maior colónia de
garajaus-rosados da Europa.
“As
posturas mal sucedidas num determinado ano não são repostas, pelo que o sucesso
reprodutor da população fica comprometido”, alertou Filipe Porteiro, que lançou
um apelo aos cidadãos, em especial aos utilizadores das zonas costeiras, “para
evitarem perturbar os garajaus durante a época de acasalamento e reprodução,
junto a falésias, arribas e ilhéus, onde habitualmente nidificam”.
A
monitorização e recolha de dados populacionais de aves marinhas, com estatuto
de proteção regional, comunitária e internacional, como é o caso dos garajaus
comum e rosado, constitui uma obrigação legal no âmbito da Diretiva Aves (Rede
Natura 2000), da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, tendo ainda enquadramento
na Convenção OSPAR.
GaCS/GM
Povoação,
sexta-feira, 2 de junho de 2017.
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