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terça-feira, 13 de junho de 2017

QUEM SOU EU? (Metáfora)

Sou um velho casarão povoado de fantasmas e teias de aranhas parasitas, amontoado de poeira que me sufoca procuro arejar o cérebro não existe ventilação que me valha. Sou autómato. Boneco articulado meus gestos e dizeres se repetem sou velho disco riscado colocado no gramofone repetindo a lenga lenga de sempre, sou tronco carunchoso ressequido braços aberto na berma do caminho numa prece indefinida a espera de libertação que tarda em chegar. Viver por viver, utopia vegeto erva daninha esmagada por presente e passado triste que a madrasta natureza doou. Assim é na passarele todos temos um pouco o deserdado.

Vive na solidão ligado a grilhões, dor, um sorriso, ganas de chorar, gritar, carinho amizade no sulco da terra de todas as cores todas as raças e contradições do homem da mulher vicitudes-virtudes encontro olhar benévolo, que aponte caminho de redenção de perdão semente de esperança renascida alma convertida. A dor, a fiel companheira não se afasta com ligeira brisa se faulha. Pudera ser arvore frondosa ramificada de verde folhagem oxigénio de corpo e alma, abrigo de pária – marginalizado de quanto está cansado encontre vida no bramir do vento na fragância da brisa que abraça acarinha, ouvir sentir a maresia esculpida de luar, estender os braços com as mãos colher estrelas adornar-se com perolas de orvalho para o Divino Pai ouço o vem até mim, vem, vem, vem meu amor. Não tem fim, não tem fim. É Amor! É Amor!

Benjamim Carmo

Povoação, terça-feira, 13 de Junho de 2017.

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