A
Arquivo de Memórias (associação cultural do Património) e o Conservatório
Regional de Música de Vila Real organizaram uma ‘Conversa’ sobre a(s) Viola(s)
de Arame Portuguesa(s), que decorreu no Conservatório em Vila Real a 22 de
junho de 2019.
Na
abertura da sessão matutina o evento contou com uma Conferência sobre A Viola
de Arame Portuguesa, proferida pelo Prof. Manuel Morais. Na sessão vespertina
decorreu uma tertúlia sobre “As Violas de Arame Portuguesas”, com a presença
física e “virtual” (videoconferência pelos mais distantes) de
estudiosos/formadores/interpretes de todas as Violas regionais existentes,
incluindo a Caipira do Brasil, com lugar, ainda, para a óbvia interpretação
performativa e demonstrativa dos cordofones.
Na
sessão participaram Luís Silva (Viola Braguesa), Eduardo Costa (Viola
Amarantina), Miguel Carvalhinho (Viola Beiroa), Guilherme Órfão (Viola
Madeirense), Eduardo Loiro (Viola Toeira), Marco Vieira (Viola Campaniça), Ivan
Vilela (Viola Campaniça). Cada qual apresentou as especificidades da sua Viola
e o trabalho que desenvolvem nas suas regiões.
Dos
Açores participou o músico e compositor Rafael Carvalho (Viola da Terra), por
videoconferência, que apresentou a Viola de Arame dos Açores, de 5 e 6 ordens
(12 e 15 cordas), tendo feito uma explicação do contexto social onde a Viola se
toca, com grande vitalidade, nos nossos dias, referindo a riqueza das
diferentes técnicas de execução, diferentes afinações e a quantidade de
repertório instrumental tradicional, único na realidade da Viola de Arame no
nosso País.
Rafael
Carvalho tentou sensibilizar os presentes para conhecerem esse repertório,
dando os exemplos da edição em vinil de Francisco Sabino, provavelmente o
primeiro trabalho a solo de um tocador de Viola no nosso País; os trabalhos de
Maria Antónia Fraga, Miguel de Braga Pimentel. As edições das recolhas de Artur
Santos em São Miguel, Santa Maria e Terceira. As edições recentes das recolhas
de Emiliano Toste: “As Violas dos Açores” e “Saudades dos Açores”. Tendo ainda
recomendado as edições de Júlio Andrade, Pe. José Luís Fraga, e Tenente
Francisco José Dias, entre outros.
Videoconferência |
Sobre
a vitalidade da Viola da Terra, referiu os bailes regionais que decorrem todas
as semanas em São Jorge e com grande frequência na Graciosa, Chamarritas no
Pico e Faial, Ranchos de Reis pela Terceira, Foliões por São Miguel. Bodos de
Leite, Marchas de Carnaval, Folclore, Cantar às Estrelas, Cantorias,
Desgarradas e Velhas um pouco por todas as ilhas dos Açores, alertando que todo
este material pode ser encontrado hoje em canais como o Youtube.
Para
além disso referiu-se à importância da Viola da Terra ser ensinada oficialmente
nas Escolas de Ensino Artístico da Região, caso único, também, em todo o País.
Cada
intervenção tinha um limite de 20 minutos, uma vez que estavam presentes
representantes de todas as Violas de Arame Portuguesas, daí a necessidade de
cada um ser objectivo mas de tentar transmitir o máximo de informação possível.
A
intenção da iniciativa foi de tornar-se um incentivo à necessidade e intenção
de patrimonialização da Viola como bem da Humanidade, para além do incentivo
para a criação de um polo de etnomusicologia no Conservatório de Música de Vila
Real.
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