Nos 100 anos da Igreja do
Apóstolo São Paulo, Paróquia de Ribeira Quente, vimos relembrar um dos seus
filhos que partiu prematuramente e sem aviso, nome de referência no seio da
classe piscatória local, sempre foi um
bom contribuidor das festividades da sua querida e amada terra, apoiando com
donativos de peixes e caranguejos a Igreja onde se batizou e cresceu como cristão.
de Ribeira Quente, Concelho de Povoação, filho de Manuel da
Costa e de Maria Lúcia Sousa Melo, o mais novo dos irmãos do sexo masculino (4
rapazes e 2 raparigas).
O cidadão ribeiraquentense Francisco Costa é e foi sem dúvida um
nome de referência da comunidade piscatória concelhia, iniciando as lides do
mar por volta dos seus 14/15 anos aproximadamente. Faleceu inesperadamente no
dia 14 de Junho de 2015, sendo apontado como causa provável da morte um ataque
agudo do miocárdio, contava 44 anos de idade, e foi um enorme choque para toda
a comunidade piscatória da Freguesia de Ribeira Quente.
Era uma pessoa muito humilde e respeitadora, simples na
sua maneira de ser, amiga de fazer o bem, em especial aos que mais
necessitavam, muito tímida por natureza desde criança e de poucas
conversas, mas muito persepicás a tudo e a todos que lhe rodeavam. Apesar
dele ser humilde e por excelência saber que a sua arte de pescar era a sua
grande paixão e, ser admirado por todos por ser um bom pescador,
ele nunca se vangloriava, porque a humildade o ensinou a aceitar os altos
e baixos da vida, e que na realidade, apesar de todas as diferenças, ninguém é
melhor do que ninguém, porque cada qual tem o seu valor, e o Francisco também
tinha o seu.
Desde muito novinho, dos 6 anos de idade em diante, a sua
família pensava que o Francisco viria a exercer a profissão de carpinteiro,
porque estava quase sempre com madeira (tábuas), martelo e pregos nas mãos. Mas
por volta dos seus 14/15 anos de idade decidiu enveredar pela profissão
predominante na sua freguesia, contra a vontade de sua mãe e do seu irmão (mais
velho) João, porque na família não havia pescadores. Assim foi a vontade do
Francisco, indo trabalhar para a embarcação do Mestre pescador Jorge Braga,
sendo aí que começou a desenvolver a sua habilidade nesta difícil arte da
pesca. O ribeiraquentense Jorge Braga foi o primeiro Mestre a tê-lo como
aprendiz de pescador na sua embarcação, sendo o próprio convidado pelo
Francisco para seu padrinho do Crisma.
O Francisco iniciou-se como vigia de peixe, pois era exímio a
detetar bancos de peixe, aliás, uma fama que o marcou de tal forma que todos os
Mestres o queriam para o seu barco, mas nunca se comprometeu com ninguém, a não
ser na traineira do Senhor António Rita Amaral.
Entretanto o Francisco é convidado a integrar a embarcação dos
Pareces na ilha de Santa Maria, desafio que aceitou juntamente com o Sr. Tomé,
José Ferramenta “Sapateiro” (falecido) e Tiago Costa prestando serviço por um
período aproximadamente de um ano.
A determinado momento o Francisco decide ter o seu próprio barco
de nome “Glória” e com o decorrer da sua atividade e vendo-a crescer com alguma
abundância, necessita de uma embarcação de maior porte e foi o seu grande amigo
Óscar que o construiu, ao qual deu o nome de “Saulo”.
De salientar que no seu percurso como pescador por conta própria
o Francisco sempre foi o bom contribuidor das festividades da sua querida e
amada terra, apoiando com donativos de peixes e caranguejos as mordomias e
Igreja.
Para além da sua audácia para a pesca e do seu empenho nesta
arte, o Francisco enquanto jovem, gostava de praticar desporto e, até jogou uma
época no Praiense, clube da freguesia (segundo testemunho recolhido) com uma
boa prestação. Outro testemunho recolhido disse “O Francisco enquanto
adolescente era um excelente médio-centro, uma vez marcou um grande golo de
livre direto no campo de jogos do Externato, cá de trás, tipo Carlos Manuel do
Benfica”.
Claro que muito mais há a dizer sobre este exemplar cidadão e
grande pescador ribeiraquentense, que infelizmente nos deixou prematuramente,
sem qualquer aviso, sem que nada o fizesse prever, sendo um grande choque e
consternação para a sua comunidade, em especial para os seus familiares e
amigos. Aqueles que conviveram de perto com o Francisco diariamente na sua arte
são quem poderão dar o seu fiel testemunho, bem como os seus amigos mais
íntimos.
Povoação, Sexta-feira, 22 de setembro de 2017.
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