O
espetáculo a decorrer no Auditório Municipal terá também uma vertente solidária
e todas as pessoas participantes no evento serão convidadas a contribuir monetariamente,
de livre vontade, com o que puderem a favor das vítimas do Faial da Terra. Esta
será mais uma forma de solidariedade para uma causa que a todos nós nos comoveu e
tocou.
Revolução dos
Cravos
é o nome dado ao golpe de estado militar
que derrubou, num só dia, sem grande resistência das forças leais ao governo
que cederam perante a revolta das forças armadas o regime político que vigorava
em Portugal desde 1926. O levantamento, também
conhecido pelos portugueses como 25 de
Abril, foi conduzido em 1974 pelos oficiais intermédios da hierarquia militar
(o MFA), na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial.
Considera-se, em termos gerais, que esta revolução trouxe a liberdade ao povo
português (denominando-se "Dia da Liberdade" o feriado instituído em
Portugal para comemorar a revolução).
O
Fim da ditadura
Há vinte anos, em vésperas
do 25 de Abril, Portugal era um país anacrónico. Último império colonial do
mundo ocidental, travava uma guerra em três frentes africanas solidamente
apoiadas pelo Terceiro Mundo e fazia face a sucessivas condenações nas Nações
Unidas e à incomodidade dos seus tradicionais aliados.
Para os jovens de hoje
será talvez difícil imaginar o que era viver neste Portugal de há vinte anos,
onde era rara a família que não tinha alguém a combater em África, o serviço
militar durava quatro anos, a expressão pública de opiniões contra o regime e contra
a guerra era severamente reprimida pelos aparelhos censório e policial, os partidos
e movimentos políticos se encontravam proibidos, as prisões políticas cheias, os
líderes oposicionistas exilados, os sindicatos fortemente controlados, a greve interdita,
o despedimento facilitado, a vida cultural apertadamente vigiada.
A anestesia a que o povo
português esteve sujeito décadas a fio, mau grado os esforços denodados das
elites oposicionistas, a par das injustiças sociais agravadas e do persistente
atraso económico e cultural, num contexto que contribuía para a identificação
entre o regime ditatorial e o próprio modelo de desenvolvimento capitalista,
são em grande parte responsáveis pela euforia revolucionária que se viveu a seguir
ao 25 de Abril, durante a qual Portugal tentou viver as décadas da história europeia
de que se vira privado pelo regime ditatorial.
Os acontecimentos deste
dia revelam que o Movimento das Forças
Armadas estava organizado e que era mais do que uma organização corporativista.
Os militares da Revolução preconizaram um momento da História Portuguesa, com
milhares de outros protagonistas anónimos.
Situações impossíveis
apenas 24 horas antes, marcaram os derradeiros momentos do Estado Novo.
Imaginemos o Terreiro do Paço entre as 8 e as 11 da manhã, o Largo do Carmo ao
meio-dia, e, mesmo, a tensão vivida na António Maria Cardoso durante toda a tarde.
Foi a Revolução dos Cravos.
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