Relatório norte-americano
defende maior agressividade na promoção da região, mais ligações aéreas aos
Estados Unidos e outra atenção às novas potencialidades no sector do transporte
marítimo.
Os reparos são subtis mas
encontram-se disseminados ao longo do relatório do grupo de empresários
norte-americanos, do Business Executives for National Security (BENS), entregue
às autoridades portuguesas depois de visitarem os Açores e Lisboa a propósito
da redução do contingente militar na Base das Lajes.
É ao nível do sector do
Turismo que as observações mais se notam. Depois de testemunharem a
"espectacular topografia e atracções naturais para turistas" dos
Açores, os empresários assinalam "algumas limitações e desafios" com
que se viram confrontados. Para lá da oferta "limitada" de voos,
assinalaram o facto do "mercado americano estar largamente ignorado"
e um fraco marketing da região.
Por isso, identificaram a
"necessidade de uma melhoria dramática no marketing", capaz de
potenciar o "potencial significativo de crescimento" do sector,
através de "uma campanha agressiva".
O grupo de empresários
avança mesmo com uma proposta de plano para "realçar a visibilidade nos
Estados Unidos e na Europa". Apostando no "turismo
direccionado", o relatório sugere a possibilidade de se "encontrar um
evento que permitisse um acréscimo de visibilidade rápido e global".
E dão mesmo exemplos.
"Acolher uma prova de Triatlo Ironman fornece o tipo de oportunidade que
traria à Terceira uma actividade internacionalmente proeminente", que
"providenciaria visibilidade e cobertura mediática, e verbas nas
actividades de suporte à corrida".
Outra alternativa seria,
segundo os responsáveis pelo relatório, uma regata de longo curso que
"recuperasse uma conhecida rota para a América do Norte de um dos
primeiros navegadores portugueses".
Mas para tal, o Governo
Regional e as autoridades portuguesas teriam de enfrentar as "limitações e
desafios" identificados. Nomeadamente, a questão das pontes aéreas para os
Açores. Obstáculos como o facto de nenhuma companhia aérea americana voar para
os Açores ou a desvantagem da SATA voar apenas para Boston.
O relatório aproveita
também para fazer uma observação velada sobre dois projectos marítimos, a
saber, a proposta de acrescentar uma segunda grua de grande porte ao porto e o
projecto apresentado pela Câmara de Comércio de Angra para a instalação de um
hub portuário no porto oceânico de Praia da Vitória. "O BENS não está em
condições de fazer qualquer comentário definitivo. No entanto, vale a pena
assinalar em relação à segunda proposta que vários portos, em Portugal e na
Europa, estão a realizar avultados investimentos antecipando o arranque do
tráfego de contentores Triple-E e New Panamax, provavelmente, em consulta com
operadores de linha."
Vinho e flores
Outra área em que
transpira uma subtil crítica à falta de proactividade portuguesa reporta ao
negócio internacional da floricultura e da vinicultura. O relatório aconselha
os açorianos e os portugueses a "abordar os importadores norte-americanos
para tentar a penetração no mercado americano". Isto porque a relação
qualidade-preço é defendida como um "vector útil para crescimento"
dos vinhos açorianos. Abordam da mesma forma o mercado das flores exóticas.
"O mercado holandês oferece uma oportunidade para que os produtores
açorianos enviem os seus produtos por mar, a um preço bem mais reduzido que as
flores exóticas provenientes, principalmente, de Israel ou de África".
O relatório, enviado a 15
de Março ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Defesa e ao Governo
Regional dos Açores, através da embaixada norte-americana em Lisboa, foi o
resultado da visita de oito dias aos Açores e Lisboa.
O objectivo era
"identificar possíveis oportunidades de desenvolvimento económico e
estratégias para mitigar ou compensar o impacto na economia local das
transformações na Base das Lajes". No documento são aventadas
possibilidades de duas ordens. No curto prazo, apostar em call centers, data centers,
vinhos e flores. No longo prazo, tentar o investimento imobiliário, o negócio
do registo de aeronaves e logística marítima.
Fonte: Portos de Portugal
Fotos: Google imagens
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