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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O LEITEIRO DA MINHA FREGUESIA: RIBEIRA QUENTE

Na minha freguesia, lembro-me perfeitamente de minha mãe bem como tantas outras mães de estarem à espera praticamente do menino ou o jovem que percorria as ruas da dita freguesia de porta em porta a vender leite.


Normalmente designava-se por leiteiro (aquele que fazia da sua profissão a venda de leite), enfim…era o leiteiro!


Era uma tradição em que, com o progresso ou o evoluir das novas tecnologias foi abrandando, desaparecendo, até aos nossos dias. Quem é que vendia o leite pelas ruas da freguesia? Era normalmente um jovem cuja família tinha alguns animais de criação de leite, como a vaca e a cabra e para angariar algum dinheirinho ia então de porta em porta e abastecia as casas e lá deixava conforme as pessoas necessitavam aquela preciosa bebida: o leite!

O leite lá em casa servia-se de muitas formas, como por exemplo, leite numa tigela com “miolos” ou migalhas de pão de milho, porque era raro haver pão de trigo. O leite, era transportado numas vasilhas, amarradas por um bordão, mas também conhecido por “cajado” aos ombros e percorriam locais distantes como Ribeira, Canada da Igreja, Fogo, tocando/batendo de porta em porta. 


Aquando da venda do leite pelo leiteiro, já as pessoas sabiam mais ou menos o dia e hora e esperavam pelo mesmo, pagando a simbolicamente quantia de 50 centavos ou um escudo conforme a compra para nutrir os elementos do agregado familiar daquele lar. 


No entanto, mal o leite chegava a casa das pessoas, as nossas mães tinham ou iam de imediato ferver o leite para que não azedasse ou talhasse, era necessário e urgente proceder a essa forma.

Tenho por hábito de dizer que as tradições ou há tradições que se vão desmoronando, que vão acabando, e a do leiteiro também, pelo menos na minha freguesia acabou-se, é pena, enfim…tudo tem o seu fim por mais que não se queira.


Actualmente as novas tecnologias veio dar lugar a novas técnicas de modernização como as industrias de leite, que possuem as refrigerações ou pasteurização a fim de armazenar por mais tempo, "conservá-lo" como também nas nossas casas já existem os frigoríficos. E foi assim, o jovem leiteiro foi desaparecendo e acho que se fosse hoje em dia, mesmo que desse bom dinheiro, penso que já ninguém queria essa profissão devido às exigências das autoridades sanitárias como inspecção económica, etc, etc,…uma vez que, sem a inspecção assegurada não se pode vender o leite bem como qualquer outro produto alimentício.


Agora sim, fica um pouco de uma pequena e resenha história da minha freguesia para a posteridade que poderá interessar ou recordar alguém que conviveu de perto com essa realidade, e a outros passa despercebido, mas em abono de verdade sei que foram vários os sacrifícios para ganhar algum dinheirinho a bem da sua própria família, bem como a venda do leitinho para outras tantas famílias dos outros lares.


No entanto, após ter colocado nas redes sociais, essencialmente no Facebook, esta descrição, acrescento à mensagem um comentário da minha querida e boa amiga Alda Arruda, relacionada com a mesma o que vem dar mais ênfase: " Ora é verdade o leiteiro , quem não se lembra dessa figura que existiu mais ou menos até aos anos 1980?  As nossas mães mandava-nos vigiar o leiteiro,  nós crianças íamos com a leiteira que é um recipiente de alumínio com asa e tampa tipo balde mas muito estreito,  e era aí que trazíamos uma (canada) do precioso líquido. Era com isso que se faziam as papas de milho, era muito bom o açúcar não havia e tudo se criou . Estes homens mediam era com as tampas das latas do leite e davam sempre mais um pouco, porque naquela época havia Amor e o coração grande, é preciso ter em atenção que o leiteiro também era pobre, também tinha filhos mas o que falava mais alto era a partilha . São exemplos que infelizmente nós não vemos nos dias de hoje (agora é assim Cada um por si e Deus por todos)".



João Costa Bril.

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