Pedra a pedra e argamassa de
sonhos foi construída essa casa já velhinha, sorriso aberto na esperança de
cada dia.
E as paredes cresciam, cresciam
regadas de suor, amor e canseira e um lar surgiu!
Com dois quartos e cozinha o
quanto basta para albergar amor a vida inteira. Três gerações aqui viveram,
tantos sonhos acalentaram na vindima do amor, colheram abraços e beijos, prazer
e dor loucos sonhos e desejos. Houve tristezas, lágrimas paraquedistas dos
olhos saltaram deslizando em rostos curtidos de agrestes nortes e em faces
acetinados.
Sorrisos tímidos ou abertos
renasceram em cada manhã irradiando felicidade. Brincaram petizes nas cercanias
ecoaram no espaço as gargalhadas, arco íris de esperanças renascidas.
Tantos cachopos aqui nasceram
brilhou o sol em cada olhar houve dor em maré cheia transbordando, ninguém
ficava indiferente à dor alheia.
A partilha não era palavra
apregoada que se olvida era compartilhada na ternura das mãos dadas.
No borralho a chama sempre acesa,
um cheiro no ar do pão no forno cozido fraccionado, era e por todos repartido,
a cozinha era a sala de estar da família de coração unido. Resta a solidão a
saudade de luto vestida e, a roseira, outrora sempre em botão, que perfumava a
casa, resiste, mas tão velhinha e cansada de espinhos vestida, sem a carícia
das mãos que outrora, a faziam renascer.
Minha mãe era uma rosa.
De face levemente enrugada.
Para mim era mais formosa
Que a fresca e loura madrugada
Tem a rosa encanto e sedução
E perfume que enebria.
É frémito em meu coração
Rosa bela a Virgem Maria.
“Concelho Povoacense o mais
lindo”. Decerto seria se velhas moradias, pelo menos as fachadas, beneficiassem
de arranjo decente, tapadas nas portas e janelas bem assim pintura ou caiação
das mesmas. Desconhecendo proprietário ou herdeiro, ou falta de entendimento de
quem esteja na diáspora e não sendo viável que avance a Secretaria de Habitação
degradada, Câmara Municipal e Junta de Freguesia para que o Concelho seja o
“mais lindo”. Proprietários o vosso egoísmo; um tudo querer e nada fazer é
anómalo.
Benjamim Carmo
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