Gira,
gira sem cessar a roda mágica do tempo.
Ontem
festejamos o Natal o aniversário de Jesus Menino.
Hoje
amanhã e depois festejamos o Carnaval!
É
usual dizermos… “A vida são dois dias e o carnaval são três”.
É
o carnaval uma festa popular, profundamente enraizada nos costumes ocidentais e
não só… subsistem dúvidas quanto à sua origem, há quem diga ser de origem pagã.
Alguns
historiadores põem a hipótese de ter surgido na Grécia e em Roma no século V
antes de Cristo e que era festejado no início da Primavera.
O
que é certo é, que ele veio e entre nós ficou para a alegria dos foliões e dos
que intencionalmente ou não cometem loucuras que é de bradar aos céus. E lá se
ouve a máxima popular: No Carnaval
ninguém leva a mal!
O
que é certo é, que por uns dias deixamos de usar a máscara convencional por que
não dizer a hipocrisia de cada dia. Por uns dias saímos do quotidiano
“embriagamo-nos com sambas, marchas e bailinhos” sacudindo o corpo desengonçado
em cocktail de cofeti e serpentina. Pintados, nus ou carregando trapos, dando
largas à fictícia euforia, sentindo, por vezes, ganas de chorar… Sonham
multidões, na rua ou nos salões rebolam pares ao som de marchinhas e sambas; é
uma mistura de corpos suados; é carnaval anda a loucura à solta num mundo que é
manicómio…
Há
dezenas de anos atrás em Vila do Porto, Santa Maria, em época carnavalesca era
usual pessoas amigas e não só festejarem dançando e convivendo em harmonia, com
uns comes e bebes à mistura. Encarregavam-se as senhoras da doçaria, que
confecionavam levando-as para o local do encontro; búzios, malassadas, bolos
vários, coscorões, etc…
Os
homens eram incumbidos de música adequada à época, das bebidas e petiscos
condimentados.
Os
bailes realizavam-se em associações desportivas e em casas particulares, nestas
últimas com famílias e amigos eram danças despretensiosas. Por vezes o diabo
tecia e algo fora do normal acontecia sempre que entrava algum mais afoito em
casa alheia sem ser convidado.
Um
destes atrevidotes ao dançar com a moça fina de sociedade, sendo ele um Dom
Juan inflamado declarou-se… Querida antes de te conhecer o mundo parecia-me um
deserto!
Surpreendida
retorquiu a menina – Por isso a dançares pareces um camelo… “Mas que balde de
água fria apanhou o Dom Juan”, que nunca mais piou naquele serão, o galo não
cantou.
Em
serão idêntico esta de moço despeitado a moça que o rejeitara – Menina; eu
amo-te. Adoro-te e far-te-ei feliz a pedir esmola à porta da matriz.
Reação
da moça – um pontapé certeiro no tornozelo do… aprendeu o apaixonado novo passo
de dança – o pé coxinho.
Recordo
com ternura e saudade Mestre Carlos Eletricista um brincalhão sempre desperto à
paródia.
Parece-me
vê-lo instalado em carrinho de jardineiro de tronco nu sem calças e com uma
grande fralda de pano a tapar a horta, pés descalços segurando uma garrafa de
litro com vinho e ia chupando um grande bico neste original biberão.
Um
inseparável amigo levava-o no carrinho para o Clube Asas do Atlântico onde se
realizava um concurso de fantasias infantil. Não foi permitida a entrada deste
invulgar bebé enrugado de bigode, mas obteve um grande sucesso ao desfilar à
volta do Clube.
Na
freguesia de São Pedro em casa solarenga esta aconteceu. O proprietário Sr. da
alta sociedade convidou o comandante e alguns oficiais da corveta de guerra
ancorada na proximidade do velho cais. Há muito que estes oficiais andavam em
alto mar, sentiam-se carentes; ao dançar jovem oficial com bela ingénua moça
bem aconchegado a ela seu ego masculino reagia a que a moça sentindo o roça,
roça aquela pressão interrogou: Que tem o Sr. em si que me incomoda tanto?
Retorquindo
o oficial – Ó menina é o remo que uso sempre que há naufrágio…
Pouco
depois dançou a moça com o velho comandante, estranhou nada sentir e admirada
interrogou: O Sr. não usa remo para os naufrágios como o oficial que dançou
comigo?
Entendeu
o comandante a pergunta do remo, respondendo: - Ó menina na minha idade uso é o
motor de popa.
Fico
por aqui, festejem o Carnaval em saudável harmonia.
Benjamim
Carmo
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