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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ENCONTRO DE VIOLAS AÇORIANAS É UMA NECESSIDADE ANUAL

O músico ribeiraquentense Rafael Carvalho ao meio

O “Encontro de Violas Açorianas” teve mais uma edição a 15 e 16 de Setembro de 2018, na Ilha do Pico, inserido no CORDAS World Music Festival.

O evento, produzido pela Associação de Juventude Viola da Terra desde 2011, tem como objectivo juntar tocadores de Viola da Terra de diferentes Ilhas dos Açores com o intuito de criar um diálogo musical e uma partilha de conhecimentos e das diferentes realidades de cada ilha, que ajudem a motivar os participantes no trabalho que desenvolvem com a Viola, diariamente, mas, também, a valorizá-los enquanto executantes.

Ao mesmo tempo, estes Encontros são uma chamada de atenção para a necessidade de aproximação das pessoas para a aprendizagem da Viola da Terra.

Durante dois dias os músicos Bruno Bettencourt (Terceira), José Canarinho (Pico), Rafael Carvalho (São Miguel) e Renato Bettencourt (São Jorge) juntaram-se para prepararem um repertório para o Concerto “Violas dos Açores” que encerrou o Festival CORDAS. A estes 4 músicos juntou-se José João Mendonça (Graciosa), no domingo ao início da tarde, devido às condições climatéricas que atrasaram alguns voos, mas, também, devido à grande dificuldade de deslocações de músicos da Graciosa derivado das inúmeras escalas a que estão sujeitos e da pouca disponibilidade de voos para aquela Ilha.

Foram apresentados em Concerto temas das Ilhas representadas, primeiramente, a solo, com os músicos a tocarem, individualmente, temas como “Olhos Castanhos” (São Jorge), “José” (Graciosa), “Mouraria” (São Miguel), “O Sapateia” (Pico) e “Os Bravos” (Terceira). Depois de apresentadas as Violas a Solo, as suas diferentes técnicas de execução (indicador, polegar e rasgado) e diferenças estruturais (12 cordas e 15 cordas), os músicos deliciaram o público com muitos temas em conjunto como um “Fado Corrido” instrumental, os “Olhos Pretos”, “O Ladrão”, a “Tirana”, terminando com uma “Chamarrita do Pico”.

Foi cumprida a principal missão do Encontro que é de potenciar a partilha musical, explicar a riqueza da diversidade das nossas Violas, sem nenhuma se sobrepor à outra, e, acima de tudo, demonstrar a sua complementaridade em palco.

Como nota final, os músicos referiram, acima de tudo, que é necessário a continuidade do Encontro e a sua itinerância pelas várias ilhas dos Açores. Relembraram que são necessárias mais escolas de violas, pelo menos uma em cada Ilha dos Açores, mas, também, que é necessário mais interesse dos mais novos na aproximação ao instrumento e continuidade na aprendizagem do mesmo pois continuam a haver alguns cursos que se iniciam com muitos alunos mas são poucos os que têm persistência de chegar ao fim.

O “Encontro de Violas Açorianas” tem procurado este diálogo e aproximação entre as Violas das nossas Ilhas e os seus resultados vão muito para além dos dois dias de ensaios e do Concerto final, uma vez que permitem criar redes de comunicação entre tocadores e formas de motivação mútuas, bem como trocas de repertório.

A edição de 2018 contou com a coorganização da Associação MiratecArts e com o apoio da Direcção Regional da Cultura, tendo o concerto decorrido no Auditório da Madalena do Pico, a 16 de Setembro, como fora de apoio daquela autarquia.

Como resultado do diálogo entre estes tocadores e todos os tocadores que participaram no CORDAS, surgiu, ainda, a criação do Dia da Viola da Terra, que a Associação MiratecArts pretende, agora, venha a ser instituído, oficialmente, pelo Governo dos Açores, uma vez que será celebrado, pelos músicos, a 2 de outubro de 2019.

Povoação, sexta-feira, 21 de setembro de 2018.


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