O músico ribeiraquentense Rafael Carvalho ao meio |
O
“Encontro de Violas Açorianas” teve mais uma edição a 15 e 16 de Setembro de
2018, na Ilha do Pico, inserido no CORDAS World Music Festival.
O
evento, produzido pela Associação de Juventude Viola da Terra desde 2011, tem
como objectivo juntar tocadores de Viola da Terra de diferentes Ilhas dos
Açores com o intuito de criar um diálogo musical e uma partilha de
conhecimentos e das diferentes realidades de cada ilha, que ajudem a motivar os
participantes no trabalho que desenvolvem com a Viola, diariamente, mas,
também, a valorizá-los enquanto executantes.
Ao
mesmo tempo, estes Encontros são uma chamada de atenção para a necessidade de
aproximação das pessoas para a aprendizagem da Viola da Terra.
Durante
dois dias os músicos Bruno Bettencourt (Terceira), José Canarinho (Pico), Rafael Carvalho (São Miguel) e Renato
Bettencourt (São Jorge) juntaram-se para prepararem um repertório para o
Concerto “Violas dos Açores” que encerrou o Festival CORDAS. A estes 4 músicos
juntou-se José João Mendonça (Graciosa), no domingo ao início da tarde, devido
às condições climatéricas que atrasaram alguns voos, mas, também, devido à
grande dificuldade de deslocações de músicos da Graciosa derivado das inúmeras
escalas a que estão sujeitos e da pouca disponibilidade de voos para aquela
Ilha.
Foram
apresentados em Concerto temas das Ilhas representadas, primeiramente, a solo,
com os músicos a tocarem, individualmente, temas como “Olhos Castanhos” (São
Jorge), “José” (Graciosa), “Mouraria” (São Miguel), “O Sapateia” (Pico) e “Os
Bravos” (Terceira). Depois de apresentadas as Violas a Solo, as suas diferentes
técnicas de execução (indicador, polegar e rasgado) e diferenças estruturais
(12 cordas e 15 cordas), os músicos deliciaram o público com muitos temas em
conjunto como um “Fado Corrido” instrumental, os “Olhos Pretos”, “O Ladrão”, a
“Tirana”, terminando com uma “Chamarrita do Pico”.
Foi
cumprida a principal missão do Encontro que é de potenciar a partilha musical,
explicar a riqueza da diversidade das nossas Violas, sem nenhuma se sobrepor à
outra, e, acima de tudo, demonstrar a sua complementaridade em palco.
Como
nota final, os músicos referiram, acima de tudo, que é necessário a
continuidade do Encontro e a sua itinerância pelas várias ilhas dos Açores.
Relembraram que são necessárias mais escolas de violas, pelo menos uma em cada
Ilha dos Açores, mas, também, que é necessário mais interesse dos mais novos na
aproximação ao instrumento e continuidade na aprendizagem do mesmo pois
continuam a haver alguns cursos que se iniciam com muitos alunos mas são poucos
os que têm persistência de chegar ao fim.
O
“Encontro de Violas Açorianas” tem procurado este diálogo e aproximação entre
as Violas das nossas Ilhas e os seus resultados vão muito para além dos dois
dias de ensaios e do Concerto final, uma vez que permitem criar redes de
comunicação entre tocadores e formas de motivação mútuas, bem como trocas de
repertório.
A
edição de 2018 contou com a coorganização da Associação MiratecArts e com o
apoio da Direcção Regional da Cultura, tendo o concerto decorrido no Auditório
da Madalena do Pico, a 16 de Setembro, como fora de apoio daquela autarquia.
Como
resultado do diálogo entre estes tocadores e todos os tocadores que participaram
no CORDAS, surgiu, ainda, a criação do Dia da Viola da Terra, que a Associação
MiratecArts pretende, agora, venha a ser instituído, oficialmente, pelo Governo
dos Açores, uma vez que será celebrado, pelos músicos, a 2 de outubro de 2019.
Povoação,
sexta-feira, 21 de setembro de 2018.
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