Era um dos grandes últimos humoristas que
fez história nos palcos e no pequeno ecrã durante a segunda metade do século
XX. Um verdadeiro resistente manteve-se no ativo até há um ano. Camilo de
Oliveira morreu no sábado à noite, aos 91 anos, vítima de cancro.
Nasceu
praticamente no teatro. Foi a 11 de agosto de 1924 em Buarcos, num camarote do
Grupo Caras Direitas, na altura o único teatro existente no concelho da
Figueira da Foz. Camilo Valêncio de Oliveira tinha os palcos no sangue e o
humor nas veias. Estreou-se na companhia itinerante da família ainda só tinha
nove anos. Mas foi quando saiu da Figueira da Foz e chegou a Lisboa à procura
de um novo fôlego na sua carreira que se mostrava aliciante tal a sua
disponibilidade para agradar ao público, que o seu carater humorista veio ao de
cima. Em 1951 já atuava na Revista à Portuguesa. "Lisboa é Coisa Boa"
foi o seu primeiro sucesso.
Com
sorriso e gargalhada garantidos, as peças que protagonizou numa vida dedicada à
comédia celebrizaram-no por exemplo como o Padre Pimentinha. Mas muito mais
personagens passaram pelo seu currículo que com o correr dos anos se
confundiram com o próprio ator. Camilo era Camilo vestisse a pele de quem
vestisse. Destaque, no entanto, para a dupla "Os Agostinhos", com
Ivone Silva, os dois bêbados que tinham sempre pronta a desculpa para beber
mais uma pinga: "Isto é que vai uma crise".
Na
Revista e no Parque Mayer fez cerca de 50 peças e contracenou com todos os
grandes de épocas passadas e presentes. Beatriz Costa, Raul Solnado, Vasco
Santana, Ribeirinho, Ivone Silva, Vítor de Sousa ou Herman José.
"Sabadabadu",
em 1981, programa da RTP no qual protagonizou vários papéis foi a sua grande
aproximação ao público de todo o país. Portugal ri com ele e com as suas piadas
e cataloga-o desde logo como o comediante do povo. De resto, o respeito pelas
suas plateias foi sempre um dos pontos assentes do seu dia a dia de trabalho.
Mas é em 1995 que chega à televisão a sério em 1995. Estreia-se na Sic com a
série "Camilo & Filho, Lda", seguiram-se mais seis séries de
comédia bem ao seu estilo, tantas vezes a rondar o tom brejeiro mas
incrivelmente popular. "As aventuras de Camilo", "A loja de
Camilo", com Rui Sá, "Camilo na prisão", "Camilo, o
pendura", "Camilo em sarilhos", na qual contracenou com Maria
Emília Correia, e "Camilo o presidente" são alguns dos títulos que os
telespetadores não esquecem.
Entre
os seus sucessos, o ator realçava a comédia em dois atos "Um
coronel", de Jean-Jacques Bricaire e Maurice Lasaygues, levada à cena no
Teatro Variedades, em Lisboa, no qual contracenou com Alina Vaz, Francico
Nicholson, António Feio e Paula Marcelo. "Abaixo as Saias" (1958),
"Ó Pá, Não Fiques Calado" (1963), "Alto Lá Com Elas"
(1970), "As Coisas Que Um Padre Faz" (1976), "Aldeia da Roupa
Suja" (1978), "Há Mas São Verdes" (1983), "Isto É Que Vai
Uma Crise" (1992), "Camilo & Filhas" (1996) e "2008 - O
Meu Rapaz é Rapariga" (2008) foram alguns dos seus êxitos.
Por:
Alexandra Carita
Fonte:
Jornal Expresso
Fotos:
Google imagens
Um Olhar
Povoacense endereça sentidas condolências à família enlutada
e à outra sua grande família de atores portugueses.
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