Recordo verdes campos, seara madura, loiros trigais da minha infância.
Por onde andais?
Em países longínquos do meu coração chegam até mim em cada manhã no
apetecido fresco loiro pão.
Que saudade de ouvir “cantar o carro de bois” e vê-lo aos solavancos
em prodígio de equilíbrio caminho abaixo ou acima carregado com espigas
douradas de quando em vez a saltitar da sebe até chegar à eira moinho de
engenho (debulhadora de trigo) junto à ribeira. Que nostalgia das brincadeiras
nos montes de palha que foi encantamento de centenas de crianças! Homens e
mulheres gerações se afadigaram com o precioso grão pão de subsistência, pão de
vida.
Com alfaias agrícolas preparavam os agricultores os terrenos para a
sementeira ao iniciar o Boieiro a tanger junta de bois com o arado abria sulcos
na terra, logo depois era adubada, semeada, o puxar da grade pelos bois, cobria
a semente passado algum tempo germinava, gradualmente dava-se o crescimento,
quando maduro era ceifado enfeixado uma carrada deles transportado no carro de
bois ou noutro transporte qualquer ia para a eira. Após a debulha era o grão
medido e ensacado regressava à casa do dono, em dia soalheiro procediam à
secagem do grão depois joeirado a retirar poeira e pragana, etc, etc... Assim
passou de mão em mão numa escola de vida! De porta em porta recolhia os talegos
de grão o moleiro no ceirão os colocava pachorrento burrinho no dorso os
transportava percorrendo caminho sinuoso até chegar ao moinho. A água no penado
a dar, a dar e a roda de pedra a girar, girar o grão em farinha transformou.
Caminho acima regressava o moleiro à localidade a distribuir a moenda, rostos
de esperança o aguardavam, mãos d’amor pão confeccionaram pão de partilha
quantas boquinhas de fome saciou. Ao repicar do sino é Domingo iam as pessoas à
missa agradecer ao Pai do céu a abundância do pão de cada dia.
Benjamim
Carmo
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