Dia Mundial da
Doença de Parkinson assinala-se a 11 de abril
Dr. Miguel Coelho, neurologista do Hospital de Santa
Maria
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A
doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa do sistema nervoso central,
crónica e progressiva. É causada por uma diminuição da produção de dopamina,
uma substância produzida pelo cérebro, que ajuda na realização dos movimentos
voluntários do corpo. Havendo uma redução da produção de dopamina, o controlo
motor do indivíduo está diminuído, ocasionando sinais e sintomas característicos
como tremor em repouso, lentidão de movimentos e alterações da marcha, rigidez
muscular e, anos depois, desequilíbrio.
A
doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum,
estimando-se que em Portugal existam cerca de 18 mil doentes.
A
causa da doença ainda não é conhecida, mas admite-se que resulta de uma
combinação de fatores ambientais e genéticos. Embora já sejam conhecidos alguns
genes que favorecem o aparecimento da DP, ela não é por regra uma doença
hereditária. O maior fator de risco para o aparecimento da doença de parkinson
é o envelhecimento. A DP costuma desenvolver-se de forma lenta e progressiva
geralmente a partir dos 55 anos de idade, embora em 10% dos casos surja antes
dos 40 anos. Afeta ambos os sexos e é mais frequente nos europeus e
norte-americanos do que nos asiáticos ou africanos.
O
diagnóstico é clínico, pela história e exame médico do doente, não existindo
nenhum exame complementar definitivo. É importante que o despiste da doença
seja por isso realizado por um médico neurologista especialista em doenças do
movimento.
Entre
os principais sinais de alerta desta doença destacam-se sintomas como o tremor
em repouso (mais frequentemente num dos braços), a lentidão de movimentos, a
rigidez muscular, o andar com passos curtos, a diminuição do tamanho da letra,
e a dificuldade na articulação da fala. Apesar dos sintomas mais conhecidos da
doença serem motores, a DP manifesta-se também através de sinais como a
depressão, ansiedade e alterações no sono.
Apesar
de ser uma doença sem cura, existem várias opções de tratamento que são muito
potentes a melhorar as queixas dos doentes. Estes tratamentos incluem a toma de
comprimidos, injecção contínua de medicamentos através de uma bomba infusora,
medicamentos administrados por um penso na pele, fisioterapia e tratamento
neurocirúrgico. Relativamente a esta última opção, nem todos os doentes podem
ser submetidos a este tratamento. Os especialistas consideram que esta opção é
adequada para os doentes que, apesar de terem uma terapêutica farmacológica
optimizada, apresentam períodos do dia em que alternam entre ter o efeito da
medicação (período on) e outros sem o efeito da medicação (períodos off), e em
que estes os sintomas motores interferem de forma significativa com as
actividades do dia-a-dia. O tratamento neurocirúrgico consiste numa cirurgia
designada por estimulação cerebral profunda, que começou a ser realizada em
Portugal em 2002 e que actualmente é feita em vários hospitais do país. Esta
abordagem cirúrgica consiste no implante de 2 eléctrodos cerebrais ligados a um
neuroestimulador, um dispositivo médico semelhante a um pacemaker. Este
dispositivo envia pequenos impulsos eléctricos para as áreas do cérebro
responsáveis pelo controlo do movimento. Após o procedimento, os doentes
registam melhorias na ordem dos 50 a 75 por cento, o que resulta numa melhoria
na qualidade de vida significativa, maior autonomia e autoestima dos doentes.
A
DP é uma doença que traz grandes alterações à vida dos doentes, mas também à
dos familiares e cuidadores. É fundamental procurar ajuda especializada através
de uma abordagem multidisciplinar que inclua a implementação de um programa de
reabilitação especializado.
Povoação,
terça-feira, 11 de Abril de 2017.
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