Esta questão do lay-off veio por a descoberto um problema já há muito existente, dificuldades económicas de muitas paróquias.
“Não pode haver medo de encontrar respostas novas e audazes, atrevidas até.”
Não sou mestre nestas “artes”, mas também não é preciso sê-lo, para entender que sem rendi- mentos torna-se muito difícil pagar contas. As paróquias, a maior parte delas, vivem de donativos livres e generosos, que devem ser entendidos como contribuições. Se antes já era difícil, agora sem donativos, ainda mais.
É verdade que a missão da paróquia é muito específica, como sabemos, mas também não deixa de ser verdade que há água e luz para pagar, mas mais do que isso, existem pessoas (padres e leigos) que dependem diretamente das paróquias. Pessoas que pagam a segurança social e a retenção na fonte. E não, as paróquias não dependem economicamente das dioceses ou do Vaticano como tanto se ouve por aí, dependem de si próprias. E não podemos nunca descuidar da questão social, a opção preferencial pelos pobres. O património das paróquias, futuramente, será outro problema. Mas isso agora é outra história...
Estes “novos tempos” devem- -nos fazer refletir sobre muitas coisas. Que comunidade queremos ser? Que “modelo” de padre para hoje? Como manter ou fazer com o património?
Não pode haver medo de encontrar respostas novas e audazes, atrevidas até. Respostas novas para estes tempos novos. Deixar o supérfluo para agarrar o essencial. Ter a consciência de que não sabemos tudo e de que precisamos da ajuda de quem sabe. Mas, nunca perdendo a identidade eclesial.
Padre Miguel Tavares, natural da freguesia de Furnas, Concelho de Povoação.
*Pároco de Matriz de Vila do Porto, Almagreira, Santa Bárbara e Santo Espírito, ilha de Santa Maria
In Jornal Crença N.º 5095 de 30 de abril de 2020.
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