Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal da Povoação,
De novo na Povoação, volvido um ano, não quero deixar de cumprimentar V. Exa. pela intervenção que, não sei se concluída ou não, vejo, agora, na zona da Praça Velha.
Na justa medida, de forma equilibrada e cuidada, o bom gosto com que a obra foi feita merece, na minha opinião, realce. Das piscinas à Porta do Povoamento, foi criada uma área deveras simpática. A harmonia conseguida sem descaracterizar um espaço que se vê, deste modo, devolvido à vila, só beneficia os povoacenses e aqueles que visitam este lugar carregado de significado histórico.
Também o Jardim Municipal está minuciosamente tratado, cheio de belos canteiros de flores. Transmite alegria envolta em beleza despretensiosa. Parece-me muito bem.
Assim, é com satisfação que felicito V. Exa.
Porém, a par desta satisfação, surge um enorme desapontamento que, nalgumas alturas, raia, até, a indignação. Refiro-me à Praia dos Pelames.
Tem a praia uma bandeira azul. Tal distinção só é concedida a praias que reúnam condições muito específicas. Na minha ignorância, que reconheço, posso estar longe de perceber o que é suposto que exista numa tal praia, mas há algo de que tenho a certeza – de que a qualidade da água tem de obedecer a parâmetros rigorosos.
Ora, na caracterização física e hidrológica da água balnear que consta do Perfil da Água Balnear da Praia dos Pelames que, com toda a atenção, me dei ao trabalho de verificar no detalhado Programa Bandeira Azul para as Praias 2019 da Região Autónoma dos Açores, pode ler-se o seguinte: “Praia de areia fina, com zona de banhos de mar aberto de fundo arenoso e alguns seixos e calhau rolado. [...]”
Areia fina?! Mar aberto de fundo arenoso e alguns seixos e calhau rolado?! A sério, Senhor Presidente da Câmara Municipal da Povoação?! Como é que é possível semelhante equívoco?!
Uns poucos metros quadrados de areia mais ou menos fina são-me suficientes. Por mim falo. Mas já não falo só por mim, seguramente, quando me refiro à impossibilidade de tomar um banho tranquilo nesse dito mar aberto de fundo arenoso e alguns seixos e calhau rolado. De dia para dia se torna mais arriscado e perigoso (tomo como referência o dia 1 deste mês de Agosto).
Não é que a água não seja convidativa: relativamente limpa e com uma temperatura média de 22o é uma delícia apetecível a qualquer hora do dia. A questão é que pedras e pedregulhos cheios de arestas cortantes, à mistura com seixos de grande tamanho e enormíssimos calhaus rolados tomaram conta de toda a beira-mar.
Se em período de maré cheia ou vaza o problema é maior ou menor e assume contornos mais ou menos graves, francamente, já nem sei. Só sei é que não se pode ter uma bandeira azul içada numa praia onde isto acontece!
Investiu-se, e muito bem, numa requalificação que passa mesmo pela existência de dois nadadores-salvadores. Excelente! Assim tem de ser. Mas o que dizer do “pedregal”?! Não o vi mencionado em lado nenhum. Não creio que faça parte das condições específicas exigidas pelas devidas autoridades que decidem da atribuição de uma bandeira azul a uma determinada praia.
Faltam aproximadamente dois meses para que termine a época balnear. Daí a questão que coloco: que medidas poderá V. Exa. tomar para que se cumpra o que, de facto, é expectável? O que é que poderá ser feito para que se cumpra o que está escrito, Senhor Presidente da Câmara Municipal da Povoação?
O concelho tem quatro zonas balneares, como tem vindo a ser amplamente divulgado, sendo a Praia dos Pelames uma delas. Mereceu, finalmente, a sua bandeira.
Pois que se lhe faça jus! Que se cuide do bem-estar e da segurança de quem a procura! E que ninguém venha ao engano, em busca daquilo que se promete mas não se oferece.
Na minha humilde opinião, a Povoação merece melhor!
Peço-lhe que aceite, Senhor Presidente da Câmara Municipal da Povoação, os meus melhores cumprimentos,
Isabel Leite
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