Quando
o galo canta,
Logo se
apressa ligeira
E da
cama se levanta
A Maria
Lavadeira
A
vida que Deus lhe deu
Reza
uma oração
Enquanto
veste ligeira
A
garrida saia e blusa
Que
há muito tempo não usa
II
Lá
vai ela pés calçados de trancos,
A rebolar
suas cadeiras
Por atalho
de outeiro e barrancos,
Até chegar
à ribeira
E ouve
no vento lamentos da solidão.
Mas com
isso não se importa
E põe-se
a lavar roupa
No poço
da grota.
III
Sempre
airosa a lavadeira
Lava a
roupa que lhe dão.
Linda
corada de canseira,
Esfrega
a roupa com sabão
Para que
fique branquinha
Entre
o rendilhar de espuma
Na água
fresquinha.
IV
Debruçada
lava ensaboada,
Lavadeira
do sorriso brejeiro
Que teu
noivo soldado
Está em
Lisboa,
Enquanto
brinca a seu lado
Seu irmão
com barco de papel,
Sonhando
que é marinheiro.
V
Lavadeira
dos olhos morenos,
Ciganos,
De oca
sedutora feiticeira
Que lavas
roupa de teus amos
Que bem
que a roupa cheira
No lavadouro
esfregas com jeitinho
A roupa
que lavas com carinho
VI
Quando
a roupa está lavada,
Logo a
pões a secar
Nos arbustos
junto à levada,
E alegre
põe-se a cantar
E os
pássaros a chilrear
Mais parecem
a querer acompanhar.
Benjamim
do Carmo
Povoação,
quinta-feira, 16 de outubro de 2017.
Sem comentários:
Enviar um comentário