O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que foi o povo
português, "sempre o povo", quem assumiu o papel determinante quando
o país foi posto à prova, lutando por ele, mesmo quando as elites falharam.
No
discurso das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas, no Terreiro do Paço, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa fez o
elogio do povo português, "o povo armado e não armado", que,
"nos momentos de crise, quando a pátria é posta à prova", assumiu o
"papel determinante". "Foi o povo quem, nos momentos de crise,
soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e
mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas
elites - ou melhor, as que como tal se julgavam - nos falharam, em troca de
prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropéis luzidios, de
autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade
e de decidir com visão e sem preconceitos", afirmou. "Portugal é o
seu povo, que não vacila, não trai, não se conforma, não desiste",
declarou. O chefe de Estado falava na componente militar das cerimónias do 10
de Junho, que este ano, e de forma inédita, se estendem a Paris, cidade onde
hoje à tarde Marcelo Rebelo de Sousa condecorará emigrantes portugueses que
assistiram vítimas do atentado terrorista de há sete meses na capital francesa.
"Aqui em Lisboa, seguro de estar a interpretar a vontade popular,
condecoro militares cujo pundonor e percurso no passado ou no presente são
exemplo para todos nós", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso que
antecedeu a condecoração de seis militares, três no ativo e três outros que
combateram na Guerra Colonial. O Presidente referiu-se também às condecorações
que atribuirá em Paris - juntando, como no seu discurso, "o povo armado e
não armado" nas homenagens de 10 de Junho, no âmbito das quais e até dia
12 de junho, em Paris, distinguirá mais emigrantes e luso-descendentes e também
cidadãos franceses que se destacaram na ajuda às comunidades pobres portuguesas
que para França emigraram "a salto", sobretudo nos anos 1960.
"Mais tarde em Paris condecorarei, em nome de todos nós, alguns
portugueses que durante os recentes atentados não hesitaram por um instante em
dar abrigo e salvar quem fugia da destruição e da morte. Também eles são um
exemplo de solidariedade e de humanismo, que devem ser realçados, mostrando
assim que estamos atentos e gratos a todos esses portugueses que, ainda que
longe, nos honram e nos orgulham, fazendo-nos vibrar por pertencermos à pátria
que somos", disse. No elogio ao povo, Marcelo Rebelo de Sousa percorreu
vários momentos da história de Portugal, desde a fundação, passando pelas
perdas e recuperação da independência, às invasões estrangeiras do século XIX e
o 25 de Abril. "Esse mesmo povo que hoje é garante do nosso
desenvolvimento económico, da justiça social na reconfiguração de Portugal como
país de economia europeia, de raiz multicultural, expressão da língua
portuguesa, plataforma entre continentes, culturas e civilizações, é esse povo
que hoje aqui e em França queremos celebrar", afirmou. Numa intervenção
curta (durou cerca de nove minutos), de tom mobilizador, Marcelo Rebelo de
Sousa referiu-se também ao simbolismo do lugar em que decorreram esta primeira
parte das cerimónias, o Terreiro do Paço. "Podemos dizer que devemos aos
acontecimentos ocorridos neste espaço o que somos hoje e o que fomos sendo
desde o século XV", afirmou, referindo-se a vários acontecimentos, culminando
no terramoto de 1755. "Foi aqui também que demos prova de que somos
capazes, novamente a partir do nada, planeamos, reconstruimos, reerguemo-nos,
Lisboa renasceu e a esta praça tornou se uma das mais belas da Europa.
Mostrámos ao mundo de então de que fibra somos feitos e do que somos
capazes". "Hoje, em 10 de junho de 2016, desta mesma praça, que é
símbolo maior do nosso imaginário coletivo, partimos, uma vez mais, rumo ao
futuro. Somos portugueses, como sempre, triunfaremos", concluiu. O Presidente
da República chegou cerca das 10:00 ao Terreiro do Paço, onde estavam
concentrados cerca de 1500 militares de 30 unidades dos três ramos das Forças
Armadas: Exército, Marinha e Força Aérea. Antes da intervenção de Marcelo
Rebelo de Sousa foi feita uma homenagem aos militares mortos e após o discurso
realizou-se um desfile militar, com veículos e homens e mulheres a pé. Durante
o hino nacional que foi entoado à chegada do Presidente, foram disparados tiros
de canhão de navios concentrados ao largo do Tejo, tendo também sobrevoado o
Terreiro do Paço uma esquadra de aviões caça F-16.
Fonte:
LUSA/AO Online
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