Faz hoje um ano que
desapareceu inesperadamente e prematuramente da nossa convivência o Francisco
Costa, um nome de referência da freguesia da Ribeira Quente no seio da classe
piscatória.
Francisco Melo
Costa
nasceu a 1 de maio de 1971, natural da Freguesia de Ribeira Quente, Concelho de
Povoação, filho de Manuel da Costa e de Maria Lúcia Sousa Melo, o mais novo dos
irmãos do sexo masculino (4 rapazes e 2 raparigas).
O
cidadão ribeiraquentense Francisco Costa é e foi sem dúvida um nome de
referência da comunidade piscatória concelhia, iniciando as lides do mar por
volta dos seus 14/15 anos aproximadamente. Faleceu inesperadamente no dia 14 de
Junho de 2015, sendo apontado como causa provável da morte um ataque agudo do
miocárdio, contava 44 anos de idade, e foi um enorme choque para toda a
comunidade piscatória da Freguesia de Ribeira Quente.
Um Olhar Povoacense em jeito de
homenagem a este bravo do mar vem dar a conhecer aos seus seguidores um pouco
da história deste povoacense filho da Ribeira Quente e que o digam os seus
amigos. Era uma pessoa muito humilde e
respeitadora, simples na sua maneira de ser,
amiga de fazer o bem, em especial aos que mais necessitavam, muito tímida por natureza desde criança e de
poucas conversas, mas muito persepicás a
tudo e a todos que lhe rodeavam. Apesar dele ser humilde e por excelência saber
que a sua arte de pescar era a sua grande paixão e, ser admirado por todos por ser um bom
pescador, ele nunca se vangloriava, porque a humildade o ensinou a aceitar os
altos e baixos da vida, e que na realidade, apesar de todas as diferenças,
ninguém é melhor do que ninguém, porque cada qual tem o seu valor, e o
Francisco também tinha o seu.
Desde
muito novinho, dos 6 anos de idade em diante, a sua família pensava que o
Francisco viria a exercer a profissão de carpinteiro, porque estava quase
sempre com madeira (tábuas), martelo e pregos nas mãos. Mas por volta dos seus
14/15 anos de idade decidiu enveredar pela profissão predominante na sua
freguesia, contra a vontade de sua mãe e do seu irmão (mais velho) João, porque
na família não havia pescadores. Assim foi a vontade do Francisco, indo
trabalhar para a embarcação do Mestre pescador Jorge Braga, sendo aí que começou
a desenvolver a sua habilidade nesta difícil arte da pesca. O ribeiraquentense
Jorge Braga foi o primeiro Mestre a tê-lo como aprendiz de pescador na sua
embarcação, sendo o próprio convidado pelo Francisco para seu padrinho do
Crisma.
O Francisco
iniciou-se como vigia de peixe, pois era exímio a detetar bancos de peixe,
aliás, uma fama que o marcou de tal forma que todos os Mestres o queriam para o
seu barco, mas nunca se comprometeu com ninguém, a não ser na traineira do
Senhor António Rita Amaral.
Entretanto
o Francisco é convidado a integrar a embarcação dos Pareces na ilha de Santa
Maria, desafio que aceitou juntamente com o Sr. Tomé, José Ferramenta
“Sapateiro” (falecido) e Tiago Costa prestando serviço por um período
aproximadamente de um ano.
A
determinado momento o Francisco decide ter o seu próprio barco de nome “Glória”
e com o decorrer da sua atividade e vendo-a crescer com alguma abundância,
necessita de uma embarcação de maior porte e foi o seu grande amigo Óscar que o
construiu, ao qual deu o nome de “Saulo”.
De
salientar que no seu percurso como pescador por conta própria o Francisco
sempre foi o bom contribuidor das festividades da sua querida e amada terra,
apoiando com donativos de peixes e caranguejos as mordomias e Igreja.
Para
além da sua audácia para a pesca e do seu empenho nesta arte, o Francisco enquanto
jovem, gostava de praticar desporto e, até jogou uma época no Praiense, clube
da freguesia (segundo testemunho recolhido) com uma boa prestação. Outro
testemunho recolhido disse “O Francisco enquanto adolescente era um excelente médio-centro,
uma vez marcou um grande golo de livre direto no campo de jogos do Externato,
cá de trás, tipo Carlos Manuel do Benfica”.
Claro
que muito mais há a dizer sobre este exemplar cidadão e grande pescador
ribeiraquentense, que infelizmente nos deixou prematuramente, sem qualquer
aviso, sem que nada o fizesse prever, sendo um grande choque e consternação
para a sua comunidade, em especial para os seus familiares e amigos. Aqueles
que conviveram de perto com o Francisco diariamente na sua arte são quem
poderão dar o seu fiel testemunho, bem como os seus amigos mais íntimos.
Testemunho
António Furtado "Caneta" para os amigos (empregado do Francisco)
“Foi
com muita tristeza e pesar que recebi a notícia da morte do meu querido grande
amigo e patrão, uma pessoa impecável e que confiava muito em mim, tínhamos uma
grande cumplicidade. Até ao dia de hoje é muito difícil acreditar que tenha
partido. A Freguesia da Ribeira Quente perdeu um filho desta terra, querido por
todos, um homem do mar que era respeitado por todos nós pescadores.
Paz
à sua Alma!”
João Costa Brilhantina
Povoação 14 de junho de 2016.
Povoação 14 de junho de 2016.
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