Anda à solta o vento sibilante,
largam as folhas as árvores e rodopiam no chão em louca dança. De quando em vez
generosa cai a chuva, numa azáfama andamos nós, de rua em rua, de comércio para
comércio com o bolso vazio ou cheio para adquirirmos algo talvez supérfluo para
uma decoração “folclórica”, é que o Natal está à porta, é tempo de sonhar, de
sonhos vive o homem, por um dia ou dois, vestimos o “manto da Santidade” e
somos generosos praticando a caridadezinha apregoada. Festejar o aniversário do
nascimento do Menino Jesus será atualizar hoje o gesto de Jesus, incarná-lo,
fazê-lo nosso se formos capazes de assumir a defesa do homem carente seja ele
quem for sem olharmos a credo ou cor como fez Jesus e faz incarnado no homem da
boa vontade, o homem que Deus ama, que renuncia, que se despoja. Jesus que era
de condição divina não reivindicou o direito de ser igual a Deus, mas
despojou-se a si mesmo tomando a condição de servo, tornando-se semelhante aos
homens (Filipenses 2.5-7).
Se amarmos como Jesus amou será
Natal e a paz ficará entre nós neste mundo conturbado.
O lobo habitará com o cordeiro, o
leopardo se deitará ao pé do cabrito, o novilho, o leão e a ovelha viverão
juntos e um menino pequeno os conduzirá. O novilho e o urso irão comer às
mesmas pastagens e as suas crias descansarão umas com as outras, o leão comerá
palha com o boi e a criança brincará com a serpente. Eles não farão mal algum
nem matarão em todo o meu santo monte. (Isaías cap. XI). Parte de texto do
velho testamento (livro sagrado) anunciado pelo profeta Isaías, talvez digamos
é poético ou inverosímil o homem pode assim sintetizar, vendo homens
agonizantes, mares prados e montes, se o homem disser sim à vida e não à morte,
ressurgirá vida em abundância, nunca o esqueçamos “toda a criatura verá a
salvação de Deus” Lucas 3.1-6. Deixemos as mortíferas armas da indiferença, do
desprezo, do ódio quando aceitarmos o homem com as suas limitações, a paz
estará entre nós. Quantas vezes caminhamos na vida com o coração vazio de
fraternal amor indiferentes aos males alheios e quantos marginalizados que
vivem numa “harmonia” magoada, parafraseando o poeta Ary dos Santos, “deitados
em lençóis de água”, e somos impiedosos Herodes e lavamos as mãos como Pilatos.
Senhor, todos os dias te pedimos: Venha a nós o Vosso Reino, esperando, somos
algozes a vilipendiar e na carnificina dos Santos inocentes pregamos-te na
Cruz. Nasce, Senhor, nos corações atribulados dos que trilham caminhos
incertos. Vem Jesus Menino para que sejamos pastores espantados e deslumbrados
com a luz que irradias, incendeia o nosso coração em erupção da Paz. Jesus, és
elo de união entre Deus, mulheres e homens de boa vontade a quem tanto amas.
A todos um Natal de esperança e
amor.
Benjamim Carmo
Povoação, segunda-feira, 5 de
dezembro de 2016
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