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sábado, 10 de agosto de 2013

NICHO DE Nª SR.ª DA CONCEIÇÃO UM MARCO EM PLENA VILA DA POVOAÇÃO

Em plena Vila da Povoação no cruzamento entre a subida para a estrada da Lomba do Loução, Alcaide e Bairro da Caridade existe um bonito nicho religioso em que alberga a imagem sagrada de Nossa Senhora da Conceição – Padroeira de Portugal.

É de salutar o brio e fé das pessoas responsáveis pela sua manutenção e enfeite, pois este nicho encontra-se sempre muito bem ornamentado como documentam as fotos. É motivo de curiosidade por parte de quem nos visita e é sem dúvida parte integrante da nossa história e religiosidade sendo a sua preservação e manutenção um orgulho para todos os povoacenses.

Parabéns aos povoacenses responsáveis!

História de Nª Sr.ª da Conceição

Deve-se ao rei D. João IV o facto de Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada Padroeira de Portugal, por proposta sua, durante as Cortes reunidas em Lisboa desde 28 de Dezembro de 1645 até 16 de Março de 1646, afirmando o soberano «que a Virgem Maria foi concebida sem pecado original» e comprometendo-se a doar em seu nome, em nome de seu filho e dos seus sucessores à Santa Casa da Conceição, em Vila Viçosa, «cinquenta cruzados de oiro em cada ano», como sinal de tributo e vassalagem, a dar continuidade à devoção de D. Afonso Henriques, que tomara a Senhora por advogada pessoal e de seus sucessores.

O acto da proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal, efectuado com a maior solenidade pelo monarca a 25 de Março desse ano (1646), alargou-se a todo o País, com o povo, à noite, a entoar cânticos de júbilo pelas ruas, para celebrar a Conceição imaculada da Virgem, ou, mais precisamente, a Maternidade Divina de Maria. Assim se tornou Nossa Senhora a verdadeira Soberana de Portugal, não voltando por isso, desde aí, nenhum dos nossos reis a ostentar a coroa, direito que passou a pertencer apenas à Excelsa Rainha, Mãe de Deus.

Em 1648 D. João IV manda cunhar moedas de ouro e de prata, tendo numa das faces a imagem da Imaculada Conceição com a legenda Tutelaris Regni – Padroeira do Reino. Em 1654 ordena que sejam postas em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares do reino pedras lavradas com uma inscrição alusiva à Imaculada Conceição (lápides essas ainda hoje existentes em certos locais).

Outros reis seus sucessores continuaram a tradição deste culto de homenagem a Nossa Senhora, caso de D. João V, em 1717, que recomenda a todas as igrejas a celebração anual com pompa e solenidade da Festa da Imaculada Conceição, enquanto D. João VI emite um decreto criando a Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e a Cabeça da Ordem (lugar principal) na Sua Real Capela.

D. Luís I, oficializa, por sua vez, em 1854, a bula Ineffabilis Deus, do papa Pio IX (se bem que, por motivos políticos, o beneplácito régio só venha a concretizar-se um ano depois), comemorada no dia 8 de Dezembro de 1855 com solenes festividades, a assinalar o primeiro aniversário da Definição do Dogma, comunicado ao Mundo um ano antes pelo papa.

As festividades à Virgem terão surgido, inicialmente, no Oriente, nos finais do século VII ou inícios do século VIII, embora somente nos princípios do século XII a devoção se expanda progressiva e definitivamente por todo o mundo cristão – até aqui com as opiniões dos teólogos divididas entre o prodígio do Nascimento de Cristo e a Santificação da Bem-Aventurada Virgem Maria (defendida pelos dominicanos).

A partir de 1310 o culto à Imaculada Conceição começa a ser largamente difundido nas dioceses portuguesas da Guarda, Lamego, Évora e Lisboa, com a adesão de Braga a verificar-se em 1325.

No Concílio de Basileia (1439) é então declarado que «a doutrina sobre a Imaculada Conceição era pia, muito conforme com o culto eclesiástico, com a fé católica, com a recta razão e a Sagrada Escritura, e que por isso devia ser aprovada, seguida, abraçada por todos os católicos».

Sisto IV proclama, por seu turno, que seja celebrada em todas as igrejas o Ofício e Missa da Puríssima Conceição, enquanto diversos papas (Paulo V, Gregório XIV, Alexandre VIII e Clemente IX, entre outros pontífices) exaltaram a remotíssima «devoção à pureza e santidade da Virgem Santíssima, concebida sem mácula do pecado original – a Filha do Eterno, a Mãe de Jesus, a Esposa e o Templo do Espírito Santo».

Feriado nacional e dia santo de guarda, a data de 8 de Dezembro constitui-se como um dia de festa religiosa, associada durante muitos anos à celebração mundial do Dia da Mãe, actualmente comemorado no primeiro domingo do mês de Maio.

Soledade Martinho Costa

Do livro “Festas e Tradições Portuguesas”, Vol.VIII
Ed. Círculo de Leitores


   



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