Entrevista ao
Jornal Correio dos Açores em 2 de Agosto de 2013.
CE – Que balanço faz deste mandato à frente do
Município da Povoação?
CA-
Foi o mais difícil mandato da minha participação política autárquica. Devido à
situação financeira de falência em que o município se encontrava, a qual foi
agravada a partir de 2011, com as medidas troikianas do Governo da República.
Herdámos
uma dívida de 37 milhões de euros que reduzimos em 4 anos para cerca de 20
milhões de euros e um processo de reequilíbrio que, apesar de aprovado pelo
Governo central, ainda a tempo rejeitámos. Rejeitámos o reequilíbrio com o aval
do Estado que nos facultava o acesso a 14.5 milhões de euros e, por nós
próprios, reduzimos a dívida com base no plano de contenção de despesas
municipais que implementámos no início de 2010.
Poupámos
e continuamos a poupar, para pagar. Mas não aumentámos nem um imposto, nem o
preço das tarifas e das taxas municipais, nem o preço dos serviços.
CE – Poder-se-á dizer portanto que a sua prioridade
foi recuperar financeiramente a Câmara Municipal?
CA-
Recuperar financeiramente a Câmara Municipal e recuperar toda a dignidade
democrática e institucional do Concelho da Povoação, fugindo da tutela do
Ministério das Finanças que se agravaria com o processo de reequilíbrio
financeiro. Esta tutela agravada do Ministério das Finanças faria diminuir o
poder democrático dos povoacenses e a capacidade decisória dos órgãos
representativos da população, durante 20 anos.
Nunca
poderia aceitar ser Presidente da Câmara, com uma atuação funcional equivalente
a funcionário do Ministério das Finanças que nunca pretendi ser na minha vida.
Segundo
excerto da entrevista com Carlos Ávila, candidato do PS à Câmara Municipal de
Povoação ao Jornal Correio dos Açores a 2 de Agosto de 2013.
CE – Não se arrepende de não ter aderido ao Programa
de Estabilização Financeira que o Governo da Republica implementou, e que
outros municípios da Região aderiram? Que vantagens tirou para o município
desta decisão de não adesão?
CA-
Uma das imposições da lei, seria o aumento dos impostos ou dos serviços
municipais. Ora, não aderimos a esse programa porque nunca quisemos aumentar os
impostos municipais, nem quisemos aumentar o custo de vida aos povoacenses, já
de si muito difícil, em face das medidas do Governo Central.
CE – Numa altura em que as questões económicas estão
na ordem do dia, quais serão as suas principais propostas para potenciar o
desenvolvimento económico do Concelho de Povoação?
CA-
Primeiro continuar a arrumar as finanças municipais. Pôr as contas em ordem.
Depois aproveitar o próximo quadro comunitário de apoio para investir em
projetos reprodutivos que tragam mais receita à Câmara Municipal e em setores,
baseados nas nossas potencialidades que dinamizem de imediato o investimento
reprodutivo privado.
CE – Mas estas são propostas a quatro anos: e as suas
principais prioridades?
CA-
Todas as que referi na pergunta anterior. Para além de mantermos o nível de
poupança dos serviços camarários, necessário se torna aumentar as receitas
municipais, não com base no aumento dos impostos, mas sim com base no investimento
reprodutivo municipal. E no Concelho da Povoação, aproveitando as nossas
potencialidades e os nossos recursos públicos, a Câmara Municipal deve passar a
assumir princípios de gestão empresarial, sujeitos às regras da gestão pública.
CE – Existe a convicção de que o Concelho tem
problemas graves em termos estruturais, cuja resolução extravasa o poder da
autarquia: refiro-me em concreto ao acesso á Ribeira Quente, a situação de
eutrofização da Lagoa das Furnas, a conclusão do Hotel SPA. Tem boas relações
com o Governo, mas o impasse perdura!
CA-
Nem todas as soluções relativas às questões mencionadas estão na direta
dependência do Governo Regional. Mas desejo muito que todos os problemas
mencionados e ainda outros que ainda nos afligem, obtenham soluções de curto
prazo do Governo.
CE – Recentemente o economista e Conselheiro de Estado
Vítor Bento, numa conferência em Ponta Delgada disse que os políticos, e
acentuou o ênfase em relação ao poder autárquico, têm que estar preparados para
passarem a trabalhar com orçamentos positivos, para poderem pagar divida. Para
si esta é uma realidade que já existe?
CA
– Não me preocupa nada se o orçamento é positivo ou não. Até porque em todos os
orçamentos, o valor das receitas previstas são iguais ao valor das despesas
previstas. O que nos deve preocupar, na boa gestão, é se as despesas que se vai
executando não ultrapassam as receitas que se vai arrecadando. E se assim todos
os gestores públicos o fizerem, então temos contas positivas. O que é
necessário, são contas positivas e não orçamentos positivos. Na Povoação temos
pago muitos milhões de dívidas porque as nossas despesas são inferiores às
nossas receitas. Mesmo assim ainda temos muito que fazer.
CE - Gostaria de uma forma muito objetiva que nos
dissesse quais são as principais diferenças que separam a sua candidatura do
projeto liderado pelo candidato do PSD?
CA
– Não sei. Essa candidatura, se já existe, ainda não expressou as suas
opiniões.
Fonte: Jornal Correio dos Açores, 2 de Agosto de
2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário