É sem dúvida um jovem talento com realce destaque da
Freguesia de Ribeira Quente…”O Homem dos Sete Ofícios”.
Emanuel de Jesus Pinheiro Silva nasceu a 16 de maio de
1991 às 15H20m na Freguesia de Ribeira Quente, Concelho de Povoação, filho de
Albino Manuel de Lima Silva e de Margarida da Roias Pinheiro da Silva, cresceu
no seio de uma família pobre e humilde na pacata comunidade de Ribeira Quente.
Então,
quem é o jovem Emanuel?
Emanuel é um jovem que tive o prazer de conhecer em 2004,
por altura das distribuições das pensões do Império do Divino Espírito Santo de
Pentecostes da Ribeira Quente. Foram à minha casa entregar a pensão e lá estava
o Emanuel a tocar acordeão com apenas 14 anos de idade, integrando o grupo de
músicos daquela Mordomia e acompanhado pelo seu pai e outros músicos já
experientes. Entretanto, e morando nas Furnas já alguns anos, como não o
conhecia, perguntei ao pai quem era aquele jovem, o qual respondeu-me que era
seu filho. A partir daí os contactos com o jovem possibilitou-me e ajudou-nos a
construir uma amizade coesa e alicerçada até à presente data, vendo-lhe crescer
e a tornar-se “o homem dos sete ofícios” e dos sete ofícios aprendeu tudo sozinho,
sendo a arte de cortar o cabelo uma delas.
Mais tarde, à conversa com o jovem Emanuel pude ouvir
a descrição que ele me transmitiu, com algum brilho nos olhos, explicou-me a
maneira como se apaixonou pela música, nomeadamente o instrumento do acordeão.
O gosto pela música começou desde tenra idade nas deslocações com o pai,
nomeadamente nas festividades religiosas da freguesia, e nalguns convívios de
amigos e familiares, onde o pai estava praticamente sempre presente. Mas, foi
mais concretamente na ausência do pai para os USA que o Emanuel aproveitava
para utilizar o instrumento musical e começava por si próprio a tocar as
primeiras notas musicais. Estávamos em princípios de 2004 quando tudo começou, sendo
que o Emanuel estava desejoso de fazer uma surpresa ao pai como forma de mimo
quando este regressasse dos USA, para ele ver e ouvir que já sabia tocar
acordeão. Assim aconteceu, o pai ficou surpreendido com a postura do seu filho
e a partir daí começou a acompanhar o mesmo para qualquer parte que fosse
convidado a tocar. Uma das organizações religiosas da freguesia em que o pai
era o responsável pelo grupo de músicos, foi o Império de Pentecostes, que mais
tarde tendo eu como Mordomo, acabei por nomear o Jovem Emanuel como responsável
uma vez que o pai não tinha disponibilidade. A partir daí foi o Emanuel o
artista musical a actuar naquele Império com um grupo de músicos escolhidos por
ele. E foi com sentido de responsabilidade e com o seu talento apreciável que
ficou a comandar. Atualmente ainda continua devido ao seu reconhecimento e
responsabilidade de liderança de uma forma humilde e eficiente. Contudo, não se
fez ficar por aqui, como se diz popularmente, apesar de tocar também tinha o
dom de cantar ao improviso, como a desgarrada, a cantoria e outros cânticos da
atualidade. Mas é no Café do “Ti Adelino” conhecido por todos do Dinis que o
jovem Emanuel faz a sua estreia da cantoria convívio, no dia 19 de dezembro de
2015, acompanhado de alguns cantores já conhecidos e conceituados a nível
regional como o cantor Carlos Sousa “Maurício”, entre outros.
O escritor e jornalista Luís Alves, numa das suas
mensagens diz que a “motivação é resultado dos estados psicológicos, pessoais e
profissionais de cada indivíduo, o equilíbrio entre eles é o caminho para o
sucesso." Assim, vai o Emanuel com muita motivação e humildade a caminho
do êxito com muito esforço e dedicação, e, é no terceiro Festival de Cantigas
ao Desafio que se realizou no dia 27 de fevereio passado, na Freguesia de São
Vicente Ferreira, a nova estreia de um possível novo cantor da Ribeira Quente
(conforme programa) e uma vez mais acompanhado de outros cantadores
conceituados tais como: José Vieira, João Luís Mariano, José Santos, Eduardo
Pereira, António Silva, José Pimentel Pimentel, Carlos Sousa, António Dutra,
fazendo-se acompanhar pelos tocadores Carlos Câmara e António Dutra, à guitarra
e violão, respectivamente.
O jovem Emanuel desabafa, ainda que as cantigas ao
desafio tivessem desde sempre presentes na sua vida desde o berço, sentindo
prazer em cantar, enumera alguns cantadores chave tais como José Luís Mariano,
José Pimentel e seu pai Albino Silva. Mas realça, que, apesar de já ter pisado
alguns palcos, o que mais lhe deu prazer e de enorme dimensão e satisfação foi
a actuação nas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres no Campo de São
Francisco, ao lado de grandes cantores, e em especial orgulhoso de atuar ao
lado do seu pai Albino Silva, outro grande mestre da cantoria.
Sentindo a necessidade de ir mais além e
aproveitando-se do seu instrumento corporal: a voz, o jovem Emanuel mais o seu
amigo David Rita, pertencentes ao Grupo Musical “Geração 90”, nome dado pelo
jovem David Rita e composto por 6 elementos, são convidados por alguns
elementos do Rancho de Romeiros da Ribeira Quente, para animar um pouco aquele
Movimento Religioso, visto ambos terem aptidões para a animação, em especial
para o canto. Contudo, com a formação já bem estruturada do conjunto “geração
90”, o David acaba por sair do referido Grupo Musical. Entende assim o Emanuel
dar continuidade ao nome “Geração 90” com os restantes elementos,todos
nascidos na década de 90, cujo projecto nasceu em 2012, e já sonhava com o mesmo desde os
primórdios tempos da escola.
Após o conjunto já estar formado, de imediato começa
as escolhas de letras e canções cujos ensaios duram cerca de dois anos, até que
se dá a sua inauguração, ou seja, a sua estreia, numa das festas religiosas da
freguesia, nomeadamente no Império da Santíssima Trindade. A partir daí nunca
mais parou a nível regional e já tem uma actuação no estrangeiro mais
concretamente nos USA, a convite da Organização festa do Chicharro à moda da
Ribeira Quente em New Bedford, no dia 8 abril 2017, todos naturais da Ribeira
Quente. É de salientar ainda, que o jovem integrou o Grupo de Serenatas e
Cantares do Vale das Furnas a convite dos órgãos directivos do mesmo, o qual
aceitou com pompa e circunstância, bem como organista no Grupo Coral da
Paróquia de São Paulo da sua Freguesia.
No entanto, enquanto adolescente segue a vida de
pescador à semelhança do que se passa com a maior parte daquelas gentes naquela
freguesia piscatória.
Sem vaidade nenhuma e muito honesto o jovem apesar de
estar na pesca, e vendo que não auferia rendimentos suficientes, procura
refúgio no exército e opta por alistar-se naquele ramo das Forças Armadas,
porque a carreira militar é uma opção cada vez mais considerada pelos jovens
portugueses e a maioria deles pensa mais seriamente no seu futuro.
Decidiu então o Emanuel seguir para a recruta, a 29 de
junho de 2009, passando à disponibilidade a 12 de janeiro de 20015, um período
de 5 anos aproximadamente, enquanto militar. A opção de entrar na vida militar
surgiu porque, para além do gosto, sempre lhe disseram que “havia mais
facilidades em estudar”. “Podendo estar na tropa a ganhar dinheiro e a estudar
ao mesmo tempo, porque não?”, desabafa o jovem em conversa comigo.
Com o ensino secundário inacabado, apenas o 7º ano,
Emanuel prossegue os estudos e ingressa na Escola Secundária Domingo Rebelo,
onde conclui no ano de 2010 o 8º e 9º ano, no ciclo nocturno. Em termos
monetários, o jovem garante que “a tropa compensa, mas apenas para quem souber
guardar o dinheiro”. Emanuel diz ainda que tem “independência total”. “Ganha-se
um pouco acima do ordenado mínimo e as despesas são quase nenhumas. Chega e
sobra”, afirma. Enquanto militar, tirou a especialidade de artilharia antiaérea
na categoria de operador de canhão.
Não satisfeito ainda e aproveitando a sua vida
enquanto militar e uma vez que estava em Ponta Delgada, foi convidado por um
militar graduado a matricular-se no curso de cozinha e pastelaria na Escola de
Formação Turística e Hoteleira de Ponta Delgada, o qual aceitou o convite de
muito bom agrado, cujas despesas foram todas suportadas por aquela unidade
militar e, diga-se em abono da verdade que foi uma oferta merecida por parte
daquela Unidade Militar. Após dois anos de curso, concluiu o mesmo com
aproveitamento, nível IV e equivalência do 12º ano de escolaridade.
Quando questionado sobre se vê a sua vida no exército
ou fora dele, o jovem é peremptório. “Neste momento vejo o meu futuro aqui.
Ainda não descobri nada em que seja mesmo bom a fazer. E gosto mesmo de andar
na tropa”.
Mas nem tudo foi fácil, nem tudo foi um mar de rosas
como se costuma dizer na gíria popular. A opção de continuar os estudos também
pesa na decisão e a principal razão apontada para tal escolha foi o desejo de
independência. “Queria sobretudo ganhar o meu próprio dinheiro e deixar de
depender dos meus pais”, explica o jovem.
Após ter dado por finalizado o serviço militar,
arranjou colocação no Terra Nostra Garden Hotel na Freguesia de Furnas como
cozinheiro, mas esteve lá apenas 18 meses, porque trabalhava-se muito e era mal
remunerado, cujo ordenado não pagava o trabalho que executava, conclui.
Mais tarde, apercebeu-se que não era isto que queria
para a sua vida e optou então por cortar cabelos, ou seja, investir numa
barbearia, pois já o fazia em part-time desde o ano de 2007.
Descendente de uma família com arte de cortar cabelo,
desde dos tempos dos seus bisavós, ele é a terceira geração de cabeleireiros da
sua família, no entanto, entende por enquanto seguir o ramo e tem já uma
clientela por motivo de ter umas mãos bastante habilidosas para criar cortes de
cabelo e penteados á maneira. Cortar cabelos também é uma arte.
Atualmente o jovem Emanuel é conhecido pela vasta
clientela concelhia de Povoação, tem os seus salões abertos em Ribeira Quente e
Furnas, bem como na Lomba da Maia e Ponta Delgada, e, diz, que o cabeleireiro
não tem uma técnica específica para corte de cabelos, é um processo criativo,
porque cortar cabelos é como esculpir uma obra de arte, compara. Contudo, ele
acredita que a profissão de cabeleireiro está a ser finalmente reconhecida, e
entende também, que é vista como profissão, bem como um prestador de serviços.
Além disso tudo, o Emanuel é ainda um bom animador
sociocultural, enquanto o cliente está a cortar o cabelo ele vai cantando á
desgarrada entre outros cânticos. Se por acaso, o cliente ao entrar num dos
salões que ele tem um pouco indisposto, acaba por sair bem-disposto. Vejamos um
dos comentários no facebook, do Senhor João Vieira: “Este amigo Emanuel é mesmo o máximo, o cliente chega aborrecido à barbearia
e sai de lá feliz ao ouvir esta voz belíssima, o bonito improviso e ainda por
cima sem pagar nada por isso, uma voz que faz lembrar o Jorge Ferreira”, já
Susy Macedo, diz o seguinte: “Não é para
todos um cabeleireiro a cortar cabelo com uma grande desgarrada”.
Um outro
pequeno acontecimento:
Enquanto criança era muito brincalhão e um dia o
Senhor Tomé Vieira Bento do Couto, falecido recentemente, (4 de julho), gostava
muito de crianças e entre elas figurava o Emanuel. Contou-nos em tempos que
após o almoço e quando não ia para o mar, tinha o hábito de se sentar
praticamente perto do porto de pescas, num banco lá existente. O Emanuel já
sabia mais ou menos a hora em que o Senhor Tomé vinha descansar um pouco,
escondia-se por ali perto de maneira não ser visto, e quando o homenzinho ia
sentar-se, de imediato punha-se por detrás do banco e colocava ovos crus
debaixo dele, ao sentar-se o Senhor Tomé ficava todo molhado da esmagação dos
ovos, e, mesmo assim, apenas dizia: éh corisco, corisco, rapazim.
Um outro
testemunho de uma pessoa amiga:
Caros amigos,
Venho por este meio dirigir-me a todos vós a fim de
dar um pequeno testemunho em miniatura ao nosso amigo Emanuel de Jesus Pinheiro
Silva, nascido na linda e pacata freguesia da Ribeira Quente, Concelho da Vila
da Povoação.
Tal Privilégio teve não somente a linda e humilde
freguesia da Ribeira quente, tal como todo o seu Concelho Povoacence que, no
dia 16 de maio de 1991, pelas 15 horas e vinte minutos, viu nascer o nosso
amigo Emanuel Silva. Tendo por orgulho, ser filho do Sr. Albino Silva e da Sr.ª
Margarida Pinheiro Silva.
Conheci o Emanuel Silva e seu Pai Albino Silva no
mesmo dia, data esta que jamais me esquecerei, dia 2 de Maio de 2016 nas
Cantorias em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres em Ponta Delgada.
Para minha surpresa vi e escutei, o Emanuel a cantar
ao desafio tendo por adversário entre aspas o seu próprio Pai Albino Silva. Uma
cantoria entre Pai e Filho que eu como Cantador adorei.
A partir daí entramos em diálogo uns com os outros e
fiquei a partir deste dia com o Emanuel no meu grupo de amigos do Coração.
Amigo muito simpático, muito bem-educado,
compreensivo, humorista, um jovem que sabe e muito fazer o seu lugar, depois do
jantar do Convívio entre cantadores veio as despedidas e cada um foi às suas
vidas, mas a amizade permaneceu.
Tendo por conta a continuação da nossa amizade...vim a
saber que o Emanuel Silva, além de ser um excelente Cabeleireiro por Profissão
e de ser um excelente cantador como eu próprio sou testemunho, também toca
acordeão e tem muitos fãs por todo o seu Concelho.
Para além do seu salão de cabeleireiro, na sua honrada
e ditosa freguesia da Ribeira Quente veio abrir um segundo salão nas Furnas,
para melhor servir o seu Povo.
Ainda antes de terminar, queria-lhe dar os parabéns
por ser um excelente cozinheiro, pois isso também é mais um talento do nosso
Emanuel Silva.
Queria aqui agradecer ao Emanuel o convite que me fez,
para visitar o seu salão quem sabe até cortar o cabelo, tomarmos juntos um cafézinho,
e ou cantarmos ainda uma desgarrada. Fica isso a meu cuidado para uma surpresa
breve.
Amigo, desejo-te o melhor do mundo, que tenhas muita
sorte na vida porque mereces. Esta foi uma surpresa para ti deste teu amigo
João Silvério Sousa. Bem Aja Emanuel Silva, e aquele Abraço tamanho do Mundo.
João Silvério Sousa.
Coordenação de João Costa Brilhantina
Povoação, 8 de Outubro de 2016.
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