Andreia Amaral - Música, Divino Espirito Santo e
jornalismo
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É
sempre um orgulho para nós povoacenses vermos os nossos jovens valores valorizados
pela imprensa escrita regional e, neste sentido, o Jornal Correio dos Açores e
o seu colaborador António Pedro Costa estão de parabéns pelo seu trabalho
abrangente para com os jovens valores Açorianos.
A guitarrista que é mordoma no Faial da Terra e gosta de jornalismo
O
‘Correio dos Açores’ esteve à conversa com a jovem povoacense Andreia Festa
Amaral, natural do Faial da Terra, onde orgulhosamente nasceu e cresceu sendo,
desde sempre, muito activa na sua comunidade.
Esta
faialense de gema possui a licenciatura em Jornalismo, pela Escola Superior de
Comunicação Social de Lisboa, para além de ter frequentado a Academia de Música
da Povoação e a Escola Global Point. Ingressou na Filarmónica Sociedade Musical
Sagrado Coração de Jesus, como clarinetista, sendo um elemento sempre muito
interventivo no grupo. É a maestrina do Festival Caravela d’Ouro e tem uma
paixão pela preservação das tradições culturais da sua terra. Conjuntamente com
outros jovens da comunidade, é responsável pelas festividades em honra da
Santíssima Trindade do Faial da Terra.
Correio
dos Açores -
Quando descobre que a música era uma
paixão?
Andreia Amaral - Eu cresci com
música em casa e com o meu pai envolvido na Filarmónica local, portanto o gosto
existia, mas foi só depois de entrar para a Filarmónica aos 11 anos que percebi
realmente que gostava muito de tocar, de ouvir e de tudo o que envolvesse
música.
Porquê o clarinete?
Porque
quando entrei para a filarmónica foi o que me atribuíram, por ser o instrumento
em que necessitavam de músicos. A verdade é que apesar de não ter sido eu a escolher,
já era um instrumento que me atraia, uma vez mais por influência familiar, já
que tinha um primo que tocava clarinete. Apesar disso, a partir do primeiro
ano, quando já conseguia tocar umas músicas, tornou-se uma paixão. Até ir para
a universidade dedicava bastantes horas a tocar clarinete com o objetivo de me
tornar melhor músico.
Qual o instrumento
musical de eleição: clarinete ou guitarra?
Infelizmente,
em 2010, tive de parar de tocar clarinete, e portanto desde essa altura que não
o toco, apesar de sentir bastantes saudades. Actualmente o meu instrumento de
eleição é a guitarra, por ser o instrumento a que me dedico mais e por ser mais
versátil. Ou seja, toco guitarra na igreja, toco na minha banda, toco numa
festa ou churrasco com os amigos, podemos levá-la para todo o lado!
A Filarmónica
Sociedade Musical Sagrado Coração de Jesus tem tido uma grande notoriedade a
nível Açores, em termos de formação musical? Qual a razão?
Acima
de tudo jovens maestros, que são muito bons no que fazem e jovens músicos com
gosto pela música e pela instituição que representam. A verdade é que estes dois
fatores são indispensáveis para se conseguir levar o nome da Sociedade Musical Sagrado
Coração de Jesus mais longe. Ideias inovadoras e arrojadas e muito, muito
trabalho por parte de todos os envolvidos foram a chave para conseguir manter
abertas as portas de uma instituição centenária, numa freguesia bastante
pequena, e ultrapassar a fronteira da freguesia e do concelho onde se insere.
Qual será o futuro
das nossas filarmónicas na preservação da cultura dos Açores?
Tenho
assistido com algum receio o crescente desinteresse por parte dos mais jovens
em manter estas instituições abertas. A falta de vontade dos jovens de se comprometerem
com alguma coisa, é infelizmente uma realidade cada vez maior. Dito isto, na
minha opinião as filarmónicas são um expoente da cultura açoriana, uma forma de
preservar e divulgar cada pedaço destas ilhas. O futuro mostra-se incerto, mas
se conseguirmos manter estas instituições abertas, será uma forma de não só
preservar a cultura musical açoriana, mas acima de tudo dar a conhecê-la em
todas as ilhas dos Açores e também lá fora.
É maestrina do Coro
Infanto-Juvenil da Gala Caravela D’Ouro. Qual o segredo para este festival
continuar a mobilizar o concelho da Povoação?
Este
ano a Caravela D’Ouro celebra 25 anos, é o mais antigo festival infantil dos
Açores ainda em actividade. Isto demonstra bem o peso que este evento tem não
só no concelho da Povoação, mas também nos Açores. Passados todos estes anos,
há algo que nunca muda: a música! Este festival continua a mobilizar o concelho
porque é um evento importante na vida dos povoacenses, especialmente os mais
novos, e porque abre as portas para a Gala Internacional dos Pequenos Cantores
da Figueira da Foz, que tem uma representação de todas as regiões do país e é
internacional. É uma oportunidade de mostrar os jovens talentos que existem
nestas ilhas, no que diz respeito ao canto.
Qual foi o
contributo para si da passagem pela Tuna Académica da Escola Superior de
Comunicação Social de Lisboa?
Um
contributo maior do que esperava. A tuna para além de me ter permitido ficar ligada
à música mesmo longe de casa, deu-me uma segunda família e grandes amigos. Mas
acima de tudo foi também uma escola, ajudou a moldar a minha personalidade, tornou-me
mais forte e capaz de lidar com qualquer adversidade, tanto na minha vida
pessoal, como profissional. Guardo com muito carinho as recordações dos anos
que andei na Escstunis.
Como foi parar às
Bandas Addictive e PreludiuM?
Quando
decidi voltar para os Açores, achava que dificilmente iria estar envolvida em
algum projeto que me permitisse tocar guitarra. Estava enganada! Foi uma amiga
minha, que estava ligada à música que falou comigo para formarmos os Addictive.
Quando este grupo terminou, surgiu a oportunidade de criar os PreludiuM com
elementos de duas bandas povoacenses que tinham também terminado e por isso lá
comecei mais um projeto musical.
Atualmente faz
parte do Quarteto Acoustic Souls. Qual tem sido a actividade musical?
Os
Acoustic Souls são um projeto muito recente, têm menos de um ano. Surgimos em
Agosto para nos apresentarmos na Festa em Honra de Nossa Senhora Mãe de Deus na
Povoação, depois disso a reação do público foi tão positiva que decidimos manter-nos
juntos. Em dezembro abrimos o concerto dos D.A.M.A no Coliseu Micaelense, o que
para nós foi um marco importantíssimo já que aquele foi só o nosso segundo
concerto, e estivemos recentemente no Programa Atlântida da RTP Açores. Estamos
tratar de outros concertos para os próximos meses, mas para já nada concreto.
Mas vou adiantar em primeira mão que em julho vamos abrir o concerto da Mariza
na Festa do Chicharro, Ribeira Quente. Portanto temos pouco tempo de existência,
mas vamos conseguindo destacar-nos em eventos de relevo no panorama musical
açoriano.
Qual o maior sonho
na área da música?
Para
mim tocar nunca foi uma questão de realizar um sonho, tem sido mais um colmatar
de uma de estar ligada à música para ser feliz! Se com os Acoustic Souls conseguisse
gravar um CD ou chegar aos grandes palcos nacionais, bem isso já era sonhar
muito alto, mas seria fantástico.
Fale-nos um pouco
acerca da actividade desenvolvida, como organista e maestrina no coro do Faial
da Terra.
Desde
muito cedo e por influência da minha mãe fiz parte do Coro da Paróquia de Nossa
Senhora da Graça, assim em 2005 por necessidade do Coro tornei-me organista do
mesmo. Convenhamos que o Piano não é a minha praia, mas pronto, como até tinha
umas bases consegui dar conta do recado. Em 2009 o maestro teve de deixar o
coro por razões pessoais e pediu-me que o substituísse. Inicialmente fiquei bastante
reticente com esta proposta porque era uma grande responsabilidade, mas acabei
por aceitar e desde esse dia que sou a maestrina do Coro de Nossa Senhora da
Graça do Faial da Terra. Este é um coro pequeno, atualmente com cerca de 18
elementos, com idades compreendidas entre os 8 e os 65 anos, e que na minha opinião
é um coro com grande potencial. Fazemos parte do Coro da Ouvidoria da Povoação,
que conta com mais de 100 elementos, o que demonstra a vontade que estas
pessoas têm em participar e por levar o nome do Faial da Terra e da nossa
paróquia mais longe.
Porque enveredou
pelo jornalismo?
É
engraçado que, desde que me lembro, sempre quis ser jornalista. Acho que esta
minha escolha veio da minha vontade de estar no centro de toda a informação
relevante, poder saber, em primeira mão, o que de mais relevante se passa no nosso
país e também a nível internacional e ter a oportunidade de ser a primeira a
dar essa notícia. Foi sem dúvida um misto de querer estar sempre bem informada
e poder informar.
O que está a
planear para o futuro?
Até
agora foram muitos os ensaios do Coro de Nossa Senhora da Graça para a Páscoa,
com ensaios do Coro Infanto-Juvenil da Caravela D’Ouro, para além dos ensaios
da Filarmónica e claro os ensaios dos Acoustic Souls, portanto ando
extremamente ocupada.
A
partir deste mês de abril, começam os preparativos logísticos para o Império da
Santíssima Trindade do Faial da Terra, do qual sou mordoma, e que se vai
realizar nos dias 20, 21 e 22 de maio. Também terei os ensaios com os Acoustic
Souls para os concertos de verão, e claro as minhas actividades paralelas com o
Coro da minha paróquia e com a Filarmónica. Portanto os meus planos são continuar
a trabalhar afincadamente musicalmente. Com muito trabalho, vem sempre o
proveito!
*
Texto escrito com o novo Acordo Ortográfico
António Pedro Costa
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