O Secretário Regional da
Agricultura anunciou hoje, no Faial, que o Governo dos Açores vai
disponibilizar, até ao final do ano, uma linha telefónica SOS AVES
para que os cidadãos possam mais facilmente participar aos Parques Naturais de
Ilha ocorrências com aves selvagens em perigo ou a necessitar de cuidados.
Luís Neto Viveiros salientou que
se trata de um número verde (chamadas gratuitas de telemóvel ou da rede fixa)
que “permitirá que qualquer cidadão, se confrontado com uma situação desta
natureza", a possa facilmente comunicar e chamar os Vigilantes da
Natureza.
O titular da pasta do
Ambiente, que falava durante a libertação de um milhafre juvenil tratado
no Centro de Recuperação de Aves do Pico, frisou que as aves feridas serão
recolhidas e encaminhadas, se necessário, para um dos dois centros já
existentes no arquipélago.
O milhafre juvenil foi hoje
libertado na Lomba dos Frades, no Faial, no mesmo local onde tinha
sido salvo de afogamento num tanque de abastecimento de água por um
agricultor que o entregou ao Parque Natural do Faial.
Esta foi a primeira ave a ser
libertada depois de tratada no Centro de Recuperação de Aves Selvagens do Pico,
recentemente inaugurado.
A libertação do milhafre juvenil
contou com a presença de alunos da turma 'Os Milhafres', da Casa da
Infância de Santo António, no âmbito do programa de educação ambiental
promovido pela Região junto das escolas.
Neto Viveiros salientou que
os Açores são um local de excelência para a vida selvagem, sobretudo para as
aves marinhas e migratórias, devido à sua localização no centro
do Atlântico Norte.
“Para além das aves migratórias,
existem outras nos Açores, como é o caso do milhafre e também do cagarro
[objeto de uma campanha anual em que são salvos milhares de espécimes juvenis],
que têm merecido do Governo uma atenção muito significativa”", afirmou o
Secretário Regional, acrescentando que “fazem todo o sentido” os
investimentos nos centros de recuperação que, não sendo avultados, “são
relevantes”.
Atualmente, estão a funcionar nos
Açores os Centros de Recuperação de Aves Selvagens do Corvo, no Grupo
Ocidental, e do Pico, no Grupo Central, estando prevista a
criação, ainda nesta legislatura, de um centro em São Miguel, no
Grupo Oriental, dotando assim todos os grupos de ilhas de uma infraestrutura
desta natureza.
Estes centros visam o tratamento e
recuperação de aves selvagens regionais, nidificantes, migratórias ou
acidentais que sejam recolhidas feridas ou debilitadas, mas também contribuir
para a sensibilização e educação ambiental, envolvendo as escolas, associações
locais e população em geral.
A promoção do conhecimento
científico das populações de aves selvagens nos Açores, através da recolha de
biometrias e material biológico para estudo, é outros dos seus objetivos.
Aos alunos que hoje assistiram à
libertação do milhafre juvenil foi explicado que esta ave tem o nome
científico Buteo buteo rothschildi e é uma subespécie endémica dos Açores
que existe em todas as ilhas, exceto nas Flores e no Corvo.
O milhafre é também a única
espécie de rapina diurna dos Açores, sendo, a par do cagarro, a ave mais
emblemática do arquipélago e habita em zonas arborizadas ou em pastagens com
árvores nas imediações e em encostas, alimentando-se de aves, coelhos,
roedores, insetos e minhocas.
Esta ave tem uma envergadura de
asas de 113 a 128 centímetros e reproduz-se entre abril e agosto com uma
postura de dois a quatro ovos.
O tempo de incubação é de 36
a 41 dias, dando-se o primeiro voo das crias entre os 50 a 55
dias de vida.
Texto: GaCS/OG
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