Estas
são as melhores flores para nos anunciar que o Outono está à porta!
São
bolbos de Outono, ou de fim de Verão. Podem ser plantadas em qualquer lugar e
deixam-se ficar os bolbos na terra todo o ano.
Nos
Estados Unidos chamam-lhes "Naked Ladies" (Senhoras nuas) porque as
flores aparecem quando a planta ainda não tem folhagem à vista. As folhas
começam a rebentar após a floração.
Cá
na ilha de São Miguel e em geral no arquipélago chamamos-lhes as "Meninas vão prá escola" porque
ficam em flor na altura da abertura das aulas e dão uma cor especial aos nossos
caminhos, como documentam bem as fotos apresentadas.
As
“Meninas vão prá escola” são muito
bonitas e merecem estar presentes em todos os jardins, terraços ou varandas!!
Amaryllis
belladonna
L., conhecida pelos nomes comuns de amarílis, beladona-falsa ou
meninas-pra-escola, é uma planta perene, bolbosa, da família das amarilidáceas,
nativa do Cabo Ocidental, África do Sul,[1] cujas vistosas flores atrombetadas
aparecem sazonalmente, logo após as primeiras chuvas depois da estiagem e antes
das folhas. Introduzida na Europa no século XVIII, a planta é cultivada em
regiões livres de geadas intensas para fins ornamentais, geralmente em bermas
de caminhos e estradas e em taludes. Também é utilizada como planta envasada
para decoração de interiores.
Apresenta
fortes semelhanças com diversas espécies do género Hippeastrum, da América
tropical, cujas flores são comercializadas sob o nome comum de amarílis.
Descrição
A
planta desenvolve-se a partir de um bolbo arredondado, semelhante a uma cebola,
de 5 a 10 cm de diâmetro, revestido por escamas acastanhadas. O bolbo
instala-se próximo da superfície do solo e apresenta taxa de crescimento
moderada, mantendo-se activo durante múltiplos anos. O bolbo permanece em
dormência durante o verão, perdendo as folhas e escapos florais logo que se
desenvolvem condições de secura no solo. O bolbo é tóxico quando ingerido por
humanos devido à presença de diversos alcalóides, entre os quais licorina, o
qual afecta o coração, pelo que se os bolbos forem ingeridos em quantidade
podem ser fatais.[2]
As
folhas são simples, de coloração verde a verde-escuro, baças, lineares a
sublanceoladas, paralelinervadas, com 30 a 50 cm de comprimento e 2 a 3 cm de
largura, com desenvolvimento basípeto, agrupadas em duas filas opostas. As
folhas surgem no final do outono, após o fim da estiagem, e secam no final da
primavera, o que marca a entrada em dormência do bolbo. O bolbo permanece em
dormência até às primeiras chuvas, quebrando a latência com a emissão do escapo
floral, o que precede em algumas semanas o aparecimento das folhas.
As
flores surgem numa inflorescência umbeliforme instalada sobre um escapo floral
com até 60 cm de altura a partir do solo, de consistência herbácea, oco, liso e
de cor castanho-avermelhado brilhante. Cada inflorescência pode conter até 9-12
flores, agrupadas em trímeros rodeados por brácteas, e tende a orientar-se na
direcção em que recebe mais radiação solar.
As
flores têm formato de trombeta, com até 10 cm de comprimento e corola com 8 cm
de diâmetro, exibindo uma alargada paleta de colorações que vai desde o rosa, o
branco e o vermelho até ao lilás ou ao alaranjado. Embora a maioria das flores
apresente cores pálidas, inicialmente tendendo para o rosa-claro, escurecem
para o rosa-escuro ou vermelho com o envelhecimento. Existem cultivares com
coloração floral mais acentuada, incluindo tons de lilás e de alaranjado. A
flor emite um odor agradável, mais intenso ao anoitecer. As flores são
hermafroditas, com os 6 estames e estilete fortemente encurvados para cima.
O
fruto é uma cápsula loculicida, ligeiramente carnosa, com sementes aplanadas,
de coloração castanho-escura, sem asa.
A
etimologia do nome genérico Amaryllis radica-se numa frase das Éclogas de
Virgílio onde é usada a palavra grega αμαρυσσω (latinizada como amarysso),
significando "para acender", referindo-se a uma pastora.[3] O género
foi considerado monotípico, tendo como única espécie a A. belladonna, até ser
descrita a a espécie Amaryllis paradisicola[4]
Cultivo
A
forma mais comum de cultivo é através do transplante de bolbos, o que deve ser
feito na primavera, quando estes iniciam a sua fase de dormência. O plantio é
feito em covetas estreitas e profundas para facilitar o enraizamento. O solo
ideal para o crescimento desta planta é uma mistura de terra de jardim e solo
mineralizado.
A
cultura não necessita de quaisquer cuidados, podendo manter-se indefinidamente
sem qualquer intervenção humana. Contudo, em regiões sujeitas a geadas, há que
ter em atenção a sensibilidade das gemas dos bolbos à congelação, pois se esta
danificar a gema o bolbo degenera e morre. Nessas regiões, para evitar os danos
pelo frio, os bolbos devem ser recobertos com palhas, manta morta ou detritos
vegetais.
A
planta é resistente à secura, permanecendo dormente atá a humidade no solo
permitir o seu desenvolvimento. Por essa razão apenas necessita de rega em
situações de secura extrema ou quando ocorram secas outonais ou invernais após
chuvas que tenham quebrado a dormência.
As
necessidades de luz variam segundo a época do ano, mas a espécie prefere locais
bem expostos ao sol, preferencialmente em taludes voltados para o equador ou em
zonas bem drenadas e despidas de vegetação de grande porte que possa causar
ensombramento. Apesar disso tolera alguma sombra, embora perca vigor e reduza a
floração.
Toxicidade
Todas
as partes da planta contêm alcalóides tóxicos, sendo que a maior concentração
ocorre no bolbo e nas sementes. O principal alcalóide presente é a amelina, mas
também estão presentes em concentração significativa os alcalóides licorina (o
principal tóxico para os humanos), caranino, acetilcaranino e undulatin.
Algumas fontes apontam a licorina como o principal alcalóide. Poderão existir
diferenças regionais e sazonais na concentração relativa dos diversos
alcalóides. As espécies do género Hippeastrum contêm alcalóides similares.
Dada
a sua toxicidade, extractos da planta foram utilizados como veneno, incluindo
para envenenar flechas e outras armas perfurantes.
Em
humanos, os sintomas de envenenamento incluem náuseas, vómitos, tonturas e
sudorese. Também pode ocorrer diarreia e insuficiência renal. Na intoxicação
grave, a morte ocorre por insuficiência respiratória. Os alcalóides presentes
em A. belladonna são citotóxicos, razão pela qual são classificados como «muito
tóxicas» (classe de toxicidade Ib). Já foi documentada a morte de crianças
africanas após o consumo de bolbos. O LD50 para ratos é de 5 mg/kg de peso
corporal quando em aplicação intraperitoneal. Foi demonstrado que a ingestão de
200 g de material fresco do bolbo é letal para ovelhas. Para pessoas uma dose
de 2-3 g de material fresco do bolbo pode ser mortal.[5]
Para
cães, o LD50 da licorina pura é de 41 mg/kg de peso corporal, sendo o alcalóide
citotóxico, com efeito emético e diurético.
A
amelina tem uma eficácia analgésica comparável à morfina, mas o alcalóide é
considerado demasiado tóxico para utilização em medicina.
A
acetilcaranina estimula a útero e tem actividade anti-leucémica. Estudos em
animais demonstraram que a caranina causa paralisia respiratória e morte.
Em
caso de intoxicação, como medida imediata de primeiros socorros e terapia
clínica deve ser induzido o vómito, a que se deve seguir a a administração de
carvão activado e sulfato de sódio, acompanhado de abundante ingestão de
líquidos, especialmente chá. Ao mesmo tempo deve ser realizada a profilaxia
necessária para evitar a entrada em choque.
No
tratamento clínico é usada a lavagem gástrica, possivelmente recorrendo a uma
solução de permanganato de potássio. Além disso, é aconselhável a administração
de um electrólito de reanimação e o tratamento da acidose com bicarbonato de
sódio. Além disso, é necessário o controlo da função renal. Caso ocorram
cólicas pode ser administrado um diazepam. Em caso de intoxicação grave é
necessária a intubação e a ventilação mecânica.
Notas
1
{{subst:PAGENAME}} Real Jardín Botánico: Proyecto Anthos.
2
Plantes toxiques : Toxicité des Amaryllidaceae. Consultado em 30 de janeiro de
2013.
3
Amaryllis em BehindtheName.
4
Descrita em 1998 pela botânica Dierdre Snijman.
5
Amaryllidaceae. Toxicité des Amaryllidaceae. Consultado a 10 de janeiro de
2009.
6
Sinónimos no Catalogue of life.
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