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quinta-feira, 10 de abril de 2014

LENDA DA CALDEIRA DE PÊRO BOTELHO DE FURNAS

APL 1285

Há muitos anos, vivia nas Furnas um homem muito mau, de nome Pêro Botelho. Costumava ir, como as demais pessoas do lugar, cozer vimes ou milho, às caldeiras de água a ferver, que existiam lá para o fim da freguesia e que eram vestígio de vulcões. Outras vezes ele e outras pessoas tinham que se arriscar mais e aproximar-se muito da boca de uma caldeira que tinha lama que curava muitas doença, principalmente, o reumatismo.

Um dia, por descuido ou porque o diabo as teceu, deu-se uma tragédia. Pêro Botelho caiu dentro dessa caldeira, um buraco negro e sem fim, todo sujo, na entrada, de lama, cinzenta e escorregadia, que exalava um cheiro muito forte a enxofre, como se fosse dar ao inferno.

Não teve salvação. Foi por ali abaixo sem que ninguém pudesse fazer nada. Nunca mais ninguém o viu. Mas lá ficou para sempre, a gritar rouco e enfurecido:

 — Tirem-me daqui! Tirem-me daqui!

 Se alguém chamava: “Pêro Botelho! Pêro Botelho!”, ele, com a sua maldade endiabrada, roncava e enviava pedras pelo boqueirão, que saíam juntamente com lama cinzenta e fumo.

As pessoas, que tinham ficado horrorizadas com o acontecimento, passaram a chamar àquela sulfatara Caldeira de Pêro Botelho. Apesar de terem continuado a ir buscar a lava medicinal, porque precisavam dela, tinham muito medo de se aproximarem dali, pensando no que tinha acontecido a Pêro Botelho.

Fonte Biblio FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.110

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