O
Secretário Regional dos Recursos Naturais anunciou ontem que o Governo dos
Açores prevê reduzir em mais de 50% a carga total de nutrientes que afluem à
Lagoa das Furnas, no âmbito do combate à eutrofização, através da retirada das
restantes áreas de pastagem das suas margens e com a obra para desvio dos
afluentes da ribeira do Salto da Inglesa.
“Com
esta retirada da atividade pecuária de cerca de 60 hectares na margem oeste da
Lagoa das Furnas, já a partir de 01 de julho, cria-se em todo o perímetro da Lagoa
uma área de cerca de 900 hectares de proteção à massa de água, imprescindível
ao plano implementado pelo Governo para contrariar o fenómeno da eutrofização”,
afirmou Luís Neto Viveiros, na cerimónia que assinalou, ainda, o Dia Mundial da
Terra e Dia Nacional do Património Geológico.
Segundo
o Secretário Regional, que falava na assinatura do Contrato-Promessa de Permuta
de Terrenos de Pastagem na Margem da Lagoa das Furnas, o Governo dos Açores
vai, também, avançar com a obra hidráulica para desvio dos afluentes da ribeira
do Salto da Inglesa.
“Trata-se
de uma empreitada que se reveste de alguma complexidade técnica, quer pela
dimensão da conduta, quer pela orografia do terreno, e que está orçada em cerca
de 1,3 milhões de euros”, avançou Luis Neto Viveiros, adiantando que o projeto
estará concluído até ao final do próximo mês, de modo a que a obra se possa
iniciar ainda este ano.
Para
o titular regional do Ambiente, o Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da
Lagoa das Furnas possibilitou que, na última década, fosse implementado um
conjunto de ações corretivas e preventivas que pretendem compatibilizar os usos
e as atividades com a proteção e valorização ambiental.
A
primeira fase da intervenção paisagística passou pela aquisição de 265 hectares
de terrenos agrícolas, num investimento de cerca de 7,5 milhões de euros, que
retirou áreas de pastagem, removeu toneladas de resíduos abandonados e procedeu
à transformação da paisagem, através da eliminação das espécies de plantas
invasoras e substituição por flora nativa e da criação de áreas de floresta.
Segundo
disse, foram, assim, já recuperados cerca de 220 hectares de terrenos,
expedidos mais de 6.500 rolos de silagem, equivalentes à remoção de 4.500
toneladas de ervas das pastagens, erradicada flora invasora de um total de 160
hectares de pastagens, produzidas, em viveiro, mais de 10.000 plantas herbáceas
nativas e ameaçadas e plantadas cerca de 115.000 árvores e arbustos de 50
espécies.
Apesar
da evolução positiva da qualidade da água da Lagoa das Furnas, desde 2008, o
Governo dos Açores ainda não está satisfeito com os parâmetros qualitativos,
assegurou Luis Neto Viveiros, ao salientar que os esforços desenvolvidos
aplicam-se, também, a outras lagoas dos Açores.
“Assim,
para além dos planos para as lagoas das Furnas, das Sete Cidades, do Fogo, do
Congro, de São Brás e da Serra Devassa, em São Miguel, elaboramos e
implementamos os Planos de Ordenamento das Bacias Hidrográficas das lagoas
Branca, Negra, Funda, Comprida, Rasa, Lomba e Patas, na ilha das Flores, e das
lagoas do Caiado, Capitão, Paul, Peixinho e Rosada, na ilha do Pico”, adiantou.
Esta
cerimónia decorreu no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas,
distinguido com o "Premio Internazionale Architetture di Pietra
2011", na cidade italiana de Verona, pela qualidade espacial e
arquitetónica do projeto assinado por Manuel Aires Mateus, e pela sua execução
em pedra local, neste caso, o basalto.
“Se
dúvidas houvesse sobre a importância da sua construção e do papel que desempenha
na tradução da linguagem científica para formas capazes de cativar os
visitantes para uma melhor compreensão da Natureza, assim como para atividades
lúdicas e de recuperação ecológica da paisagem, bastaria dizer que registou, em
2013, um aumento de visitantes de mais de 181% para as dissipar”, concluiu o
Secretário Regional.
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