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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

HOMENAGEM A QUEM NUNCA QUIS SER HOMENAGEADO: O POVOACENSE JOSÉ VIEIRA PEREIRA

Faz hoje, 26 de fevereiro de 2014, 10 anos que o povoacense José Vieira Pereira, natural da freguesia do Faial da Terra, partiu com 68 anos de idade para a casa do Pai do Céu.

A partida deste irmão povoacense foi repentina e inesperada, deixando a família, bem como a população do Faial da Terra e do nosso concelho, principalmente para quem o conhecia, num estado de profundo pesar e choque pela sua morte.

Foi um homem sempre prestável para com todos. Deu o seu melhor à sua muito amada freguesia, o Faial da Terra, que tem por ponto de localização o nome de Presépio da Ilha. José Vieira Pereira nasceu e cresceu nesta freguesia junto à lavoura e a tudo que uma aldeia envolve.

O seu pai, Manuel Vieira Pereira, era lavrador, na altura tinha já algumas cabeças de gado e uma carroça de madeira puxada por dois bois, para fazer trabalho para si e para outras pessoas. José ajudava-o em todas as lides, até ao dia em que atingiu a maior idade indo para Ponta Delgada cumprir o serviço militar obrigatório. Na altura, a tropa era feita por três anos.

Não esquecendo as suas raízes, depois do serviço militar, voltou para a sua terra natal e, como todos os que precisavam de trabalho, concorreu para carteiro nos CTT da Vila da Povoação. Foi aprovado e, lá começou o seu estágio que o conduziu mais tarde a um lugar definitivo.

Com a sua vida organizada casou e constituiu família.

Foi pai de 8 filhos e de mais encargos.

Com a família grande e as dificuldades económicas não se ficou só pelo serviço de carteiro. Tinha bastantas bocas para alimentar. Por este motivo, ocupou-se de outros pequenos trabalhos que contribuíam para o equilíbrio das suas finanças caseiras.

Não podemos esquecer as atividades praticadas por ele que lhe granjearam conhecimento de muita gente. Vendeu peixe, fruta e explorou por alguns anos uma taberna.

Os filhos, por seu lado, foram crescendo e aprendendo com ele a cultivar alguns produtos hortícolas e muitas outras coisas que ele lhes foi ensinando.

Sempre com a sua vida de carteiro e a de amigo para com todos, comprou, mesmo assim, uma lavoura que lhe veio dar um desafogo à vida.

Todos o respeitavam, desde crianças, jovens e idosos. Claro, ele não era um santo e, havia sempre alguém que não ia muito com as suas ideias e por isso lá iam roendo a corda. Mas, já Jesus Cristo não agradou a todos e no entanto foi o melhor que o mundo teve e maioritariamente não souberam aproveitar.

José teve muitos atributos no concelho da Povoação que não lhe foram reconhecidos. São 10 anos que já passaram, 10 anos que fazem um intervalo entre aqueles outros dedicados ao bem de todos. Quarenta e poucos anos dados de amor e coração a uma terra sem ter retribuição deste bem.

José Pereira foi irmão, por convite, da Santa Casa da Misericórdia da Povoação.

Fez muitos anos parte da Comissão Fabriqueira de Nossa Senhora da Graça.

Foi também o impulsionador da presença de um padre para as festividades e Eucaristias do Faial da Terra.

Enquanto não houve padre foi ele que assumiu as responsabilidades da igreja, como se fosse um padre. Trabalhava insistentemente para conseguir um padre, semanalmente, para a celebração da Eucaristia e das festividades religiosas.

Foi membro, por muitos anos, da Direção da Banda Musical Sagrado Coração de Jesus, prestando-lhe todo o apoio possível e dentro das suas forças.

Fez parte da Junta de freguesia local.

Ajudou na reconstrução do Salão Paroquial, solicitando ao governo apoio monetário, bem como a outras instituições particulares. Hoje é posto de trabalho para algumas pessoas. Espaço de acolhimento para idosos e crianças. É ocupado para diversas atividades lúdicas e sociais.

Ajudou a erguer o Grupo Desportivo do Faial da Terra.

Lutou muito para haver um Posto de Saúde decente para a população da freguesia. Hoje, Centro multifuncional porque inclui a casa do Povo e CTT.

Quando em setembro de 1986, todo o concelho da Povoação foi atingido por grandes cheias que abalaram a Freguesia, lá estava José Vieira Pereira a pedir ajuda da população local e da freguesia da Água Retorta, que muito ajudaram naquelas semanas de tristeza e desânimo.

O seu último e nobre gesto foi ajudar a população do concelho da Povoação na reabertura da Cooperativa Agrícola do Leste da Povoação, para que o combustível, cereais, adubos e rações chegassem a preços mais risonhos aos lavradores.

Com um quadro preenchido de boas ações não se esqueceu de que a população não viva só de adubos e combustíveis. Levou a cabo a ideia de se abrir uma cooperativa para venda de produtos da localidade, como os licores de amora, de leite, entre outros. Esta ação foi partilhada pela Cooperativa O Celeiro Da Terra com os seus deliciosos biscoitos caseiros e, outros mais se foram associando a esta ideia.

Terminou o seu percurso de vida familiar, profissional e social com a grandeza de quem combateu o bom combate.


Almoço com os colegas de trabalho na despedida para a reforma


Com a sua vestimenta de carteiro

  Estado da Igreja de Nª Sr.ª da Graça aquando da cheia de 1986

Com a Filarmónica Sagrado Coração de Jesus na Igreja Matriz

Nas festas do Senhor Espírito Santo

Os seus 25 anos de casado 

Colaborador de um Curso de corte e costura

Matança de Porco em família

Na sua lavoura

Que descanse em paz!

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