Ernestina Bento do Couto, nasceu às 6 horas do dia 7 de outubro de 1927, na freguesia de Ribeira Quente, Concelho de Povoação, filha de Manuel de Melo Cardoso e de Beatriz Bento do Couto, no seio de uma família de 10 irmãos, e mais tarde vem a exercer a profissão de doméstica. Desde muito novinha deixou a casa de seus pais na procura de melhores condições de vida, não frequentando a escola, e aos 8 aninhos vai para a cidade de Ponta Delgada para trabalhar em casa de um senhor de nome Albano Ponte, um dos patrões da fábrica de chá da Gorreana, como aprendiz de cozinheira.
Aos 19 anos de idade conheceu um jovem da freguesia do Porto Formoso, Manuel Cabral Pacheco, com quem veio a casar no dia 23 de setembro de 1950 na sua Terra Natal de Ribeira Quente, mas desse casamento não teve muita sorte porque o seu marido veio a falecer um ano depois em 24 de maio de 1952, deixando uma filha Maria Lima, que, atualmente está a residir nos Estados Unidos da América.
Após estar viúva e em conjunto com sua filha vai para a Ilha Terceira trabalhar para casa de um senhor Dr. Vasconcelos, e aí já a residir na Ilha em causa, após cerca de 8 anos, conhece um outro jovem de nome Francisco Martin Bento, com quem vem a casar no dia 23 de abril de 1961, na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, Concelho de Angra do Heroísmo e dessa união tiveram dois filhos, um rapaz e uma rapariga, João Carlos Bento Martins e Maria Isabel Bento Carreiro. Ernestina Couto viria novamente a ficar viúva.
Tempos passados, ou seja, mais tarde volta a conhecer um outro jovem de seu nome Virgínio Carreiro, com quem veio a casar a 18 de dezembro de 1986 na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, Ilha Terceira, cujo falecimento foi em 25 de agosto de 2008.
Em minha humilde opinião de certeza que a Senhora Ernestina foi uma pessoa que sofreu muito devido á sua vida amorosa, uma bocado triste, comovente, padeceu muito, uma mulher sofrível, porque todos os seus maridos “amores” faleceram no auge da sua vida.
Além disso e apesar de muito sofrimento não baixou os braços como se costuma dizer na gíria popular, e dedicou-se às causas sociais, essencialmente ao apoio a jovens militares que assentavam praça no quartel em Angra do Heroísmo, bem como a outros militares que vinham do “Ultramar”, das nossas ex-colónias ultramarinas, e às pessoas doentes da Ribeira Quente, que iam tratar-se ao Hospital daquela cidade de Angra do Heroísmo.
É mais propriamente na década de 1970, quando os militares da Ribeira Quente e outros cá da Ilha que seguiam a vida militar na ilha Terceira, a senhora Ernestina, dedicou-se ao bem social e muito caridosamente, convidava-os à sua casa dando-lhes muitas vezes algumas refeições e até mesmo pernoita. Contudo, é de salientar ainda que, enquanto, os militares cumpriam os seu tempo de serviço obrigatório, toda a roupa dos mesmos era lavada por esta Grande Senhora Ernestina, com a ajuda de suas filhas, e assim os jovens militares tinham sempre a roupa lavada e passada a ferro, como de seus filhos se tratassem.
Outra curiosidade ou gentileza que tinha, e com muita a humildade que possuía, quando sabia que iam jovens militares para as guerras coloniais ou até mesmo quando regressavam já ás suas casas, a senhora Ernestina, praticamente ia-lhes esperar ao porto, ia sempre ter com eles, até que seguissem rumo á seu Torrão Natal, Ribeira Quente.
Uma nota muito importante também por parte dos militares no Ultramar, é que era conhecida por “Madrinha de Guerra” (Madrinha de guerra refere-se a mulheres ou meninas que se correspondiam por correio com soldados em campanha, de modo a apoiá-los moralmente, psicologicamente ou até mesmo emocionalmente. A madrinha de guerra escrevia cartas para o seu soldado, mas poderia também enviar pacotes, presentes e fotografias), convidada por eles.
Sinceramente, não conheci a Senhora Ernestina, mas conheci toda a sua família, e desde novinho já ouvia falar dessa grande guerreira no auxilio ou no apoio aos militares. E digo mais ainda, por mais dias que passem, as pessoas valiosas permanecem sempre nos nossos corações, essencialmente dos seus familiares, porque aqueles que partem nunca, mas nunca abandonam o nosso coração, apenas deixam connosco uma saudade sem dimensão, uma saudade infinita, porque a Senhora Ernestina deixou esse mundo rumo ao Paraíso celestial no dia 20 de abril de 2016.
João Costa Bril.
17-11-2021
Sem comentários:
Enviar um comentário