O trilho entre a Ribeira Quente e Ponta Garça e vice-versa, é um percurso que outrora era muito frequentado pelos habitantes das duas localidades porque eram lá que tinham as suas propriedades agrícolas, bem como os seus casebres que serviam para arrumos dos seus pertences agrícolas. No entanto, convém mencionar que, as mulheres também em conjunto com os seus filhos mesmo menores, essencialmente em férias de escola, pernoitavam nesses tais casebres a fim de puderam também ajudar seus maridos na parte agrícola, nas terras.
No que toca a alimentação, era hábito usar uma panela para uso culinário, porque era da terra que produzia o cultivo, produtos agrícolas, como as couves, batatas, feijões, o funcho, entre outros e assim se fazia grandes caldos de feijão, com os enchidos e ossos de porco que se traziam de casa. Convém salientar que os ossos eram salgados, a fim de se conservar melhor através da moura.
Um outro dado mais curioso eram também os chicharros e cavalas escaladas, ou seja, secas do sol, que, uma vez mais serviam também de um bom “almoço”, através de grelhados ou cozidos, após terem sido demolhados.
Atualmente chama-se trilhos, mas no passado, eram caminhos agrícolas, caminho vicinais, e ao longo do trilho que nos conduz à Ponta da Lobeira e tantas outras zonas com a “Grota do Inferno”, “Tufos” “Gaiteira” e “Grota da Água” como se pode observar através das fotos, “o percurso prossegue, entretanto, até nos encontrarmos em frente à Ponta da Lobeira, que já Gaspar Frutuoso ( foi um historiador, sacerdote e humanista açoriano, açoriano, essencialmente micaelense), mencionava nos seguintes termos: “... a qual Lobeira é uma baixa metida no mar tanto espaço que passam navios por entre ela e a terra, e há nela muitas cracas e mariscos. Chama-se a Lobeira por se ver nela um lobo marinho”.
No entanto, as fotos referem-se como disse atrás à zona da “Grota da Água”, onde anteriormente havia uma forte cascata bem alta com um forte caudal que ia desaguar ao mar. Atualmente, como se pode ver, a tal cascata é bem mais pequena devido ao soterramento das grandes quebradas, dos desabamentos de terras que caíram sobre a mesma, mas ficando ainda o histórico da mesma. Uma cascata com águas abundantes que os proprietários dali das zonas anexas, iam buscar a água para “matar” a sua sede e bem como para fazerem as suas comidas, ou seja, seus cozinhados.
Um outro dado mais curioso, é que aquela cascata servia praticamente para um grupo restrito de mulheres da Ribeira Quente, principalmente a minha mãe, que aos sábados da tarde iam tomar banho debaixo da mesma, a fim de estarem fresquinhas para a missa do domingo da manhã, uma vez que na época não havia “casas de banho” nos seus lares.
João Costa Bril.
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