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sábado, 22 de janeiro de 2022

DOIS EXIGENTES TRABALHOS

Ricardo Medeiros com o seu pai João Medeiros na sua lavoura  em Lomba dos Pós

Há percursos de vida nada fáceis e exigentes, onde os sacrifícios e luta constante são a realidade diária de quem é persistente, de quem segue o dia a dia com a capacidade de ultrapassar os obstáculos que naturalmente surgem pela caminhada desta vida no mundo terrestre. Lutar, lutar, lutar, é a palavra que intimamente um ser humano determinado em seguir em frente ouve no seu subconsciente, como se de um chip se tratasse, a lembrar todos os dias que assim tem de ser e que assim deve continuar.


O Povoacense Ricardo Jorge Vieira Medeiros nasceu a 5 de fevereiro de 1981 e uniu matrimónio com Joana Serôdio Medeiros, é fruto desta união a menina Sofia Serôdio Medeiros. Ricardo é filho de João Manuel Macedo Leite Medeiros natural da Lomba do Carro, Freguesia de Povoação e de Maria de Deus Correia Vieira Medeiros natural da Lomba dos Pós, freguesia de Povoação. O seu pai João exerce a exigente profissão de lavrador, sua mãe é doméstica, são suas irmãs Paula Cristina Vieira Medeiros e Maria de Deus Vieira Medeiros, sendo o Ricardo o único filho rapaz da casa, este, bem cedo começou a acompanhar o seu pai nas lides da sua profissão, habituando-se dia após dia às exigentes rotinas de um lavrador. 

Apesar das rotinas que o Ricardo foi-se habituando por força da  exigente profissão do seu pai, este viveu a sua infância como qualquer outro da sua geração, em tempos onde não haviam as altas tecnologias que hoje em dia temos ao nosso dispor e onde as brincadeiras eram outras bem diferentes, confidenciou-nos em conversa casual o Ricardo com alguma nostalgia, tal como: brincar à macaca, jogar ao pião, às escondidas, ao lenço, ao berlinde, às cartas, ao chinelo, à queimada, pular à corda,  corrida de sacas de fardo, jogar às damas, jogar ao dominó, o jogo pedra, papel e tesoura, cabra cega, entre muitas outras brincadeiras que saiam da criatividade das crianças daquele tempo, que tinham elas de inventar as suas próprias brincadeiras para depois da escola se reunirem na rua e brincar até ao anoitecer. E na hora do jantar, as mães saíam atrás dos que ainda não tinham voltado para casa com o chinelo ou cabo de vassoura na mão porque estava mais do que na hora de regressar a casa. Outros tempos, outras vivências e que deixam alguma saudade a quem passou por elas. 

Ricardo Medeiros com uma da vacas da lavoura do sei pai

Para quem cresceu nos anos 70 a 90, estudar, brincar e trabalhar era hábito para muitas crianças, que aprendiam desde tenra idade a ajudar os seus pais no desempenho de várias tarefas. Hoje infelizmente a maioria dos nossos jovens têm tudo de mão beijada e ainda exigem dos pais mais e mais e o pior é que quase sempre acabam por ser bem sucedidos, não contribuindo em nada para o seu bom desenvolvimento.  


O Povoacense Ricardo Medeiros cedo aprendeu a desempenhar as funções árduas de um lavrador, algo que o valorizou enquanto rapaz de tenra idade, pois foi ganhando calo, experiência, e com o passar dos anos tornou-se um adolescente maduro, rijo e com outra bagagem. Hoje adulto e com outras responsabilidades, este, apesar do seu emprego na Cooperativa Agrícola do Leste onde exerce as funções de Fiel de Armazém, continua a ajudar o seu pai na lavoura, sendo de admirar a sua fibra em desempenhar dois exigentes trabalhos.


É de madrugada que inicia o Ricardo o seu trabalho, 05h00 já está de pé para ajudar o seu pai no pasto ao ar livre a amanhar as vacas, quer faça chuva, nevoeiro, trovoada, saraiva, vento, lá está ele pronto a dar ao “litro” antes de iniciar o seu trabalho na Cooperativa Agrícola do Leste que se inicia às 09h00, onde tem de desempenhar outro trabalho de força. na gíria popular cá dizemos “É um “mourinho” de trabalho”, e é bem verdade, não é para qualquer um ter esta garra e fibra que o Povoacense Ricardo Medeiros tem.


Apesar da sua difícil vida, que para ele é rotina natural, o Ricardo sempre que consegue despachar-se mais cedo das lides das vacas aos domingos, junta-se com os amigos para desfrutar de um desporto que adora, o ciclismo.


Uma história de vida, um bom exemplo de dedicação e perseverança. Que o Ricardo continue com orgulho a ser o maravilhoso ser humano que é!


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