O
Presidente da Câmara Municipal da Povoação disse hoje que há que aproveitar os novos fundos comunitários que começam a estar à disposição para criar mais
emprego e mais empresas, sobretudo de animação turística, em terra e no mar,
colocando novamente ao dispor dos interessados o Gabinete de Apoio ao
Investimento Privado, criado pela autarquia em 2010, para informar, organizar e
acompanhar gratuitamente os projetos dos empresários candidatos a apoio financeiro, um Gabinete que nos últimos 3 anos organizou projetos de investimento que ultrapassaram
mais de 2 milhões de euros de execução efetiva. “ Necessitamos de
mais empresas de restauração por todas as
freguesias, com ementas que recriem os sabores dos nossos avós. Cada vez mais se pede que acreditemos que os nossos produtos
tradicionais são os mais apetecíveis e mais procurados. Carecemos de pastelaria que produza uma
oferta mais abundante dos doces dos nossos antepassados. Não podemos ignorar que o processo de procura turística pelos Açores está imparável. Já o calculávamos, quando há meses decidimos lançar uma forte campanha de marketing que está a notabilizar o Concelho da Povoação no exterior. Creio bem que os próximos meses serão de maior procura
pelo nosso Concelho. Por isso, o meu apelo aos empresários para que adequem a sua oferta ao aumento da procura. Queremos
que os nossos empresários arrecadem mais
riqueza que nos traga mais emprego e mais investimentos no próximo ano”, explicou o autarca.
Carlos
Ávila que discursava na
Cerimónia da Sessão Comemorativa do 176º Aniversário do Concelho
acrescentou que “O turismo é a grande indústria deste novo século, outros mais abalizados que nós, já o afirmaram. E se
este é o grande apelo económico, é por aí que devemos ir: a recuperação de habitação para alojamento turístico local; a pesca lúdica ou a pesca turismo; o mergulho; os passeios náuticos e whale watching; a animação noturna; os bares típicos e esplanadas; o comércio de artesanato local; guias turísticos credenciados; os trilhos turísticos que os nossos trilhos acrescentam o valor histórico de terem sido os caminhos do povoamento; o aproveitamento
comercial de espaços públicos, como os miradouros e outros. São estes, os investimentos que agora mais necessitamos”.
O
líder dos povoacenses
referiu-se também às riquezas do município que o tornam tão especial e
diferente dos outros. “Temos montanhas e vales
verdejantes que nos dão quadros paisagísticos assombrosos. Temos o mar e a lagoa que nos inebriam e estimulam
reflexões de paz, de concórdia e até do sentido romântico e belo da vida. Temos gente acolhedora e trabalhadora que, no
mar e em terra, procura o sustento. Temos instituições que trabalham arduamente e prestam efetivamente os mais nobres
serviços de apoio social.
Temos respostas sociais para os mais jovens, para as famílias e para os seus filhos e temos respostas sociais para os mais
idosos. Temos empresas com empresários que arriscam que labutam e que criam riqueza e emprego. Temos
educação escolar até ao nível secundário e também ensino profissional.
Temos cuidados de saúde 24 horas por dia.
Somos o concelho de S. Miguel com maior manancial, em qualidade e quantidade,
de água potável. Temos imensas ribeiras com cursos de água permanente, algumas delas com cursos de água quente, bem aproveitadas por empresas que criam assim mais
riqueza e mais emprego. Temos praias, sinalizando aqui a da Ribeira Quente que
possui zona com mar aquecido por fenómenos vulcânicos subaquáticos. Temos todas as nossas orlas marítimas finalmente urbanizadas e com bons acessos a este mar que nos
circunda e donde um dia chegámos. Somos um Concelho
onde se usufrui da vida com segurança. Temos História, melhor dizendo,
somos o início da História desta Ilha. Temos património edificado de alto valor histórico e patrimonial: a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a Ermida de Nossa Senhora das Vitórias, os Paços do Concelho, todas
as Igrejas das nossas Freguesias, o Museu do Trigo. O órgão da Matriz da Vila da Povoação é o mais completo em
toda a nossa Ilha, só comparável, nas suas aptidões artísticas, ao órgão da Sé de Angra. Temos uma ementa gastronómica que nos identifica e nos diferencia de todos os restantes e que
é fonte de riqueza e de emprego. O
nosso Concelho é o terceiro concelho
dos Açores, com maior
quantidade de estabelecimentos hoteleiros, logo a seguir às nossas grandes cidades de Ponta Delgada e de Angra. Temos um
dos principais portos da pesca açoriana, somos uma das mais produtivas bacias agropecuárias e somos um dos maiores polos de atração turística dos Açores”.
Por
tudo isto, o autarca da Povoação exortou os jovens
do concelho a assumir funções de
responsabilidade. “A participação dos mais jovens, em especial daqueles jovens com formação académica, é crucial para o desenvolvimento do Concelho. Precisamos da sua
análise crítica, da sua participação cívica, das suas ideias,
novas ou renovadas que sempre contribuem para o dinamismo das mudanças. Fico feliz, por ver que muitos dos jovens que estudaram, já regressaram e participam da nossa vida coletiva. E ambiciono
que se integrem cada vez mais, porque o nosso presente e o nosso futuro
pertence-lhes por direito. Que o façam com verdadeiro espírito de serviço público, é o meu derradeiro
desejo”.
O
Presidente da Câmara da Povoação referiu ainda, no seu discurso, o trabalho que o seu executivo
tem feito ao longo deste tempo de ação. “ Durante os últimos anos fizemos a redução da dívida da Câmara, com o apoio solidário do Governo dos Açores e notadamente, com uma gestão muito criteriosa que nos possibilitou a poupança de montantes elevados, imediatamente convertidos em pagamentos.
Salvámos o Concelho da
bancarrota que nos haveria de ter trazido a perda da nossa autonomia de decisão e a desvalorização da nossa dignidade
institucional. E fizemo-lo sempre sem nunca termos aumentado os impostos, ou as
taxas, no nosso Concelho. Nos últimos cinco anos, conservámos os mesmos preços e as mesmas taxas
de incidência. Ainda, em conjunto
com o Governo dos Açores, possuímos mais de 300 pessoas em programas de trabalho, relevando o
programa que nós designamos de
Caminho para a Liberdade que faz a inserção social de pessoas vítimas das toxicodependências. Este ano, investimos nestes programas cerca de 700 mil euros.
Estes programas sociais, aqui em prática e financiados pelo Governo e pela Câmara, trazem ao Concelho quase 4 milhões de euros este ano, valor que ajuda muito a manter grande parte
das dinâmicas económicas do nosso Concelho”.
No
que à parte financeira diz respeito, o
autarca explicou que a Câmara da Povoação detém hoje uma dívida direta inferior à existente em 2001, mas continuam a existir vários constrangimentos, impostos pelo governo central, que impedem as
autarquias de realizar mais obras. “Em 2001, a Câmara podia investir e
investiu, também porque estava a
iniciar-se um quadro comunitário de apoio e tínhamos acesso a novas receitas. Agora, com menos dívida que há 14 anos e com um
quadro comunitário a iniciar-se, temos
muita dificuldade em proceder a abertura de concursos para obras. As leis ‘troikianas’ do Governo da República dificultam propositadamente o investimento público municipal. Precisamos de mudanças. Precisamos de mudanças na Europa e no Continente”, desabafou.
Referindo-se
à obra realizada pelo seu executivo,
Carlos Ávila apontou “a beneficiação do Porto da Vila da
Povoação, em colaboração com o Governo, a creche das Furnas e a urbanização da orla marítima do Faial da Terra,
para além de outras mais pequenas”.
Apesar
dos tempos difíceis, Carlos Ávila diz que “é preciso acreditar
sempre. É preciso romper as amarras do
pessimismo, da descrença, do imobilismo e da
maledicência. É preciso reanimar a esperança. É preciso arriscar. É preciso empreender. É preciso recriar o presente, para criar futuro!”
Nesta
Cerimónia Solene Comemorativa
dos 176 anos de vida do Concelho da Povoação, em que esteve presente, em representação do Presidente do Governo Regional, Isabel Rodrigues, Secretária Adjunta da Presidência para os Assuntos Parlamentares, foram distinguidos com o título de Cidadão Honorário, o professor catedrático José Luis Vasconcelos
Brandão da Luz e o Jornalista José Rebelo Mota, a título póstumo, cuja distinção foi recebida pelo seu irmão Jorge Mota.
A
mais alta distinção honorífica do município foi atribuída a Brandão da Luz, ilustre
povoacense que se destacou no mundo das Ciências Filosóficas e ao longo da sua
vida sempre se manteve ligado à terra, tendo
assumido o cargo de Presidente da Assembleia Municipal da Povoação durante dois mandatos na década de noventa.
Ingressou
como assistente convidado do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da
Universidade dos Açores, em 1981, e passou,
sucessivamente, a assistente em 1985, professor auxiliar em 1992, professor
associado em 2002 e professor catedrático em 2006. Encontra-se, presentemente, aposentado, desde 2012.
Foi,
igualmente, diretor do curso de História e Filosofia, presidente da Comissão Organizadora da Formação Contínua de Professores,
membro da Comissão Instaladora do
CIFOP, membro da Assembleia da Universidade dos Açores, do Senado e do Conselho Científico. Foi ainda diretor do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais e
Vice-Reitor da Universidade dos Açores, de 2003 a 2011.
O
Locutor e Jornalista José Rebelo Mota foi
outro grande amigo da Povoação, peça-chave no processo de geminação entre as Vilas de Dartmouth e Povoação, uma irmandade que este ano está a comemorar as suas bodas de prata.
Rebelo
Mota foi por mais de 25 anos diretor e rosto do emblemático Canal dos Emigrantes “ O Portuguese Channel” (Canal 20), de New Bedford, nos Estados Unidos da América, personalidade que dedicou grande parte da sua vida às notícias da comunidade lusa,
tendo falecido em dezembro de 2012, vítima de doença prolongada.
Foi
ainda neste dia do Aniversário do Concelho da
Povoação que a Câmara inaugurou a estátua do Primeiro
Povoador no Pontão da Vila, um
acontecimento que contou com a alocução de Carlos Melo Bento e com a participação especial da Sociedade Filarmónica Marcial Troféu.
A
escultura alegórica, de grande porte,
que nos reporta ao início do povoamento foi executada
por João Vitor Moniz e realizada a partir de
uma de várias pedras de grandes
dimensões que foram
retiradas, no ano passado, do Porto da Povoação, aquando do seu desassoreamento e que hipoteticamente bem podem
ter sido as primeiras para onde os povoadores saltaram quando viram terra
firme, de acordo com os relatos históricos de Gaspar Frutuoso.
Gabinete
de Comunicação e Imagem da Câmara Municipal da Povoação
Povoação, 3 de julho de 2015
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