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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

75 ANOS DA S.M. Nª Sr.ª PENHA DE FRANÇA – ENTREVISTA COM O SEU PRESIDENTE E MAESTRO

Baltazar Franco

A Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França comemorou o seu septuagésimo quinto aniversário (1947–2022), tendo início o programa das comemorações no dia 3 de abril com romagem da banda ao cemitério local para homenagear todos os músicos, diretores e sócios falecidos, seguindo-se celebração Eucarística na igreja de Nª Sr.ª Penha de França dinamizada por esta coletividade musical em festa. Foi a 20 de maio de 1947 que os estatutos desta filarmónica do concelho da Povoação foram registados, e foi a partir desta data que começou a funcionar em pleno.

Inserido no programa comemorativo dos 75 anos da Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França, foi promovido um passeio à ilha Terceira, após 19 anos desde a última viagem proporcionada a esta coletividade, sendo assim um motivo de enorme satisfação e alegria para tosos os seus membros.

Baltazar Franco

Do programa festivo dos 75 anos fez parte um concerto na Igreja de Nossa Senhora Penha de França pela Banda Militar dos Açores, realizado a 14 de maio. No dia 15 de maio procedeu-se ao descerramento da placa comemorativa dos 75 anos da filarmónica, com inauguração da Sala das Memorias onde foram homenageados todos os presidentes de direção, culminando com concerto comemorativo pela banda na sua sede aberto a todos os ex-músicos que quiseram participar. As comemorações vão terminar com o concerto de Natal a realizar no próximo dia 18 de dezembro na Igreja Paroquial de Nª Sr.ª Penha de França.

Baltazar Franco no dia do aniversário

No âmbito desta importante e marcante data comemorativa da Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França, Um Olhar Povoacense foi ao encontro do seu Presidente e atual Maestro Baltazar Botelho Franco para um agradável momento de conversa.

Biografia

Baltazar Botelho Franco nasceu a 21/02/1965 na freguesia de Água Retorta de onde é natural e reside, sendo um cidadão ativo e interventivo na comunidade que se insere, uma importante mais-valia para a freguesia de Água Retorta e concelho da Povoação. Foi Presidente da Junta de Freguesia de Água Retorta de 2001/2009 membro da Assembleia Municipal de 2001/2009, membro da Assembleia de Freguesia durante alguns anos, possui Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores, foi secretário da direção da Casa do Povo de Água Retorta, secretário da direção do Clube Desportivo de Água Retorta, responsável e maestro do Grupo Coral da freguesia durante cerca de 15 anos, formador de várias escolas de música bem como uma participação ativa em várias outras atividades realizadas na freguesia.

A nível musical considerasse completamente amador, aprendeu música com a idade de 9 anos na Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França, tendo como seu primeiro instrumento a trompa transitando alguns anos mais tarde para clarinete. A partir do ano de 1997 assumiu o papel de maestro da filarmónica onde se mantém até hoje. Frequentou um curso de formação musical da direção Regional da Cultura, frequentou também a academia da Povoação em formação Musical avançada.

Baltazar Franco

Um Olhar Povoacense - Ao longo destes 75 anos, a Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França certamente que enfrentou períodos de assinalável brilhantismo, mas também viveu preocupantes dificuldades. Pela sua convivência e experiência para com esta coletividade, quais foram os melhores momentos? E que dificuldades enfrentou a banda?

Baltazar Franco – Em termos do brilhantismo poderia destacar a nossa viagem aos Estados Unidos em 2001 não só pela viagem em si, mas porque naquela altura a banda contava nas suas fileiras com mais de 40 elementos. As maiores e mais preocupantes dificuldades tem sido nos últimos anos com a banda a ser reduzida a quase 50 % dos elementos que já tivemos e mais grave sem ver qualquer forma para que possamos alterar essa situação.

U.O.P. - Desde outubro de 1997 que é maestro da Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França. Esperava algum dia chegar a maestro da banda onde iniciou a aprender música?

B.F. – Sinceramente não, só a partir de uma determinada altura é que comecei a aperceber-me que poderia mesmo vir acontecer.

U.O.P. – Ser Presidente da Sociedade Musical Penha de França foi uma opção ou uma obrigação?

B.F. – Obrigação!

U.O.P. - Ocupar o lugar de maestro na banda onde tudo se inicia musicalmente, é especial para qualquer um! Concorda com esta afirmação?

B.F. - Na verdade, e a partir de uma certa altura da minha atividade musical na filarmónica, achei que tinha competências suficientes para ocupar esse cargo, mas, sinceramente, não esperava ocupar esse lugar, pelo menos não tão cedo. Ocupar o lugar de maestro na banda onde tudo se inicia musicalmente, sem dúvida que é especial para qualquer um.

U.O.P. - Quais as maiores dificuldades e preocupações enquanto Presidente e Maestro que enfrenta o Baltazar aos comandos desta importante coletividade concelhia?

B.F. – Numa freguesia isolada e com pouca população, onde temos uma percentagem considerável de população envelhecida e com cada vez menor interesse dos jovens em se juntarem à banda, torna-se muito complicado manter uma filarmónica em funcionamento por isso as minhas maiores preocupações são mais em termos humanos do que financeiros, temo mesmo pelo desaparecimento da filarmónica a longo prazo apesar de que tudo iremos fazer para que isso não aconteça.

U.O.P. - Quantas pessoas integram atualmente a Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França?

B.F. – A Sociedade Musical em si conta neste momento com 29 elementos, sendo 23 executantes e mais preocupante a Escola de Música tem atualmente apenas 3 alunos.

U.O.P. - No concelho da Povoação existem também outras bandas. Que colaboração poderá existir com a Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França?

B.F. – A principal colaboração que pode existir e deve existir com o resto das filarmónicas do concelho é o respeito mútuo entre elas com suas virtudes e defeitos, mas todas em prol de um bem comum que é a “MÚSICA”

U.O.P. - Tendo em conta que hoje os jovens estão cada vez mais virados para outros pontos de interesse, ainda haverá em Água Retorta jovens interessados em aprender música?

B.F. – Esse é o maior problema que a Banda de Água Retorta e penso que todas em geral enfrentam, o desinteresse quase total dos jovens e não só em aprender música, mas também o de ingressar numa Banda de música.

U.O.P. - Nas atuações das festividades para a qual é convidada a Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França, o que faz uma Banda Filarmónica para além de tocar música?

B.F. – Todos sabemos que a principal atividade da banda é tocar música, mas a partir de uma determinada altura mais que tocar música a convivência permanente tornamos como uma segunda família no seu papel social. 

U.O.P. - As Bandas Filarmónicas têm a particularidade de juntar pessoas de todas as idades, dos mais velhos aos mais jovens. Este convívio entre gerações é uma mais-valia?

B.F. – Sem dúvida que o contacto multigeracional e de transmissão de valores que os mais velhos podem transmitir aos mais novos são uma parte importantíssima no desenvolvimento das crianças não só a nível musical, mas para a vida.

U.O.P. – Os apoios que recebe a Sociedade Musical Nª Sr.ª Penha de França são adequados e suficientes para manter esta coletividade no pleno da sua atividade?

B.F. – Costumamos dizer que os apoios nunca são suficientes e em parte é verdade, mas também temos de ter a noção das dificuldades existentes em toda a sociedade que nos rodeia e os recursos não são infinitos, e falando da minha filarmónica neste momento os meios humanos são tão ou mais importantes que os financeiros.

U.O.P. - Que projetos tem em vista para realizar com a Banda filarmónica Penha de França?

B.F. – Como sabem este ano foi muito preenchido com as comemorações dos 75 anos de atividade, e com as obras de manutenção da nossa sede, precisamos e vamos ter de adquirir uma viatura de 9 lugares e o mais importante é conseguirmos manter a escola de música logo que tenhamos alunos.

U.O.P. - Que balanço faz deste período enquanto Presidente e Maestro da Banda Filarmónica Penha de França?

B.F. – Para fazer um balanço da minha participação na filarmónica nunca pode ser resumida a Presidente e Maestro, entrei na filarmónica em outubro de 1974 e ainda lá permaneço passando por todos os cargos existentes que fazem parte de uma instituição desta natureza por isso deixo o balanço da minha participação para os outros.

U.O.P. – Para finalizar, o que mais gostaria de acrescentar de importante relevância para a Sociedade Musical Penha de França?

B.F. - A única coisa que gostaria de acrescentar é que não deixem morrer esta importante instituição de freguesia e do Concelho.

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