Edição de 1 de Maio de 2020
Uma Edição histórica, a partir do dia 1 de Maio de 2020, o Correio dos Açores entra para a Galeria dos Jornais Centenários dos Açores, como são o Açoriano Oriental, o Diário dos Açores, A Crença e o Dever, e isto para mencionar só, os que se podem encontrar ainda hoje nas bancas....
No dia 1 de maio de 2020 faz 100 anos que Francisco Luís Tavares um Republicano assumido se associa ao monárquico José Bruno Tavares Carreiro para darem inicio ao Correio dos Açores, fixando assim uma característica deste jornal que o irá marcar até aos dias de hoje, que é a pluralidade das ideias e das opiniões. No correio dos Açores tem espaço, várias correntes do pensamento, setores de atividade diversificados, profissões das mais variadas, colaboradores velhos e novos e quase todos os dias são publicados artigos ou notícias sobre as 9 ilhas dos açores, continente português, do mundo que nos rodeia e a que pertencemos. A segunda característica do Correio dos Açores que importa sublinhar é a presença quase constante do tema da Autonomia e do Regionalismo, com inicio na década dos anos vinte do séc passado, mormente a que ficou conhecida como a campanha Autonomista de 1924-1928, e cujos resultados ficariam muito aquém do que pretendiam os protagonistas açorianos defensores desta causa. A luta pela Autonomia nunca esteve arredada das páginas do Correio dos Açores, mas foi no período após o 25 de abril de 1974, que ela decididamente entra na agenda quase diária do jornal, encontrando em jornalistas e colaboradores como o Jorge Nascimento Cabral e o Medeiros Ferreira, entre outros, momentos de grande elevação e de combate por uns Açores mais desenvolvidos, e com maior capacidade de decisão por parte dos seus residentes.
A consagração da Autonomia Democrática Constitucional e o seu desenvolvimento, mesmo nos dias de hoje, incluindo a presença no jornal de quem defenda que devíamos ir mais longe, continua a ser notícia e opinião nas páginas do Correio dos Açores, através dos editoriais do seu Diretor, dos muito apreciados recadinhos da Maria Corisca, e dos muitos artigos de opinião e dos mais variados Colaboradores.
A consagração da Autonomia Democrática Constitucional e o seu desenvolvimento, mesmo nos dias de hoje, incluindo a presença no jornal de quem defenda que devíamos ir mais longe, continua a ser notícia e opinião nas páginas do Correio dos Açores, através dos editoriais do seu Diretor, dos muito apreciados recadinhos da Maria Corisca, e dos muitos artigos de opinião e dos mais variados Colaboradores.
Uma outra característica do Jornal Correio dos Açores foi a busca permanente pela inovação e presença de temas diversificados que mantenham o seu público leitor informado e formado. Nesta característica insere-se o Correio Económico, que todas as sextas feiras faz parte da edição do Correio dos Açores e através do qual se poder ser informado, muitas vezes em primeira mão sobre os negócios que se vão fazendo na Região, mas também com artigos sobre a economia e as finanças e muito úteis para os leitores. Nesta característica importa também mencionar que esta inovação presta um elevado serviço público aos açorianos que residem cá, mas também aos que vivem nos países da diáspora e mesmo no resto do mundo, através da distribuição gratuita do jornal via internet para centenas e centenas de leitores, este é um serviço que leva longe as notícias e o pensamento pluralista dos Açores.
O Correio dos Açores, infelizmente, festeja os seus 100 anos de vida num tempo de chumbo ditado pela pandemia à escala mundial do Covid 19, um vírus que paralisou o mundo, pondo em causa os alicerces da vida, da saúde, da economia, das relações internacionais, e mesmo das liberdades individuais e coletivas tal como a conhecíamos e vivíamos antes desta ameaça, que não escolhe sexo, idade, raça, continente e estatuto social.
É da história que em fases de crise e pandemia o Estado Central tende a acentuar o seu pendor centralista, como aconteceu e está acontecer com a recusa do pedido do encerramento dos aeroportos dos açores e da madeira, para uma melhor defesa dos residentes nestas Regiões Autónomas, uma vez que é sabido que a entrada do Coronavírus chegou cá através de passageiros de avião infetados. O argumento utilizado pelo poder central é que era e é preciso defender o princípio da continuidade territorial e do Estado Unitário. Em coerência sempre defendi que o Estado Central estava obrigado a assegurar o princípio da continuidade territorial em relação às Regiões Autónomas para corrigir o afastamento físico que temos em relação ao Continente, agravado pela nossa dispersão territorial por diversas ilhas, o que agrava sobre maneira o custo de vida dos residentes nos Açores. Esta realidade ficou conhecida e bem como os custos da Insularidade. Acresce que quando tive a Honra de representar os Açores no primeiro Grupo de Trabalho que esteve na base da Primeira Lei das Finanças das Regiões Autónomas, que a par da Constituição e do Estatuto Político e Administrativo dos Açores, são os principais pilares da atual Autonomia Democrática, sempre defendi que a solidariedade devia funcionar nos dois sentidos, do Continente para os Açores e dos Açores para o Continente, e este princípio ficou consagrado nesta Lei de Finanças das Regiões Autónomas dos Açores. Em síntese, continuo a não perceber porque se evocou o princípio da continuidade territorial numa situação de pandemia e crise grave da saúde pública, ignorando a solidariedade que era devida nesta pandemia. Quando se sabe, que este pedido razoável e acertado do Presidente do Governo dos Açores não conduzia a um isolamento total dos Açores.
Aproveito esta oportunidade do Aniversário do Correio dos Açores para retomar este tema do Centralismo em oposição à Autonomia Democrática porque ele está e sempre esteve presente no ADN do Correio dos Açores.
Termino referindo que não é fácil manter nos dias de hoje um Jornal como o Correio dos Açores, a que acrescem outras publicações do Grupo, como sejam mais 2 jornais, uma revista e ainda uma editora que presta um serviço relevante aos Açores, pois se não fosse a Gráfica Açoreana, Lda, muitos livros não teriam sido publicados, privando assim os leitores de muitas histórias e de conhecimento. Por tudo isto, é importante nesta batalha desigual, conquistar mais leitores, mais anunciantes e um enquadramento de apoio público consentâneo com o serviço público que os jornais prestam ao conhecimento e à liberdade.
Gualter Furtado, 1 de Maio de 2020
Sem comentários:
Enviar um comentário