EQUIPA DE GARÇONS DE MESA POVOACENSES MANTÉM-SE COESA E MANTÉM UM SERVIÇO AGRADÁVEL E DE QUALIDADE

Foto de: Um Olhar Povoacense | José Amaral

Foi no ano de 2007 que começou a formar-se a equipa de garçons de mesa/bar liderada pelo Povoacense José Manuel Vieira Amaral, com a finalidade de servir casamentos, batizados, comunhões, eventos sociais etc.… 

José Amaral, homem conhecedor desta área comercial e com larga experiência neste tipo de serviço, conseguiu estimular amigos com quem já tinha trabalhado nesta área para formarem uma equipa de garçons de mesa/bar. Colmatar a falta deste tipo de serviço no concelho da Povoação foi sempre a sua ideia. Este, é um trabalho realizado em part-time, não sendo a principal atividade do grupo de homens e mulheres que servem à mesa em ocasiões especiais. É na Quinta da Madeira Velha, sita Lomba do Loução, que podemos encontrar com maior frequência e regularidade esta dedicada equipa de empregados de mesa a trabalhar, sendo a destacar a sua atenção ao cliente, a boa apresentação, o pensamento criativo, a capacidade de resolução de problemas, o conhecimento de línguas, a capacidade de comunicação e escuta, a gestão do tempo, entre muitas outras qualidades que cada elemento desta equipa possui. 

A equipa de empregados de mesa já conta com 17 anos de dedicado trabalho e profissionalismo que lhes são reconhecidos, e fomos ao seu encontro para saber um pouco mais sobre o exercício das suas funções. 

Foto de: Um Olhar Povoacense | José Amaral, Aristides D'Amaral e Nelson Amaral

Um Olhar Povoacense – Como surgiu o seu gosto pelo serviço de mesa/bar? 

José Manuel Amaral – Estive nas Bermudas numa terra turística aonde se vê e aprende muito, assim comecei a ter gosto por esta área. Trabalhei no restaurante Toronto à noite durante 4 anos.

U.O.P. – Que perfil deve ter um empregado de mesa/bar?

J.M.A. – em primeiro lugar tem de gostar do que faz e, assim sendo, tudo é mais fácil para manter uma postura agradável e descontraída ao cliente. Deve sempre manter o respeito com cliente, bem como saber escutar para poder argumentar com eficiência. Atualmente é essencial o conhecimento de línguas e de colocar em prática esse requisito, até porque grande parte dos turistas que nos visitam falam o inglês. Deve um empregado de mesa/bar apresentar uma cara alegre e sorridente ao cliente, mantendo a boa disposição, mesmo que esteja num dia não. Acima de tudo deve ser disciplinado e criativo.  

U.O.P. – Acha que atualmente é fácil encontrar pessoal qualificado para desempenhar as funções de empregado de mesa/bar na Povoação?

J.M.A. - Não!  Mas, isto também advém de alguma forma dos empresários que exercem este ramo de trabalho. Asseguro-lhe que este trabalho não é bem pago pela maioria dos patrões do nosso Concelho, sendo uma profissão que requer muitas horas de dedicação, logo, se não é bem remunerado, o interesse pelo ramo é muito pouco. Vemos pelo nosso concelho empregados de mesa/bar sem qualificação ou com qualificação deficitária. Se os salários fossem atrativos, certamente que haveria pessoas a interessarem-se por formar-se com empenho e dedicação nesta área de trabalho, até porque mercado existe, o que não existe é compensação remuneratória condizente com a profissão que se desempenha.    

U.O.P. – Alguma vez pensou em abrir um espaço na área da restauração? Se sim, porque não seguiu em frente?

J.M.A. – Sim! Quando regressei das Bermudas, havia um edifício que foi construído pela Câmara Municipal da Povoação inativo e, apresentei o meu projeto para dar vida ao mesmo, projeto este que infelizmente não foi aceite. Preferiram dar a conceção do espaço a pessoas que já tinham o seu próprio negócio na área da restauração. Foi a preferência Camarária na altura. Não tiveram em consideração em dar uma oportunidade a um jovem investidor com largo conhecimento na área da restauração, com ideias inovadoras e, acima de tudo, muita vontade de oferecer aos Povoacenses e quem nos visita qualidade e requinte no bem servir. Para além desta, houve mais duas tentativas que acabaram por não se realizar por falta de sorte.

U.O.P. – Quais as principais dificuldades que envolvem este tipo de serviço?

J.M.A. – Como já mencionei acima, é um trabalho executado na maioria das vezes com um horário alargado, não reconhecido e mal pago pelos patrões.

U.O.P. – Ações de formação na área da restauração no concelho da Povoação. O que acha sobre isso?

J.M.A. – A Escola Profissional da Povoação ministrou alguns cursos na área da restauração, formou alguns Povoacenses. Destes, quantos estão a pôr em prática aquilo que aprenderam?  Mas, continuo a achar que o que se faz para formar nesta especifica e importante área é insuficiente. Necessitamos de ter muita mais gente formada, bem formada, não sendo com cursos de curta duração que se conseguem bons profissionais, não sendo por obrigação que se consegue adquirir um bom profissional. Obrigar pessoas desempregadas e inscritas no Centro de Emprego a obter formação nesta área é completamente errado!  

U.O.P – Acha que o trabalho que a vossa equipa presta é bem remunerado?

J.M.A. – Neste momento a nossa equipa de trabalho não se pode queixar, mas podia ser mais bem remunerada pela qualidade de serviço que prestamos. 

U.O.P. – Qual ou quais o momento que mais destacaria no decorrer destes anos de servir os outros?

J.M.A. – O saudável convívio com as pessoas que integram a nossa equipa de trabalho, o bom entendimento e relacionamento com os nossos patrões, o reconhecimento do nosso trabalho por parte dos inúmeros clientes que servimos ao longo destes anos. 

U.O.P. – A vossa equipa é mais conhecida pelo serviço prestado da Quinta da Madeira Velha. Também, vão servir a outros locais? Que tipo de serviço desenvolvem?

J.M.A. – Sim é verdade! A Quinta da Madeira Velha é o local de referência do nosso trabalho nestes últimos 17 anos, mas também no decorrer destes anos fizemos vários serviços de catering, inaugurações de empresas, batizados, eventos comemorativos, aniversários, etc…, não só no nosso Concelho, mas também pela nossa ilha fora. 

U.O.P. – Qual a situação mais agradável que tiveram em serviço. E o mais desagradável?

J.M.A. – A situação mais agradável e como não poderia deixar de ser, é aquela ou aquelas em que reconhecem o nosso trabalho de forma justa, pois dá-nos uma enorme satisfação e alento em prosseguir a nossa missão de bem servir. A mais desagradável, é aquela ou aquelas em que as pessoas acabam por não respeitar o local onde estão, acabando por desmotivar quem empenhadamente está a dar tudo para os bem servir.

U.O.P. – Nos dias que correm como incentivar um jovem a desempenhar com requinte e bom gosto o vosso trabalho?

J.M.A – Primeiramente o jovem tem de saber que quer mesmo ingressar neste ramo, seguidamente temos de saber orientar o jovem, quer seja homem ou mulher, num clima calmo, sereno e sem pressões. Devemos criticar de forma positiva e incutir-lhes o gosto pela organização. Toda a equipa deve sempre apoiar e acarinhar um novo elemento para que se sinta minimamente confortável a desempenhar as suas funções. Assim sendo, poderemos vir a ganhar um bom profissional.   

U.O.P. – Com o turismo cada vez mais a crescer na nossa ilha, acha ser importante formarem-se mais equipas como a vossa?

J.M.A. – Sem dúvida! É mesmo urgente!

U.O.P. – Que conselhos deixaria a quem pretenda ingressar na vossa equipa de trabalho?

J.M.A. – Essencialmente que queira trabalhar, que esteja motivado(a), que aceite a critica positivamente, que tenha gosto nesta profissão de bem servir, que seja humilde, que saiba ouvir, que seja persistente. 

U.O.P. – A finalizar gostaria de acrescentar algo mais?

J.M.A. – Aproveito esta oportunidade que o blogue “Um Olhar Povoacense” está a dar, para agradecer a todas as pessoas com as quais tenho convivido e trabalhado no decorrer destes anos. Os anos foram passando, mas toda a equipa estabeleceu uma relação de trabalho e amizade coesa, não só entre nós grupo responsável pelo serviço às mesas/bar, mas com toda a equipa envolvente e com os patrões. 

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