O Jornal Correio
dos Açores de Domingo, 14 de Junho de 2015, na rubrica “Os Nossos Talentos” da
autoria do Dr. António Pedro Costa, desta feita, foi ao encontro do povoacense
Paulo Jorge Correia Furtado, entrevista que reproduzimos na integra:
Paulo
Jorge Correia Furtado é um jovem talento da Povoação que cresceu envolto na
música, já que o seu pai, Jorge Furtado, membro do famoso grupo musical 4+1 lhe
repassou os genes musicais. Foi vencedor da Gala Regional dos Pequenos Cantores
Caravela D’Ouro pela primeira em 1985, tinha então 4 anos de idade, em 1987 com
6 anos de idade volta a concorrer e ganha novamente o primeiro lugar, desta
feita, participa na IX Gala Internacional dos Pequenos Cantores da Figueira da
Foz vencendo também o primeiro lugar, que lhe deu o direito a participar na
internacional Gala Sequim d’Ouro em Itália. Trata-se de um jovem muito activo
no concelho da Povoação e um compositor de letras e músicas nato, gosta
particularmente de tocar piano, mas também toca qualquer instrumento de cordas.
Correio
dos Açores – Desde criança que começaste a cantar,
conta-nos como aconteceu.
Paulo Jorge Furtado
–
Em 1984, comecei a cantar com o meu pai, tinha apenas a idade de 3 anos. No ano
seguinte, em 1985, concorri ao festival da Canção Caravela D’Ouro da Povoação
com a música “gosto de cantar”, sendo a letra feita por meu pai e a música de
Laurindo Araújo, tendo ganho aquela edição do festival.
No
ano seguinte, 1986, novamente concorri com a música “O meu gatinho farrusco”,
novamente ganhei, a melhor letra para criança, melhor música e melhor
interpretação, o que me possibilitou concorrer à Gala Internacional dos
Pequenos Cantores da Figueira da Foz, onde participaram crianças de vários
países como Espanha, França, Itália, Suécia, Finlândia, Macau, Moçambique, S.
Tomé e Príncipe e claro Açores. Concorri com dois temas, “Gosto da escola” e “No
reino das abelhas”, ambas da autoria do maestro Victor Rodrigues, natural das
Furnas, e ganhei o 1º lugar, com a melhor interpretação do tema “Gosto da
escola”, fazendo com que eu pudesse ir ao famoso concurso de música infantil, o
festival Sequim D’Ouro, em Itália. Por razões que ainda hoje desconheço, não
participei e assim Portugal não concorreu na edição daquele ano.
Representei
Portugal nas Comunidades Portuguesas na igreja de São Salvador do Mundo em
Mississauga, Canadá, no 1º show de talento infantil, onde participaram várias
crianças vindas de todo o mundo, nomeadamente França, Itália e Moçambique. Um
ano mais tarde representei novamente, mas em Ontário. Mas não parei por aí...
continuei a cantar com o meu pai, nas suas actuações nos 4+1, onde cantava
todos os temas que tinha cantado antes, mais alguns que ele compusera. Dois
anos mais tarde, o meu pai formou um trio, composto por ele, por mim e meu
irmão.
C.A. – Qual foi o teu primeiro instrumento?
P.F. - Quando tinha 10
anos ofereceram-me um piano, ganhando muito interesse em aprender a tocar, pelo
que os meus pais decidiram colocar-me em aulas privadas. Mas as aulas só
«duraram 4 meses e tive que explorar o instrumento pelos meus próprios meios.
C.A. – Como prosseguiu a tua ligação à música?
P.F. – Aos doze anos eu
entrei para o grupo coral de Nossa Senhora Mãe de Deus, onde cantávamos
regularmente todos os Domingos e nas principais festas, como no Corpo de Deus,
Natal, Páscoa e Nossa senhora Mãe de Deus.
Permaneço
ainda lá até aos dias de hoje. Também integrei a Tuna Povoacense, sob a tutela
de Daniel Leite, aproveitando para aprender a tocar bandolim, instrumento que
desconhecia por completo na altura.
Na
altura, tivemos várias actuações com a tuna, nomeadamente, festas populares,
religiosas, festivais da juventude e tocámos também no Natal dos Hospitais, no
Teatro Micaelense, em 1996 e participamos numa festa de comunidade portuguesa,
em Fall River, EUA em 1993. Depois de alguns anos a tocar, em 2003, Daniel
Leite decidiu terminar a Tuna e fizemos o nosso último concerto na Povoação. No
entanto, por ocasião do 90º aniversário do Sr. Daniel, alguns dos antigos
membros da tuna juntaram-se para fazer-lhe uma homenagem. Alguns membros desta
tuna estão a pensar em continuar com a tuna.
C.A. – Como aparece os New Generation?
P.F. – Esta banda de
garagem foi formada com os meus primos, todos eles filhos dos 4+1, banda a que
pertenceu meu pai. Tocamos em vários sítios, nomeadamente Ribeira Grande, nas
festas de Santana, na Ribeira Quente, Ponta Delgada, Lagoa, Rabo de Peixe, Vila
Franca, Povoação e muitos mais. Tocámos também em 4 anos consecutivos no famoso
Carnaval «Verde e Amarelo» da Povoação, tornando-nos na banda residente,
durante a nossa existência. Tentamos gravar originais, mas foi pena porque
quando estávamos a concretizar este sonho, cada primo teve de se separar por
causa do trabalho.
C.A. – Também passaste pela Academia Musical e
pela Orquestra Ligeira da Povoação. Como aconteceu?
P.F. – Entrei para a
Academia Musical da Povoação, na tentativa de acabar o curso de piano, mas
fiquei só com o 4º nível, entrando também para o curso de violino, atingindo o
nível 2. Depois fui convidado pelo maestro Chris Alexander para fazer parte da
Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação, tocando guitarra, onde
permaneci durante 2 anos. De seguida fui convidado para tocar piano na mesma
orquestra, agora sob a batuta de Laurindo Araújo, o mesmo compositor das minhas
músicas quando era criança, tendo por lá permanecido até hoje, onde sou músico
com a função de pianista. Com esta orquestra já tocámos em várias festas populares,
religiosas, eventos sociais, eventos culturais, concursos, e festivais. Já
viajámos 4 vezes para as ilhas, sendo 2 delas para o Faial tocando na Semana do
Mar, uma para a Terceira, tocando nas festas da Praia e o ano passado para a
ilha das Flores nas festas do Cais. Fomos convidados este ano para tocarmos nas
comunidades portuguesas nos EUA. A orquestra, todos anos, toca no conhecido Festival
infantil Caravela D’Ouro, na Povoação, onde coincidentemente comecei por
tocar... foi talvez o destino.
C.A. – Fala-nos agora do Quarteto a Academia e do
Conjunto Oceanus por onde também passaste.
P.F. – Fui convidado a
integrar o quarteto, formado por bateria, baixo, piano e saxofone e onde iríamos
tocar em todas as festas religiosas, populares, casamentos, concursos, bares,
noites e eventos sociais. Também actuamos num evento que se realizou no Teatro
Micaelense para emigrantes do Canadá. Actualmente ainda toco neste quarteto.
Mais
tarde, eu fui convidado para entrar no conjunto Oceanus e fui destacado para
entrar como pianista. Lá fomos mais longe, onde actuamos em várias festas,
nomeadamente em casamentos, festas populares, festas religiosas, festivais de
juventude, passagens de ano, 4 reveillons consecutivos no coliseu de Ponta
Delgada, entre 2012 e 2015, tocamos muitas vezes em bares de Ponta Delgada,
entre eles o bar da Baía dos Anjos, Dinus Bar, o Fair Play, e tocamos também
num evento de concerto de caridade efectuado em Ponta Delgada. Fomos uma vez ao
Pico, às festas de S. João onde tocamos cerca de 5 horas seguidas. Em santa
Maria fomos às festas de Almagreira, 3 anos, e recentemente fomos ao Asas do
Atlântico aquando do seu aniversário, os seus 68 anos, bem como no Carnaval
2015. Actualmente ainda toco nos Oceanus.
C.A. – Como homem da música que outros projectos
integraste?
P.F. – Sim, tenho
outros projectos musicais, tais como um duo com o primo, ao qual intitulei de
“the cousins duo”, onde já participamos em algumas festas religiosas e alguns
natais... Já fiz cerca de 10 marchas de S. João, para as festas na Lomba do
Loução e também fiz uma marcha alusiva ao 50º aniversário da Escola
Profissional Monsenhor João Maurício de Amaral Ferreira. Já compus 5 músicas
para o festival infantil Caravela D’Ouro, onde já ganhei o prémio de melhor
música, com o tema “O jogo do Rodrigo”.
Toco
no grupo infanto-juvenil de Nossa Senhora Mãe de Deus e no grupo coral de Nossa
Senhora dos Remédios e de Nossa Senhora da Graça.
Todos
os anos fazemos uma celebração da abertura das luzes, dia 8 de Dezembro, na Freguesia
de Nossa senhora dos Remédios e toco piano nesse evento.
António Pedro Costa
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