sábado, 1 de novembro de 2014

TEMPO DE “SANTOS E ALMAS”

Fazer memória é honrar a vida

Mesmo não sendo feriado este dia 1 de Novembro é um dia muito especial, porque nele se faz memória de quantos nos precederam, na vida, nos trabalhos, na fé e na Pátria, em todas as pátrias.

Fazer memória é honrar a vida e ai da geração que esquece as suas raízes porque não terá por onde receber o alimento essencial para o seu desenvolvimento e crescimento: a Cultura e os valores! Em cada olhar, em cada flor, em cada visita a um túmulo, do mais rico à mais rasa campa, há sempre o folhear de um livro de vidas que ninguém pode esquecer.

Hoje, na febre de mudanças, de renovação e de (re)invenção de formas de vida, há muito a tentação de esconder memórias dos que partiram e dos que estão há mais tempo nos caminhos da vida.

Se a tentação é esquecer e relegar para plano secundário as vozes dos antigos, como se pode fazer verdadeira memória dos que partiram?

Em cada antepassado nosso, desde o mais ilustre e preclaro, desde o mais literato e eloquente, desde o mais rico ou nobre, até ao mais humilde trabalhador, pobre e sem-abrigo, há sempre um livro aberto em páginas de lições que urge aproveitar e que ali falam no silêncio respeitoso ou na lágrima derramada com saudade. Quantas dores e sacrifícios, quantos entusiasmos e vontade de viver, quanto amor ali se mistura num pedaço de terra sem tempo porque acolhe quem deixou de fazer parte do tempo.

Fazer memória do passado é ganhar coragem para olhar o presente, porque o presente é legado que nos compete apenas administrar e que ficará para que outros possam fazer memória vindoura de nós. Do passado nos falam monumentos e tradições, casas e ruas, árvores e pedras, músicas e literatura, trabalhos e empresas. Mas este passado que encontramos em todo o lado tem alma e tem chama que neste dia primeiro de Novembro merece ser exaltado. Escrevia Agostinho de Hipona, por volta do ano quatrocentos da nossa era, que “ritos e pompas funerárias mais são consolo para os vivos do que refrigério para os mortos”. Pode a morte ser um grande negócio, mas ninguém vende nem compra a coisa mais sagrada que nestes dias se pode ter: a terna lembrança dos nossos, que não estão ao nosso lado mas que vivem dentro do nosso coração e dão força à nossa vida de cada dia.

Para quem crê, nada acabou. Há outra dimensão que se fundamenta naquele <p>Não</p><p></p><p></p><p></p><p>está aqui! Ressuscitou”.</p>

Mas mesmo para quem não vive a plenitude da Fé, há esta certeza da união cósmica entre os que partem e os que ficam, como se uns deixassem de ser do tempo para dar tempo ao tempo dos outros!

Nesta semana, apenas o desejo de um momento na vida para pensar na vida dos que nos precederam e que podemos respeitar na melhor forma que nos é permitida: em profundo silêncio!




Santos Narciso

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