quarta-feira, 20 de março de 2013

CARLOS ÁVILA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA POVOAÇÃO “ALERTAS DO CIVISA DE POUCO VALEM A QUEM TEM DE DECIDIR”


Sobre uma entrevista solicitada pelo Açoriano Oriental ao Sr. Presidente da Câmara

Todas as  perguntas relativas à prevenção baseiam-se num equívoco que de todo é, supostamente, mal provocado pelo CIVISA.

E porque assim parece ser, em primeiro lugar exige-se a investigadores universitários, especialmente na fase experimental duma investigação que se comportem com maior humildade científica.

Para que se perceba: recebi  uma mensagem, domingo último (2013-03-17), que nos informava que havia condições para ocorrerem derrocadas no Faial da Terra e em Água Retorta, de acordo com o CIVISA. Assim mesmo: o CIVISA emitiu uma informação  que abrange um território de 26 Km2! Esta 2ª feira, outro aviso igual passou a incluir as Freguesias das Furnas e da Ribeira Quente, numa área de 42Km2. Desta feita, em dois dias, o CIVISA avisava que havia perigo de derrocadas, em 68Km2 do território do Concelho da Povoação. Se o CIVISA só pode dispor desta informação, então ela não deve ser divulgada com pompa científica, pois de pouco vale a quem tem a responsabilidade, por vezes dramática, de tomar decisões.

Reconheça-se assim que este modelo de investigação do CIVISA contem informação demasiado precária para poder basear uma intervenção sustentada e credível. E acrescenta pouco ao conhecimento popular. Todos já sabíamos, refiro-me à população do Concelho da Povoação, que domingo, devido ao nosso saber de experiência feito, existiam condições propícias à ocorrência de derrocadas. Como também estávamos cientes que esta chuva contínua que dura há quase quinze dias, poderia provocar problemas. Mas onde? É esta a questão! Onde? E a esta questão o CIVISA ainda não pode responder.

Ambiciono que este modelo experimental faça rapidamente o seu percurso de conhecimento, localize e concretize melhor a eventualidade das ocorrências, porque só assim nos poderá ajudar a decidir.

Dou outro exemplo que prova bem o que digo. Aquando das derrocadas do ano transato, na entrada oeste da Vila da Povoação, foi possível, em tempo útil, decidir o imediato encerramento da via, a conselho do Dr. Paulo Amaral, pois ele dispunha de equipamento, precisamente localizado na crista daquele talude, o qual havia sinalizado a eminente ocorrência de derrocadas naquele espaço.

O modelo científico do CIVISA deve pois evoluir. E estou em crer que terá ainda um longo caminho a percorrer até que se torne fiável, mais consistente e, neste sentido, ajude mesmo à tomada das decisões. Até lá aconselho prudência e muita humildade aos senhores investigadores, ainda mais nestas situações. Todos devíamos já saber que, perante os eventos naturais, especialmente daqueles mais dramáticos, ninguém é mais que ninguém e ninguém sabe tudo.

Sobre a atuação da proteção civil municipal e regional, e tendo em conta a experiência que infelizmente já disponho de situações análogas, é meu entendimento que atuámos bem e num espaço de tempo muito breve. Os Bombeiros da Povoação e o pessoal da Câmara e da Junta de Freguesia, em conjunto com outros populares, fizeram a primeira intervenção e conseguiram salvar uma criança. E logo de seguida, a colaboração dos Bombeiros de Ponta Delgada, Vila Franca e Ribeira Grande que trabalharam muito durante toda a noite e num cenário de grande perigo para todos. Acresce o trabalho das Obras Públicas que durante toda a noite e todo o dia, muito trabalharam para que as estradas se mantivessem sempre abertas. E o trabalho do Ambiente, na limpeza imediata de grotas que perdurou no sábado e domingo e ainda continua. Relevo também o papel desempenhado pelo IDSA iniciado junto das famílias logo após a catástrofe. Intervenção esta que, conjuntamente com a Direção da Habitação, não mais foi interrompido.

Acho que todos trabalharam muito, com coordenação exemplar, num cenário extremamente difícil.

Relevo ainda a presença do Senhor Presidente do Governo que nos auxiliou e, verdadeiramente exerceu uma coordenação muito responsável durante toda a noite e até à interrupção dos trabalhos, na manha do dia seguinte.

O Presidente da Câmara Municipal,

Carlos Ávila

Povoação, dia 20 de março de 2013

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