Sobre
uma entrevista solicitada pelo Açoriano Oriental ao Sr. Presidente da Câmara
Todas
as perguntas relativas à prevenção
baseiam-se num equívoco que de todo é, supostamente, mal provocado pelo CIVISA.
E
porque assim parece ser, em primeiro lugar exige-se a investigadores
universitários, especialmente na fase experimental duma investigação que se
comportem com maior humildade científica.
Para
que se perceba: recebi uma mensagem,
domingo último (2013-03-17), que nos informava que havia condições para
ocorrerem derrocadas no Faial da Terra e em Água Retorta, de acordo com o
CIVISA. Assim mesmo: o CIVISA emitiu uma informação que abrange um território de 26 Km2! Esta 2ª
feira, outro aviso igual passou a incluir as Freguesias das Furnas e da Ribeira
Quente, numa área de 42Km2. Desta feita, em dois dias, o CIVISA avisava que
havia perigo de derrocadas, em 68Km2 do território do Concelho da Povoação. Se
o CIVISA só pode dispor desta informação, então ela não deve ser divulgada com
pompa científica, pois de pouco vale a quem tem a responsabilidade, por vezes
dramática, de tomar decisões.
Reconheça-se
assim que este modelo de investigação do CIVISA contem informação demasiado
precária para poder basear uma intervenção sustentada e credível. E acrescenta
pouco ao conhecimento popular. Todos já sabíamos, refiro-me à população do
Concelho da Povoação, que domingo, devido ao nosso saber de experiência feito, existiam
condições propícias à ocorrência de derrocadas. Como também estávamos cientes
que esta chuva contínua que dura há quase quinze dias, poderia provocar problemas.
Mas onde? É esta a questão! Onde? E a esta questão o CIVISA ainda não pode
responder.
Ambiciono
que este modelo experimental faça rapidamente o seu percurso de conhecimento,
localize e concretize melhor a eventualidade das ocorrências, porque só assim
nos poderá ajudar a decidir.
Dou
outro exemplo que prova bem o que digo. Aquando das derrocadas do ano transato,
na entrada oeste da Vila da Povoação, foi possível, em tempo útil, decidir o
imediato encerramento da via, a conselho do Dr. Paulo Amaral, pois ele dispunha
de equipamento, precisamente localizado na crista daquele talude, o qual havia
sinalizado a eminente ocorrência de derrocadas naquele espaço.
O
modelo científico do CIVISA deve pois evoluir. E estou em crer que terá ainda
um longo caminho a percorrer até que se torne fiável, mais consistente e, neste
sentido, ajude mesmo à tomada das decisões. Até lá aconselho prudência e muita
humildade aos senhores investigadores, ainda mais nestas situações. Todos devíamos
já saber que, perante os eventos naturais, especialmente daqueles mais
dramáticos, ninguém é mais que ninguém e ninguém sabe tudo.
Sobre
a atuação da proteção civil municipal e regional, e tendo em conta a
experiência que infelizmente já disponho de situações análogas, é meu
entendimento que atuámos bem e num espaço de tempo muito breve. Os Bombeiros da
Povoação e o pessoal da Câmara e da Junta de Freguesia, em conjunto com outros
populares, fizeram a primeira intervenção e conseguiram salvar uma criança. E
logo de seguida, a colaboração dos Bombeiros de Ponta Delgada, Vila Franca e
Ribeira Grande que trabalharam muito durante toda a noite e num cenário de
grande perigo para todos. Acresce o trabalho das Obras Públicas que durante
toda a noite e todo o dia, muito trabalharam para que as estradas se
mantivessem sempre abertas. E o trabalho do Ambiente, na limpeza imediata de
grotas que perdurou no sábado e domingo e ainda continua. Relevo também o papel
desempenhado pelo IDSA iniciado junto das famílias logo após a catástrofe. Intervenção
esta que, conjuntamente com a Direção da Habitação, não mais foi interrompido.
Acho
que todos trabalharam muito, com coordenação exemplar, num cenário extremamente
difícil.
Relevo
ainda a presença do Senhor Presidente do Governo que nos auxiliou e, verdadeiramente
exerceu uma coordenação muito responsável durante toda a noite e até à
interrupção dos trabalhos, na manha do dia seguinte.
O
Presidente da Câmara Municipal,
Carlos
Ávila
Povoação,
dia 20 de março de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário