domingo, 23 de outubro de 2022

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA JUVENTUDE SOCIALISTA DA POVOAÇÃO

Miguel Pimenta

Miguel Moniz Pimenta, 26 anos de idade, natural da freguesia de Furnas, Concelho da Povoação, possui mestrado em Medicina Dentária pelo Instituto Universitário Egas Moniz, e atualmente exerce a profissão de Médico Dentista no setor público e privado.


Foi eleito Secretário Coordenador da Juventude Socialista da Povoação a 27 de dezembro de 2021.


Um Olhar Povoacense - Como surge o interesse do Miguel pela política?


Miguel Pimenta – Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Um Olhar Povoacense, que apresenta um papel preponderante, através dos seus meios, na difusão de informação alusiva ao nosso Concelho, por proporcionar esta entrevista e dar voz aos nossos jovens.


De forma objetiva e indo ao encontro da questão, pretendo salientar que o meu interesse pela política surge de uma forma algo peculiar. Em 2004, com a adesão de 10 novos países à União Europeia (UE), naquele que é, até à data, o maior alargamento, o meu pai oferece-me uma caderneta que contém informações alusivas a cada Estado-Membro da UE. Nesta era possível encontrar informações como capital, moeda, data de adesão, população, chefe de governo, entre outras. A partir desse momento, entro numa espiral de demanda por informação e a questionar o porquê das diferentes datas de adesão e moeda, até dar de frente com a política propriamente dita.


U.O.P - Quais são as suas ambições na política? Pretende fazer uma carreira na política?


M.P. – De encontro à primeira questão, olho para a participação política como um exercício de cidadania. Desta forma, diria que no lugar de ambições na política procuro sim, ter ambições em políticas progressistas, ecologistas e de esquerda. No que concerne à carreira política vou recorrer a uma citação de um Nobel da Literatura, José Saramago, “Se tiver de ser, será, e se não tiver de ser, não será”.


U.O.P - O que destaca destes 10 meses de mandato?


M.P. – Desde a primeira Assembleia Geral de Concelhia que, de forma perentória, delineamos o nosso plano de atividades. Apesar de estarmos a falar de um período temporal curto creio que é possível constatar um aumento considerável da participação política por parte dos jovens desta estrutura concelhia. Desde o primeiro instante, que uma das principais preocupações reside em proporcionar momentos de intervenção por parte dos militantes. De forma a gerar estas circunstâncias, iniciamos uma rubrica designada de “Cá P’ra Mim”, um espaço dedicado a artigos de opinião redigidos pelos militantes da Juventude Socialista da Povoação. Neste já abordamos temas como legalização das drogas leves, infodemia, futuro profissional e depressão. Além disso, iniciamos uma série de atividades dedicadas aos jovens tais como, “No Meio da Natureza”, um evento no qual foi possível percorrer o trilho do Sanguinho e em simultâneo fazer geocaching e dar a conhecer o trabalho que tem sido feito pela Juventude Socialista. Ainda na vertente desportiva organizamos, recentemente, um torneio de futsal. Do ponto de vista ecológico foi ainda possível protagonizar uma ação dedicada ao Plogging que consiste em fazer jogging e efetuar em simultâneo a recolha de lixo. De forma a conhecer mais sobre as instituições que residem no nosso concelho, fizemos já diversas reuniões e oferecemos a nossa disponibilidade para ajudar em futuros eventos das mesmas. Para originar a troca de ideias estivemos também presentes em diversas iniciativas da Juventude Socialista de São Miguel e Açores, bem como do Partido Socialista.


U.O.P - Como é o Miguel Pimenta? Dá sempre a sua opinião perante o Partido Socialista da Povoação, fazendo com que as suas ideias sejam ouvidas?


M.P. – O contacto entre a Juventude Socialista da Povoação e o Partido Socialista da Povoação ocorre num fluxo bidirecional, o que por si só demonstra a atividade da JS Povoação e a preocupação do PS Povoação nas questões que afetam a nossa geração.


U.O.P. - Que balanço faz do mandato de gestão autárquica do presidente Pedro Nuno Melo?


M.P. – Desde a entrada do executivo do Partido Socialista na Câmara Municipal da Povoação, que através de uma gestão refletida aglutinada à responsabilidade, foi possível atingir, mais especificamente devolver, a estabilidade financeira. Além disso, é ainda possível constatar um crescente aumento no valor e percentagem no orçamento dedicado ao investimento. Sendo assim, com a simbiose mencionada, não restam dúvidas de que faço um balanço muito positivo desta gestão autárquica.


U.O.P - No seu entender quais são os pontos fortes e os pontos fracos do nosso concelho?


M.P. - Pontos fortes? Acho que podemos começar logo por aquilo que uma mítica frase representa “O Mais Lindo Dos Açores”. No nosso concelho é possível constatar uma panóplia de riquezas naturais que proporcionam a vontade de investimento e dar projeção externa, que tanto merecemos. Relativamente ao restante, considero que por ser um local tão apetecível provoque a pretensão de diversos indivíduos em aqui ter habitação levando ao aumento dos preços do arrendamento e compra.


U.O.P - Caso fosse agora presidente da Câmara Municipal da Povoação que mudanças iria implementar? Qual seria a sua primeira medida?


M.P. – A adesão à Rede Nacional de Municípios Amigos da Juventude. A integração a esta rede permite uma maior proximidade dos jovens povoacenses com o seu município.


U.O.P. - Acha que os cidadãos têm motivos para acreditar com confiança na classe política ou acha que esta está descredibilizada? Se acha que está descredibilizada na sua opinião como dar a volta a isto?


M.P. – De forma concreta e generalizada não creio que exista uma descredibilização, mas sim uma elevada desconexão entre o interesse e a vontade de participação política, especialmente nos jovens. Olho para este afastamento como proporcionado não pela procura, mas sim pelo lado da oferta (partidos políticos). A fraca mobilização e motivação dos partidos em relação aos jovens. Esta situação pode ser verificada com a diminuição através de canais de participação, como é o voto. Existe a necessidade de envolver os jovens nas decisões de mobilização de novas gerações de forma mais aberta. Além disso, existem dois pontos cruciais a cumprir pelos partidos políticos: a) alteração das estratégias de comunicação; b) aumentar o conhecimento e formação política.


U.O.P. - Que mensagem gostaria de deixar a todos os jovens do concelho da Povoação?


M.P. - A importância de valorizar a participação e intervenção social por parte dos jovens é reconhecida, mas apesar do interesse dos jovens, o mecanismo de intervenção encontra-se desfasado do seu estilo de vida. Sendo a nossa geração, rotulada, por diversas vezes, da mais capacitada, temos de alterar o paradigma e ser incluídos nos fatores de decisão política. Os assuntos nucleares, os vossos anseios e preocupações devem ser debatidos, sem receios, sem medo de represálias. Projetem a vossa voz.

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