segunda-feira, 28 de março de 2022

UMA VIAGEM! AQUELAS LONGAS SEM BILHETE DE REGRESSO...

Foto de: João Costa Bril

O dia 7 de outubro de 1976, um grupo de 10 jovens açorianos, parte do Arquipélago dos Açores, em especial do aeroporto conhecido anteriormente por Aeroporto de Ponta Delgada ou popularmente conhecido como Aeroporto de Nordela, localizado na freguesia de Relva, Concelho de Ponta Delgada. Atualmente a sua denominação é uma homenagem à passagem do Papa João Paulo II, aquando de sua passagem pelos Açores em 11 de Maio de 1991, por isso o Aeroporto é conhecido popularmente por Papa João Paulo II, seu nome verdadeiro.


Esses jovens provenientes das outras Ilhas, sendo 5 da Ilha Terceira, 2 de Santa Maria e 3 de São Miguel, partem para a Ilha da Madeira numa transportadora da TAP – boeing 727, rumo ao Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus, sito ao Caminho do Monte, Cidade do Funchal.

Chegados á Ilha da Madeira, por volta das 21 horas do mesmo dia ao aeroporto de Santa Cruz naquela Ilha, estavam á espera do grupo de jovens Açorianos, futuros seminaristas, um veículo daquele colégio, a fim de nos transportar ao mesmo.

O Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus (SCJ) integra a obra do padre João Leão Dehon, nascido em Março de 1843, em La Capelle, França, e fundador da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, em 1878.


Nos anos seguintes a Congregação estendeu-se a Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto. Mais recentemente para o Algarve e Açores.


Falando dos jovens açorianos e agora em especial um micaelense de nome Dionísio Remígio da Freguesia da Maia, Concelho de Ribeira grande, e em abono de verdade se diga, embora não nos via-mos constantemente, mas até agora mantinha-mos um profunda ligação de amizade desde os primórdios 15 anos aproximadamente.

Foto de: João Costa Bril

Quem foi o Jovem Dionísio Remígio na década de 76/77, do qual partilhei dos mesmos ideais?

Em minha opinião, foi um jovem que hoje em dia, é raríssimo no nosso meio que nos rodeia encontrar jovens bons propriamente falando como o caso do Dionísio, porque ser jovem hoje em dia é muito diferente do que era ser jovem na época dos nossos pais e avós, e em especial na década de 1970. O mundo de hoje, ou o meio que nos rodeia, é mais rápido, é mais tecnológico, é todo digital, Já não sabemos da vida do amigo ao nosso lado, da vizinha ou outra pessoa qualquer. O meu bom e grande amigo Dionísio, era um jovem simples, um jovem carinhoso, meigo e humilde, um verdadeiro ser humano…um jovem sem modernices, sem preconceitos. Um jovem talentoso e acarinhado por todos ou quase todos os seminaristas e mesmo até os Senhores Padres, em especial pelas várias modalidades desportivas que praticava…todos, mesmo todos quantos privavam com ele, ou seja, os seminaristas ficavam abismados (termo popular usado na época), pela postura dele no desporto.


Há ainda um relato de um seminarista penso que o nome será Egídio, o qual desabafa o seguinte: “Incrível, ele sabe jogar de tudo”, referindo-se ao Dionísio.


Hoje, dia 27 de março de 2017, nem queria acreditar quando abriu o computador e encaro-me com a foto do meu bom amigo junto de sua filha Ana Remígio com as seguinte palavras proferidas pela mesma: “E uma parte de mim partiu! Eras e és o meu orgulho pai... Nunca pensei que partisses tão cedo... Espero que olhes por mim! És a minha estrela favorita!


Amo-te pai, olha por nós”…


A vida é assim mesmo por mais que não gostamos, uma coisa temos a certeza, vamos todos fazer a grande viagem rumo ao desconhecido, sem bilhete de regresso e por mais duro que seja, precisamos nos acostumar com a ideia de que somos passageiros nesta vida e que o nosso destino final não é aqui. Infelizmente, também não sabemos em qual estação devemos descer e nem em qual estação devemos nos despedir das pessoas que amamos. 

Foto de: João Costa Bril

Há gente muito querida que desce muito antes do imaginado... pensávamos nós que ainda teríamos muitos e muitos quilómetros pela frente. Sim, para alguns de nós a viagem é mais curta, mas não significa que seja menos intensa e importante. 


Quantas pessoas passam pela nossa vida rapidamente e deixam tão valiosas lições? Mas a vida é assim, e nós seguimos viagem olhando para trás até a paisagem mudar, e ficar em nossa mente como uma fotografia bonita, que nos faz sorrir. 


O seu/nosso irmão Dionísio querido desceu inesperadamente em uma estação. Partiu sem nos dar a chance de uma despedida. Mas a verdade é que não precisamos nos despedir, pois todos nós vamos nos reencontrar nos cruzamentos da eternidade. Nós só temos os nossos caminhos desencontrados por algum tempo. 


Seguimos com a vida lembrando com carinho daqueles que já desembarcaram e pensando que um dia vamos nos reencontrar. Ore e busque paz, para o seu/nosso irmão, para e para a sua família.

Fotos de: João Costa Bril

Amiga, Ana Remígio, depois de perdermos alguém que amamos, e nesse caso concreto o seu “rico” pai há sempre uma dor forte que invade o nosso coração. Embora palavras não apaguem o sofrimento que estás sentindo, envio os meus sinceros pêsames acompanhados do desejo de que tenhas forças para enfrentar essa adversidade, bem como á sua família, em especial á tua mãe e a todas as pessoas que privavam a vida com ele.


As memórias, ao contrário da vida, não nos podem ser roubadas. É nelas que tu Ana Remígio podes encontrar motivação para continuar, não é fácil, eu sei.


Eterno descanso meu bom amigo Dioniso Remígio…abraço fraterno!


    27 de março de 2018
    João Costa Bril.


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